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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Dorme com ventilador ligado e acorda mal? Saiba o que fazer para amenizar

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Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

08/02/2021 04h00

Calor insuportável e aí a solução encontrada é dormir a noite toda com o ventilador ligado, mas na manhã seguinte... Dor de garganta, coceira na pele, secura no nariz, vermelhidão ocular e mal-estar geral.

Algumas pessoas quando dormem a noite toda com o ventilador ligado podem acordar na manhã seguinte com esses sintomas, mas não necessariamente todos ao mesmo tempo. Por que isso ocorre mesmo quando está o maior calor e o uso do ventilador não é excessivo?

Marcelo Mello, otorrinolaringologista do Hospital Cema, em São Paulo, explica o motivo: "Não tem a ver necessariamente com casa suja, mas o ventilador dissipa partículas com potencial alergênico que pioram a qualidade do ar. Poeira, mofo, pelos, pólen, ácaros, fungos e até fragmentos de insetos servem de gatilho para desencadear sintomas irritativos".

Tem a ver também com resfriamento do ar e com locais fechados, complementa Juliana Toma, dermatologista pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo): "Temperaturas frias auxiliam na redução da umidade do ar, o que faz ressecar mucosas, pele e compromete a proteção contra agentes causadores de doenças. E é muito pior em ambientes sem ventilação natural".

Efeitos do vento ainda piores

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Pessoas alérgicas, com rinite, asma, bronquite e com tendência para ter dermatite atópica (doença de pele crônica e inflamatória), estão mais sujeitas aos danos causados pelo uso do ventilador. Mas não apenas elas.

Quem tem idade avançada, doenças cardíacas ou exames alterados precisa ter cuidado com choques térmicos. Pode não ser tão intenso sofrer um com ventilador, mas é possível quando se está sem roupa suficiente para a virada de temperatura.

"Mudanças térmicas bruscas não são boas para o corpo, o coração sofre muito. A transição precisa ocorrer de forma lenta e para isso não se deve ficar muito próximo do ventilador com o corpo quente, ou com ele direcionado diretamente sobre si, principalmente para as costas", adverte Marcelo Sampaio, cardiologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

De acordo com o médico, do calor para o vento frio, ocorre uma rápida vasoconstrição, seguida de um esforço circulatório e com isso a pressão arterial se altera, podendo levar a crises hipertensivas, dores no peito e arritmias. O sangue pode ficar mais espesso, favorecendo a formação de coágulos e trombos, a imunidade cai e pode se ter ainda uma desidratação.

Ar-condicionado é melhor?

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Não há consenso médico. Ambos os aparelhos suspendem o que está no chão e precisam de manutenção e limpeza frequentes, mas com a diferença de que por gelar o ambiente, o ar-condicionado provoca um ressecamento maior do ar.

Por outro lado, existem modelos com filtros que retêm até 80% das partículas, diminuindo a exposição e os danos.

"O ventilador ainda assim seria menos prejudicial para a pele, no sentido de que não promove uma desidratação tão severa", opina a dermatologista Juliana Toma. Porém, em se tratando de olhos, nariz e boca, o ventilador tem a desvantagem de gerar uma corrente de ar que pode fazer com que as partículas alergênicas circulem e atinjam essas regiões com mais intensidade.

Independentemente da escolha, para minimizar problemas respiratórios, oculares e cutâneos, é indicado utilizar junto um umidificador ou colocar uma bacia com água no quarto, e manter o ambiente higienizado e arejado.

Além disso, também é fundamental uma boa hidratação, com a ingestão adequada de líquidos e aplicação de soro fisiológico para fazer uma lavagem nasal.

Existe jeito certo para usar o ventilador

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Primeiro, limpe com um pano úmido as pás dos dois lados e, no caso dos modelos de chão, as grades frontais e a base. Nesse momento, também vale aspirar o cômodo, conferir o estado de cortinas e tirar o pó das superfícies de móveis.

Se possível, para evitar problemas, ainda mais se já teve algum com ventilador, retire tapetes, bichos de pelúcia e troque a roupa de cama.

"Feito isso, deixe o ventilador no chão, posicionado para cima e o ajuste para girar de um lado para outro, para que o vento não seja direto e constante para o corpo. Direcione para parede, ou de preferência para janela, pois assim o ar quente sai do ambiente. No caso do ventilador de teto, utilize-o no modo exaustor, no qual o ar é conduzido para cima", sugere Sampaio.

Por fim, o otorrino Marcelo Mello lembra que se não resolver, é importante procurar um médico para saber o que pode ser feito.

"O tratamento com vacinas ou cirurgias [de amígdalas, desvios, sinusite] pode amenizar os sintomas e prevenir possíveis complicações. Remédios, quando usados sob prescrição do especialista, impedem o surgimento de crises respiratórias".