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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Piscina sem cloro não dá, mas em excesso também faz mal; entenda riscos

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Imagem: iStock

Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

02/02/2021 04h00

Piscinas malcuidadas são um perigo. Quem entra e, principalmente, mergulha na água suja pode contrair doenças, entre as quais hepatite A, pneumonia, diarreia, micoses e pediculose (doença parasitária causada por piolhos). Mas mergulhar em uma piscina com excesso ou misturas erradas de cloro (solução desinfetante da água) também é prejudicial à saúde. Pela aparência, a piscina pode até parecer convidativa, mas os efeitos são sentidos logo depois.

Em 2017, três piscinas de um parque aquático de Bauru (SP) foram interditadas após sete pessoas passarem mal por terem inalado a substância em nível excedente na água. Em Fortaleza, algo parecido ocorreu no ano seguinte. Alunos se intoxicaram por cloro durante uma aula de natação no IFCE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará).

Falta de ar, infecção, queimaduras e diarreia

A intoxicação aguda das vias respiratórias provoca sensação de queimação nas mucosas de fossas nasais, faringe, laringe, traqueia e brônquios, desencadeando lacrimejamento forte, falta de ar, tosse e dor no peito.

"Pode provocar ou agravar casos de asma, rinite alérgica e bronquite", alerta Andy Vicente, otorrinolaringologista do Hospital Cema, em São Paulo.

O médico acrescenta que a entrada do cloro da piscina nos ouvidos também favorece otite externa. É uma infecção grave da pele do canal auditivo e que provoca dor, secreção e até perda auditiva se não tratada. Tem mais: a via respiratória superior pode ser obstruída por edema, secreções ou espasmos na laringe e sofrer lesões que facilitam infecções bacterianas.

Engolir também faz mal. Se por acaso acontecer, os sintomas mais comuns são náuseas, vômito (que aspirado pode comprometer os pulmões), diarreia, dor no estômago, ardência na língua, esôfago e estômago. Na presença deles, ou com dificuldade para respirar, a pessoa deve ser levada o mais rápido possível para o hospital, principalmente se for criança ou idoso.

Olhos podem sofrer lesões na córnea

Família na piscina - iStock - iStock
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Lísia Aoki, oftalmologista do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) explica que a respeito das cloraminas, substâncias formadas a partir da combinação do cloro com resíduos nitrogenados que podem ser encontrados na água da piscina, os efeitos são graves, especialmente em vias respiratórias e na superfície ocular.

"Nos olhos, as cloraminas causam vermelhidão, ardor e conjuntivite e ceratite químicas", diz. Essas últimas condições citadas são altamente agressivas. Geram dor ou desconforto ocular, sensibilidade à luz, inchaço da região palpebral, lacrimejamento, queimação ou coceira nos olhos, baixa visão e podem levar a danos permanentes na córnea, como lesões e cicatrizes.

Por isso, Aoki recomenda usar óculos de natação e quando houver irritação instantânea dos olhos após o contato deles com a água, sair imediatamente da piscina e lavá-los com água corrente de forma abundante.

O uso de colírios lubrificantes pode ajudar no alívio dos sintomas e, em caso de não melhora ou até uma piora, procure um médico de urgência.

Pele e cabelos desidratados e vulneráveis

Se expostos à água de piscina comum pele e cabelos já sofrem danos, imagine como não ficam depois de uma superdosagem de cloro. No corpo, a maior parte do produto é absorvida pelo contato externo e isso tem a ver também com o calor, que abre os poros. O cloro então retira os óleos naturais de proteção e cria uma película química desidratadora.

A pele fica seca, áspera e hipersensível, com coceira e irritação, e os cabelos desbotados e fragilizados.

"O ácido hipocloroso penetra no córtex do cabelo através da cutícula, principalmente danificada, e causa oxidação e degeneração de estruturas internas chamadas melanossomas", informa Máira de Magalhães Mariano Astur, especialista em dermatologia pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia). "Com isso, é grande a chance de descoloração, sobretudo em cabelos loiros, que podem adquirir um tom mais esverdeado, com frizz".

Ao sair da piscina não se deve esperar o corpo secar para tomar banho, que precisa ser completo, com direito a xampu e condicionador para remover vestígios e repor a hidratação.

Ao secar os fios, não esfregue-os com toalha, puxe-os com pente, ou use ar muito quente.

Quanto à pele, precisa ser lavada com sabonete e receber hidratante. Se ela apresentar reação alérgica, é preciso procurar um médico. Em casos assim, a epiderme fica exposta à contaminação de diversos patógenos e alérgenos, afetando também o organismo como um todo.