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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Zumbido no ouvido: tabagismo e até dieta podem piorar o problema

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Paula Roschel

Colaboração para VivaBem

14/12/2020 04h00

O zumbido no ouvido é um barulho incômodo que uma pessoa escuta sem a existência de fonte sonora. O problema pode atrapalhar o sono e a concentração. Além disso, a questão afeta até mesmo as emoções, sendo um potencial desencadeador de quadros de ansiedade e pânico.

Saber se o zumbido no ouvido tem cura e identificar um tratamento eficaz é uma questão de qualidade de vida para muitas pessoas.

A prevalência deste tipo de problema entre idosos americanos acima de 70 anos chega a 25%, de acordo com dados levantados pela ATA (Associação Americana do Zumbido). A questão afeta, em média, 278 milhões de pessoas no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

O zumbido, conhecido também como acufeno ou tinnitus, não é uma doença, trata-se de um sintoma relacionado a diferentes alterações na saúde, que necessitam ser identificadas e tratadas.

Causa mais comuns

Existem mais de 200 causas possíveis descritas para o aparecimento do zumbido e elas podem estar relacionadas com o ouvido ou fora dele.

Entre os desencadeadores mais comuns estão a perda da audição, a depressão (através da alteração de neurotransmissores), as doenças neurológicas, o acúmulo de cera no ouvido e até a alimentação inadequada ou o uso de medicamentos.

"Agora 'na moda', o jejum prolongado de algumas dietas pode desencadear o zumbido", diz Vitor Chen, chefe da equipe de otorrinolaringologia do HCor de São Paulo. Tal fato ocorre pela diminuição do aporte de nutrientes na área da cabeça, chamada de orelha interna, que é responsável pela audição.

Na maioria das vezes, o zumbido tem relação com problemas no sistema auditivo —desde infecções no canal auditivo até tumores. É muito comum tais barulhos estarem associados aos hábitos também, como ouvir música muito alta (principalmente com fone de ouvido) ou exposição excessiva a chamada poluição sonora, que é o som do ambiente acima dos níveis ideais para a saúde.

Existe também o zumbido relacionado com a passagem do tempo. "Uma das principais causas do zumbido está associada à perda auditiva nos idosos acima de 70 anos, a chamada presbiacusia (perda auditiva associada ao envelhecimento das células do ouvido)", explica Chen.

Outras doenças

O zumbido pode ser um sinal precoce de outras condições que não estão diretamente ligadas ao órgão auditivo, como anemia, diabetes, pressão alta, desvios da coluna, trauma craniano, tumores cerebrais, problemas renais, metabólicos, nas articulações e do sistema circulatório. Tais quadros, se não controlados, podem ocasionar perda total da audição.

"Quando o problema não está no ouvido, encontrar a causa do zumbido pode ser a parte mais difícil para o profissional de saúde, já que o sintoma se associa desde doenças relativamente simples até enfermidades graves", diz Isabela Pache, otorrinolaringologista chefe do Hospital da Gamboa, no Rio de Janeiro e Alba Saúde.

Na maioria das vezes o zumbido tem causas benignas, porém, em poucos casos, pode ser originado por um tumor. Por isso a importância da investigação precoce detalhada, com exame físico e complementar.

Atenção a diabetes

Diabetes - vgajic/iStock - vgajic/iStock
Imagem: vgajic/iStock

Em relação ao diabetes, existe um prejuízo na microcirculação da área responsável pela audição que pode ser responsável pelo aparecimento do zumbido para pacientes com níveis de glicose no sangue acima do normal.

Além disso, um alto nível de insulina também pode causar a perda de audição, por prejudicar os estímulos elétricos das vias neurais, responsáveis por enviar a informação do ouvido para o cérebro. Ter o diabetes controlado é ponto-chave para o zumbido não ocorrer neste caso.

Pessoas com pré-diabetes também podem apresentar zumbido, principalmente se consomem açúcares e carboidratos de absorção rápida. Isso ocorre porque os pacientes com esta doença apresentam uma maior dificuldade para o metabolismo da glicose no organismo.

Tratamento

É necessário que o tratamento contra o zumbido tenha abordagem individualizada, levando em consideração a causa, para minimizar ou eliminar o problema. Os protocolos mais comuns para os casos de chiado nos ouvidos envolvem medicamentos, estimulação magnética e até acompanhamento psicológico.

As terapias mais utilizadas envolvem remédios vasodilatadores, anticonvulsivantes, ansiolíticos ou antidepressivos. Em casos de depressão, recomenda-se também o acompanhamento psicológico.

No quadro envolvendo uso de remédios ototóxicos, que causam o zumbido, a troca da medicação será necessária. Algumas drogas que podem provocar o desconforto no ouvido são a aspirina, alguns antibióticos, anti-inflamatórios e diuréticos.

Há também tratamentos que usam aparelhos de amplificação sonora e estimulação magnética transcraniana, chamada Tinnitus Retraining Therapy (TRT). Neste caso, a plataforma "treina" o paciente a conviver com o som a ponto de não notá-lo.

Prevenção e atendimento

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Como a maioria dos casos de zumbido são de um grau leve e intermitente, os pacientes acabam não procurando auxílio médico. É importante, contudo, que assim que perceba o sintoma (zumbido) o paciente procure avaliação com profissional da área da saúde. A especialidade recomendada é o otorrinolaringologista.

Como o zumbido é um sintoma que pode estar associado a inúmeras doenças e ser de origem multifatorial (ter vários fatores que desencadeiam), é importante, ao longo da vida, prestar atenção a certos hábitos "evitáveis" que prejudicam a audição e podem desencadear zumbidos.

  • Tenha uma alimentação balanceada, evitando excesso de açúcares, chocolates e alimentos com cafeína.
  • O tabagismo e o excesso de bebida alcoólica também podem desencadear zumbidos.
  • Evite ambientes com alta intensidade de ruído sonoro. Se não puder evitar, como trabalhadores expostos a ambientes ruidosos, utilize os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) necessários, como protetores de ouvido.

Fontes: Vitor Chen, chefe da equipe de otorrinolaringologia do HCor, em São Paulo; Isabela Pache, otorrinolaringologista chefe do Hospital da Gamboa, no Rio de Janeiro e Alba Saúde; e Rafael Monaco Raposo, otorrinolaringologista do Hospital Santa Paula, em São Paulo.