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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Parar de tomar remédio, como Fiuk, pode causar várias reações; veja quais

Reprodução / Globoplay
Imagem: Reprodução / Globoplay

Do Vivabem, em São Paulo

14/02/2021 14h07

Nessa semana, Fiuk foi alvo de memes após cair no choro diversas vezes no "BBB 21". Em seu perfil oficial no Facebook, a equipe do cantor publicou um esclarecimento sobre o seu quadro de saúde e repudiou os memes e piadas sobre a sua aparência e condições mentais, reforçando que elas são de "cunho extremamente desrespeitoso". A equipe ainda disse que Fiuk não está tomando as medicações necessárias para o tratamento.

"A maneira que a sociedade sente prazer em brincar com a dor do próximo é devastadora. Os transtornos psicológicos e seus estigmas jamais devem ser motivos de zombaria. No programa, ele está em evidente abstinência de medicações para a depressão e ansiedade. Isso vem afetando muito o estado psíquico dele. Como já dito pelo Fiuk, esses transtornos o deixam isolado e causam intensas crises de choro", diz um trecho da nota

Mas quais são os riscos de parar de tomar medicação?

Ao tomar um remédio psiquiátrico, ele promove mudanças neurofisiológicas as quais o cérebro se adapta. Se o paciente interrompe abruptamente o uso da medicação psiquiátrica, especialmente antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos, pode desencadear sintomas de retirada, ou síndrome de descontinuação.

Os sintomas de descontinuação mais frequentes são:

  • Tontura;
  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Dor de cabeça;
  • Sensação de cabeça vazia;
  • Sensação de andar em nuvens;
  • Calafrios;
  • Irritação;
  • Insônia;
  • Alterações de humor.

Esses sintomas podem começar de algumas horas a até 3 dias a partir da interrupção do tratamento e, frequentemente, desaparecem até a segunda semana.

Para alguns medicamentos específicos, como benzodiazepínicos e anticonvulsivantes, os sintomas de retirada podem ser ainda mais graves, com tremores, sudorese, aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, alucinações, confusão mental, crises convulsivas e até risco de morte.

Por que a medicação é necessária?

Todo tratamento psiquiátrico é único, pois varia de pessoa para pessoa e pode ser dividido em duas etapas: a primeira consiste em atingir a melhora completa dos sintomas. Não há um prazo para que esse objetivo seja concluído, mas deve ser o mais rápido possível. Frequentemente eles duram de várias semanas a alguns meses.

Assim que se atinge a melhora completa, inicia-se a segunda etapa, que tem por objetivo prevenir o reaparecimento do quadro, evitar recaída ou recorrência.

Este momento contempla medidas não medicamentosas, como psicoterapia, atividade física, cuidado com o sono e alimentação, interrupção do uso de álcool, tabaco e outras drogas, entre outras. Mas sempre que a primeira etapa tiver sido concluída com tratamento medicamentoso, os remédios devem ser mantidos durante algum tempo durante a segunda etapa.

Assim, a duração necessária do tratamento pode ser de curto prazo (alguns dias ou semanas), médio prazo (meses) ou longo prazo (anos ou por toda a vida).

Se o tratamento medicamentoso for interrompido inadvertidamente, sem planejamento, o desfecho clínico pode ser prejudicado. O risco d reaparecimento dos sintomas é grande em até 12 meses após a interrupção. Algumas vezes os sintomas retornam com maior gravidade e mais resistente ao tratamento.

Diversas razões podem levar ao abandono

Quem abandona um tratamento sempre tem uma justificativa para se apoiar. Raramente será para participar de um programa de TV, mas é comum encontrar o preconceito da família e amigos, perceber que isso vai contra a sua religião, etc. E, embora não pareça, a descontinuação do tratamento por vontade do próprio paciente é bastante comum, não somente em tratamentos psiquiátricos, mas também em doenças como hipertensão e diabetes.

Do ponto de vista médico geral, não há dúvida de que a interrupção de um tratamento sem a anuência do médico responsável é uma péssima alternativa e aumenta as chances de recaída. Mas se a pessoa ainda assim não quer continuar com o tratamento, por ter outras crenças ou prioridades, é necessário saber que o transtorno mental provavelmente vai piorar nos meses seguintes à interrupção. E é preciso fazer essa transição aos poucos para evitar os efeitos colaterais.

*Com informações da reportagem publicada em 05/03/2020.