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Estudo: pessoas com 105 anos ou mais têm genes que impedem danos ao DNA

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Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

11/05/2021 14h21

A ciência ainda busca muitas respostas sobre envelhecimento e, recentemente, pesquisadores da Universidade de Bolonha, na Itália, descobriram que as pessoas que vivem além de 105 anos tendem a ter uma base genética única que torna seus corpos mais eficientes na reparação de DNA.

Essa é a primeira vez que pessoas com 'longevidade extrema' têm seus genomas decodificados com tantos detalhes, fornecendo pistas de por que vivem tanto e conseguem evitar doenças relacionadas ao envelhecimento. O estudo foi publicado no dia 4 de maio de 2021 na revista eLife.

"O envelhecimento é um fator de risco comum para várias doenças e condições crônicas", disse Paolo Garagnani, professor associado do Departamento de Medicina Experimental, Diagnóstica e Especializada da Universidade de Bolonha e autor do estudo.

Os especialistas estudaram a genética de um grupo de pessoas com 105 anos para compará-los com um grupo de adultos mais jovens da mesma área na Itália, já que as pessoas nessa faixa etária mais jovem tendem a evitar muitas doenças relacionadas à idade e, portanto, representam o melhor exemplo de envelhecimento saudável.

Estudos anteriores mostraram que o reparo do DNA é um dos mecanismos que permitem uma vida útil prolongada entre as espécies.

"Nós mostramos que isso é verdade também em humanos, e os dados sugerem que a diversidade natural em pessoas que atingem as últimas décadas de vida está, em parte, ligada à variabilidade genética que dá aos semi supercentenários [entre 105 e 109 anos] a capacidade peculiar de gerenciar com eficiência os danos celulares durante seu curso de vida", diz Cristina Giuliani, uma das autoras do estudo e professora assistente sênior do Laboratório de Antropologia Molecular, Departamento de Ciências Biológicas, Geológicas e Ambientais da Universidade de Bolonha.

Como o estudo foi feito?

  • Os pesquisadores fizeram parcerias com outros grupos de estudo e recrutaram 81 semi -supercentenários e supercentenários (aqueles com 110 anos ou mais) de toda a península italiana;
  • Eles os compararam com 36 pessoas saudáveis pareadas da mesma região, que tinham uma idade média de 68 anos;
  • Depois, coletaram amostras de sangue de todos os participantes e conduziram o sequenciamento do genoma completo para procurar diferenças nos genes entre o grupo mais velho e o mais jovem;
  • Em seguida, cruzaram seus novos resultados com dados genéticos de outro estudo publicado anteriormente, que analisou 333 italianos com mais de 100 anos e 358 pessoas com cerca de 60 anos.

Quais foram os resultados?

Os pesquisadores identificaram cinco alterações genéticas comuns que eram mais frequentes nas faixas etárias entre 105 até 110 anos ou mais, entre dois genes chamados COA1 e STK17A.

Quando feito o comparativo com os dados publicados, eles encontraram as mesmas variantes em pessoas com mais de 100 anos. Dados adquiridos de análises computacionais previram que essa variabilidade genética provavelmente modula a expressão de três genes diferentes.

As alterações genéticas mais frequentemente observadas foram associadas ao aumento da atividade do gene STK17A em alguns tecidos.

Esse gene está envolvido em três áreas importantes para a saúde das células: coordenar a resposta da célula ao dano ao DNA, estimular as células danificadas a sofrer morte celular programada e gerenciar a quantidade de espécies reativas de oxigênio perigosas dentro de uma célula. Esses são processos importantes envolvidos na iniciação e no crescimento de muitas doenças, como o câncer.

As alterações genéticas mais frequentes também estão ligadas à redução da atividade do gene COA1 em alguns tecidos.

Além disso, a mesma região do genoma está ligada a uma expressão aumentada de outro gene em alguns tecidos que é importante para a saúde das células devido ao seu papel na eliminação de perigosas espécies reativas de oxigênio.

A equipe também mediu o número de mutações de ocorrência natural que as pessoas em cada faixa etária acumularam ao longo da vida, e descobriram que pessoas com mais de 105 ou 110 anos tinham uma carga muito menor de mutações em seis dos sete genes testados.

Esses indivíduos pareciam evitar o aumento relacionado à idade nas mutações disruptivas, e isso pode ter contribuído para protegê-los contra doenças cardíacas, por exemplo.

"Nossos resultados sugerem que os mecanismos de reparo do DNA e uma baixa carga de mutações em genes específicos são duas questões centrais que protegem as pessoas que atingiram a longevidade extrema de doenças relacionadas à idade", conclui Claudio Franceschi, autor sênior do estudo e professor emérito de imunologia da Universidade de Bolonha.