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Imunização em idosos: 8 vacinas que quem tem mais de 60 anos deve tomar

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Samantha Cerquetani

Colaboração para VivaBem

14/05/2021 04h00

Nunca se falou tanto em vacina quanto no último ano. No entanto, os imunizantes estão presentes na rotina de pessoas em todas as faixas etárias e são fundamentais para combater doenças, salvando milhões de vidas anualmente. No caso dos idosos, é importante manter a imunização em dia para garantir um envelhecimento ativo e saudável.

De acordo com Maurício Ventura, geriatra e presidente da SBGG-SP (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), com o envelhecimento populacional e o aumento da prevalência das doenças crônicas e degenerativas, é importante que o idoso esteja atento às vacinas indicadas de acordo com a sua faixa etária.

"É fundamental conversar com o geriatra e receber as orientações sobre a imunização para prevenir doenças e avaliar potenciais riscos da vacinação de forma individual", completa.

As doenças infecciosas quando atingem idosos podem levar à descompensação de problemas crônicos: uma gripe, por exemplo, evolui para uma pneumonia e aumenta o risco de morte em quem tem diabetes, problemas cardíacos ou pulmonares.

Os especialistas destacam que é importante manter a vacinação em dia mesmo em tempos de covid-19. "A recomendação é dar um intervalo de pelo menos 14 dias entre a vacina contra o novo coronavírus e as outras imunizações. Apesar da gravidade da covid-19, vale reforçar que toda vacina é importante e com os cuidados adequados (distanciamento social, uso de máscaras, buscar horários com menos movimento) é possível receber as vacinas em segurança e não deixar de se prevenir para outras doenças graves", destaca Mônica Levi, diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).

Vale destacar que boa parte das vacinas para idosos é oferecida gratuitamente pelo Ministério da Saúde. O esquema vacinal é o mesmo para idosos acamados —alguns postos de saúde disponibilizam profissionais que vão até o domicílio e aplicam a vacina. Para saber, ligue na UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima da sua casa e informe-se.

A seguir, veja quais vacinas são recomendadas para a população com mais de 60 anos e estão disponíveis nos postos de saúde ou apenas em clínicas particulares.

  • Gripe/Influenza

Segundo pesquisadora, os vírus da influenza que circulam no Brasil são apenas dos tipos H1N1 e H3N2 - Getty Images - Getty Images
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A doença é causada por uma infecção viral (influenza), cujos sintomas são mais respiratórios. Geralmente, dura uma semana e a pessoa apresenta febre alta, dores musculares, dor de cabeça, mal-estar intenso e coriza.

"Somente a vacina contra gripe (influenza) deve ser tomada anualmente. Isso ocorre porque existem mutações que alteram o vírus. Assim, uma vacina que foi aplicada em um determinado ano perde a sua eficácia no ano seguinte", explica Ventura.

Dessa forma, a vacinação contra influenza deve ser anual e está disponível nos postos de saúde para maiores de 55 anos, faixa etária em que formas mais graves, complicações e óbitos são mais frequentes. A vacina contém vírus inativo, por isso não causa a doença e é segura para os idosos.

Estima-se que a gripe causada pelo vírus influenza atinja entre 5% a 10% dos adultos em todo o mundo anualmente.

  • Pneumocócica (VCP13) e (VPP23)

Previne múltiplas infecções, que variam desde otite (inflamação no ouvido) até mais severas e invasivas, como pneumonia bacteriana, sepse e meningite. A pneumonia que é provocada pela bactéria pneumococo é mais comum no inverno e quando associada à gripe, fica ainda mais grave para idosos.

Em pessoas com idade a partir de 60 anos, a vacina deve ser aplicada como medida de rotina. A pneumonia pneumocócica é a causa comum de internação e morte em idosos.

A recomendação é iniciar com uma dose da VPC13 e, em seguida, tomar uma dose de VPP23 entre seis e 12 meses depois. Uma segunda dose de VPP23 deve ser aplicada após cinco anos. Essa vacina não é fornecida pelo SUS (Sistema Único de Saúde), apenas em clínicas particulares. Os Centros de Referência ao Idoso administram essas vacinas a idosos que tenham algum tipo de doença crônica.

  • Tríplice bacteriana

Imuniza contra difteria, tétano e coqueluche. Trata-se de uma vacina inativada, portanto, não tem como causar as doenças. É recomendada como reforço em adultos e idosos.

"Caso o idoso nunca tenha sido vacinado, deve receber três doses da vacina contra tétano em intervalos de 0, 2, 4 a 8 meses. Caso já tenha tomado as doses anteriormente, precisa realizar um reforço a cada 10 anos", afirma Thais Ioshimoto, geriatra do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).

Para idosos, é fornecida nos serviços privados de vacinação. No Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde há disponível a vacina dupla adulto (difteria e tétano).

  • Hepatite B

A imunização contra a hepatite B (infecção que ataca o fígado) também é indicada para os idosos. Ela está disponível no SUS. Já a vacina para hepatite A também pode ser indicada, caso o especialista ache necessário.

Importante ressaltar que na terceira idade a maioria já teve a doença do tipo A. Por isso, não é rotineira e essa vacina não está disponível na rede pública.

  • Febre amarela

Vacina contra a febre amarela - William Moreira/Futura Press/Estadão Conteúdo - William Moreira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: William Moreira/Futura Press/Estadão Conteúdo

A doença infecciosa é transmitida por um mosquito e o idoso só deve ser vacinado se tiver o risco de se expor ao vírus —em surtos da doença, por exemplo. É oferecida pelo SUS.

"Como a vacina contra a febre amarela tem mais efeitos colaterais em idosos, eles devem conversar com seu médico antes de se vacinar. Caso o especialista indique a vacinação, ela é realizada em dose única", afirma Ioshimoto.

  • Herpes zóster

Pouco conhecida da população, a doença, que é chamada popularmente de cobreiro, é causada pelo herpesvírus humano tipo 3. E é mais comum no idoso após a reativação do vírus de quem já teve catapora durante a infância. Ocorre na terceira idade devido à diminuição da imunidade ao vírus. A doença causa lesões e dores.

A vacinação é recomendada para idosos que tiveram a doença na infância e é aplicada em dose única. Mas, não é oferecida pelo SUS para a faixa etária de pessoas acima dos 60 anos que não tenham comorbidades.

  • Meningocócicas

Causada pela bactéria Neisseria meningitidis, a doença meningocócica ocasiona infecções graves como meningite. Ela é indicada apenas em casos de epidemia do problema de saúde —surtos e viagens de risco. É necessária uma dose única. Também não está disponível gratuitamente nos postos de saúde.

  • Tríplice viral

Imuniza contra sarampo, caxumba e rubéola. Apesar de não ser uma vacina rotineira para idosos, é indicada em casos de surtos das doenças. E também quando houver a suspeita de ser suscetível a essas enfermidades, ou seja, quando não desenvolveu as infecções na infância ou idade adulta e nem recebeu as doses adequadas da vacina tríplice viral.

A tríplice viral é uma vacina combinada de vírus vivo atenuado. Por isso, não é recomendada para indivíduos imunossuprimidos, como é o caso de quem realizou transplante, tem câncer ou HIV. Para idosos, é encontrada em clínicas privadas de vacinação.

Vacinas causam reações ou são perigosas para idosos?

É provável que você já tenha ouvido alguém dizer que tomar uma vacina é algo perigoso, causa doenças graves ou efeitos colaterais desagradáveis. No entanto, elas são muito mais seguras do que qualquer medicamento.

"Esse é o método mais seguro de prevenção das doenças infectocontagiosas. O idoso pode apresentar algumas reações como febres, dores no local ou indisposição, mas os benefícios da vacina superam qualquer efeito adverso, já que ela protege de algo mais grave. Não há necessidade de ter medo de se vacinar", completa Levi.

Não devem tomar a vacina quem tem alergia a algum componente do imunizante. E também é preciso adiar a vacinação no caso de febre no dia da aplicação.

A diretora da SBIm reforça que as vacinas diminuem o risco de morte e complicações. "É preciso seguir o calendário de vacinação e se orientar pelo menos uma vez por ano com um clínico-geral ou geriatra. Ainda mais nesse momento de crise, onde faltam leitos em hospitais, é preciso prevenir qualquer tipo de doença evitável", finaliza.

Referências: Calendário de Vacinação da SBIm 2020/2021 e Guia de Vacinação Geriatria - SBIm/SBGG. Revisão técnica: Mônica Levi.