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Estudo: bactérias vaginais podem diminuir efeito de remédio contra HIV

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Imagem: iStock

De VivaBem, em São Paulo

04/12/2020 12h59

Um estudo publicado ontem (3) no jornal Plos Pathogens mostrou que as bactérias vaginais consomem os medicamentos usados na prevenção do vírus HIV (responsável pela Aids), fazendo com que as mulheres fiquem mais expostas à infecção.

De acordo com os especialistas, os medicamentos profiláticos pré-exposição, chamados de PrEP, usados para prevenir a doença, são 90% eficazes para homens que transam com homens. Já para mulheres, a eficácia da droga cai para 50% ou menos.

Os especialistas explicaram neste estudo que o microbioma vaginal é dominado pela bactéria Lactobacillus, que ajuda a manter uma camada protetora que reduz o risco de inflamação e infecção.

No entanto, se houver uma queda na quantidade dessa bactéria específica, outras "assumem" o seu lugar, deixando as mulheres mais suscetíveis a infecções sexualmente transmissíveis.

Como o estudo foi feito

  • Os especialistas de universidades americanas selecionaram três drogas usadas na prevenção de HIV;
  • Eles analisaram vários microbiomas vaginais, uns Lactobacillus e outros, não;
  • Duas drogas, tenofovir e dapivirina, começaram a desaparecer onde essas bactérias diversas eram a maioria. Mas depois de 24 horas, os microbiomas dominados pela Lactobacillus ainda tinham o dobro do nível dos medicamentos de prevenção;
  • O estudo, portanto, revelou que algumas bactérias se alimentam desses medicamentos e a eficácia fica comprometida, porque que não dá tempo da droga chegar nas células vaginais para protegê-las do vírus.

"Isso ajudaria a explicar por que os medicamentos são menos eficazes em algumas mulheres", diz Nichole Klatt, da Universidade de Minnesota, ao New Scientist.

A terceira droga usada nos testes, o tenofovir alafenamida, que atua no tratamento de hepatite B, mas está licenciado para alguns casos específicos de HIV, não teve seu efeito alterado, mesmo quando a Lactobacillus não era majoritária. Este medicamento manteve o mesmo volume em ambas amostras.

"O estudo expõe lacunas importantes na pesquisa de saúde da mulher que estão afetando diretamente cerca de 1 milhão de mulheres que contraem o HIV a cada ano", finaliza Klatt.