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Estudo identifica coinfecção por duas linhagens diferentes do coronavírus

Coronavírus tem sofrido mutações constantemente - iStock
Coronavírus tem sofrido mutações constantemente Imagem: iStock

Colaboração para o UOL

27/01/2021 09h32Atualizada em 27/01/2021 21h45

A Universidade Feevale divulgou um estudo científico sobre variantes de covid-19. Após análises de amostras coletadas no Sul do Brasil, cinco linhagens diferentes foram encontradas e dois casos de coinfecção, quando vírus com genomas distintos estão em um mesmo indivíduo. Esse tipo de problema não havia sido descrito até o momento.

A universidade divulgou que "a preocupação é porque a mistura de genomas de diferentes vírus coinfectando o mesmo indivíduo, a chamada recombinação, é um dos fenômenos que está na base da evolução de coronavírus".

Mas os pesquisadores ressaltaram que os dois pacientes com coinfecção tiveram casos "de leve a moderado" e se recuperaram bem, sem a necessidade de hospitalização.

Além da nova preocupação com a coinfecção, os estudos alertam para a possibilidade de dispersão das variantes do vírus para outros estados e países vizinhos da América do Sul.

Foi possível confirmar também a disseminação generalizada da variante E484K na proteína S, que é a mesma mutação do coronavírus identificada no Rio de Janeiro no mês passado.

"Isso é preocupante, pois sabe-se que essa mutação pode estar associada a um escape de anticorpos formados contra outras linhagens do vírus. É mais uma evidência que essas novas linhagens podem causar problemas mesmo em pessoas que já tenham uma imunidade prévia contra o Sars-Cov-2", afirma Fernando Spilki, coordenador do estudo.

Horas depois, em entrevista à CNN, Spilki explica que é preciso vacinar o máximo de pessoas para tentar diminuir a propagação. "A coisa mais importante para evitar essa diversificação do vírus é entrar o mais breve possível com vacina. E ao longo do tempo nós vamos acompanhando e observando se está havendo uma infecção simultânea ou não", diz.

A pesquisa envolveu 92 amostras de pacientes com faixa etária de 14 a 80 anos de idade, sendo 50% homens e 50% mulheres. Segundo a coordenadora do Laboratório de Bioinformática do LNCC (Laboratório de Bioinformática do Laboratório Nacional de Computação Científica), Ana Tereza Vasconcelos, os dados visam alertar as autoridades sanitárias que estudos sobre a dispersão do Sars-Cov-2 são extremamente importantes para a segurança de todos. Para isso, reitera a importância da constituição de redes de sequenciamento e análises genéticas colaborativas para a realização de vigilância genômica.

"O que a gente sabe é que essas linhagens (novas, mais transmissíveis) estão associadas a casos de reinfecção e estão associadas aos casos de coinfecção. Parece que dentro desse espectro atual, dessas novas variantes, nós possamos realmente encontrar mais casos de coinfecção, de reinfecção. A gravidade vai variar muito, ao que tudo indica, com a resposta do paciente, não tanto com o contexto da linhagem, mas também são dados que a gente investiga rotineiramente, todos os dias tentando encontrar respostas", ressalta Spilki.

Os pesquisadores também estão conduzindo experimentos in vitro na nova linhagem encontrada no Estado, incluindo isolamento viral e investigação sobre neutralização ou não por anticorpos presentes no soro de pacientes infectados e recuperados.