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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Câncer no pulmão que matou o ex presidente do Uruguai é um dos mais letais

Divulgação
Imagem: Divulgação

Bruna Alves

Do VivaBem, em São Paulo

06/12/2020 13h43

O ex-presidente do Uruguai Tabaré Vázquez morreu na madrugada de hoje, aos 80 anos. Ele lutava contra um câncer no pulmão, que é considerado um dos mais graves.

Ele deixou a presidência do país em março deste ano, quando foi substituído por Lacalle Pou, vencedor das eleições do ano passado. O atual presidente afirmou no Twitter que o país está de luto pela morte de Vásquez. "Enfrentou com coragem e serenidade sua última batalha. Foi o presidente dos uruguaios. O país está de luto. Descanse em paz", escreveu Lacalle Pou.

Entre todos os tumores malignos, o câncer de pulmão é um dos mais frequentes em todo o mundo, e também o mais letal: são 1,76 milhão de vítimas por ano, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). O tabagismo é considerado a principal causa da doença: o hábito de fumar está envolvido em 90% dos casos diagnosticados.

Como ele surge?

O câncer se desenvolve a partir do crescimento desordenado de células, deflagrado por mutações no DNA das células. Às vezes essas mutações são herdadas, mas, na maioria dos casos, são adquiridas ao longo da vida.

Os diferentes tipos de tumores podem surgir em diferentes células do órgão. O câncer de pulmão é uma doença bastante heterogênea, ou seja, há vários subtipos e cada um deles tem características e prognósticos distintos.

Sintomas

Muitas vezes, os sintomas da doença se manifestam quando ela já está em estágio avançado. Os principais sintomas são:

  • Tosse (nos fumantes, o ritmo habitual é alterado e aparecem crises em horários incomuns);
  • Presença de sangue no escarro;
  • Dores no tórax (pioram ao tossir ou ao respirar fundo);
  • Falta de ar; Rouquidão;
  • Pneumonias ou bronquites de repetição;
  • Perda de apetite ou de peso inexplicável;
  • Fadiga ou cansaço.

É importante ressaltar que todos os sintomas acima também podem ter outras causas, por isso é importante procurar o médico.

Diagnóstico


Muitas vezes, o problema é identificado em exames de rotina ou na investigação de outras doenças. Os principais exames que podem levar ao diagnóstico são a radiografia de tórax e a tomografia computadorizada ou PET-CT, que permite determinar o tumor e sua localização.

No entanto, o câncer só pode ser confirmado por biópsia, que geralmente é realizada por meio de uma broncoscopia (endoscopia respiratória) ou com agulha guiada por tomografia ou ultrassom, e analisada por patologista.

Testes moleculares ainda podem identificar mutações genéticas e proteínas no tumor que auxiliam na escolha de terapias específicas. Com a análise do tumor e os resultados dos exames, é feito o estadiamento.

No caso do câncer de pulmão de não pequenas células utiliza-se o sistema com letras (T, de tumor, N de linfonodos e M de metástase) e números (de 0 a 4) para determinar a extensão da doença e, então, determinar o melhor tratamento.

Tratamento

A forma de tratar deve ser conversada e acordada com uma equipe multidisciplinar composta por oncologistas, radioterapeutas e cirurgião torácico. Eles irão decidir qual a abordagem mais adequada de acordo com fatores como o tipo de câncer de pulmão, o tamanho, a localização e a extensão dos tumores, bem como o estado geral de saúde do paciente.

As terapias a seguir podem ser prescritas isoladamente ou em combinação:

Cirurgia: consiste na remoção das partes do pulmão afetadas e dos gânglios linfáticos envolvidos. Pode ser curativa nas situações em que o câncer de pulmão foi descoberto em fase inicial.

Radioterapia: aplicação de radiações ionizantes no local para destruir o tumor ou inibir seu crescimento. Pode ser usada antes da cirurgia, para reduzir o tumor, ou depois, para destruir células restantes, tratar metástases ou, ainda, como tratamento paliativo.

Há várias modalidades diferentes de radioterapia. O tratamento é indolor e os efeitos colaterais mais frequentes são irritação na pele e fadiga.

Quimioterapia: uso de medicamentos que são sabidamente eficientes em combater as células cancerosas. Podem ser usados juntos ou em combinação, e têm ação sistêmica, ou seja, células saudáveis também são afetadas. É feita em ciclos, em geral depois da cirurgia, mas também pode ser indicada antes para reduzir o tamanho do tumor. Os efeitos colaterais incluem náuseas, vômitos, perda de cabelo e infecções, entre outros.

Terapia-alvo: uso de medicamentos ou outras substâncias que impedem o crescimento e disseminação do tumor, causando pouco dano às células saudáveis. Há terapias para diversos tipos de câncer de pulmão com perfis moleculares específicos. Os efeitos colaterais variam para cada terapia.

Imunoterapia: as células do câncer dispõem de mecanismos que confundem e freiam o sistema imunológico. Estudos do imunologista americano James P Allison e do japonês Tasuku Honjo (Nobel de Medicina 2018) proporcionaram, nos últimos anos, o desenvolvimento de medicamentos que permitem que o sistema imune reconheça as células do câncer para combatê-las de forma mais eficaz.

Segundo os médicos, as substâncias apresentaram resultados eficazes e duradouros com perfil baixo de toxicidade. Os inibidores de DP-1 e o inibidor de PD-L1 são exemplos de imunoterapia usados no câncer de pulmão de não pequenas células. O alto custo das drogas, porém, é um fator que limita o acesso.

Com informações da reportagem publicada em 27/01/2020.