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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Método contraceptivo deve ser escolhido junto ao ginecologista; veja tipos

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Bruna Alves

Do VivaBem, em São Paulo

23/11/2020 04h00

Prevenir uma gravidez indesejada pode fazer toda a diferença na vida da mulher, especialmente para aquelas que não tem condições financeiras e nem psicológicas de ter um filho em determinado momento da vida.

Para além de camisinha e anticoncepcional, há diversas outras opções. VivaBem ouviu especialistas para listar os métodos disponíveis atualmente, seus prós e contras.

  • Camisinha externa

Preservativo - iStock - iStock
Camisinha
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Sem dúvida o método mais famoso. Além de prevenir a gestação é um forte aliado na prevenção de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis).

"Se o preservativo for usado logo no início do contato sexual sua eficácia gira em torno de 99%", diz Alberto d'Áuria, ginecologista e obstetra da Maternidade Pro Matre (SP).

  • Camisinha interna

Menos popular do que a camisinha "convencional", mas também um excelente método preventivo. Deve ser introduzida na vagina ou no ânus cerca de 10 minutos antes da penetração para ficar bem ajustada às paredes.

  • Diafragma

"Foi um método muito usado nas décadas de 70 e 80. Consiste em uma capa acomodada no colo uterino. Ele deve ser usado junto a uma geleia espermicida. Pode ser introduzido algumas horas antes da relação sexual e deve permanecer na vagina por no mínimo 6 horas após a relação", explica Ana Derraik, ginecologista, diretora-geral do Hospital da Mulher Heloneida Studart (RJ) e diretora médica da ONG Nosso Instituto.

O método não previne contra ISTs.

  • Injeção

A injeção contém um hormônio chamado progesterona, que vai sendo liberado aos poucos no organismo. Ela deve ser aplicada a cada 4 ou 12 semanas, e o intervalo de aplicações precisa ser rigorosamente respeitado para que funcione bem.

O problema desse método é que o local em que foi aplicada a injeção não pode sofrer compressões (por exemplo com exercícios físicos), porque isso pode atrapalhar o tempo de liberação dos hormônios e comprometer sua eficácia.

Além disso, a injeção altera o fluxo menstrual, podendo causar ausência de menstruação e até sangramento intermitente. Vale lembrar que não previne contra ISTs.

  • Adesivo transdérmico

Adesivo - Nuvaring Divulgação - Nuvaring Divulgação
Adesivo anticoncepcional
Imagem: Nuvaring Divulgação

O adesivo é um método que contém estrogênio e progesterona. Pode ser aplicado sobre a pele em qualquer área do corpo, mas os especialistas preferem àquelas que sofrem menos exposição.

Ele deve ser trocado a cada 7 dias, sem intervalos. Após o terceiro adesivo consecutivo, faz-se uma pausa de 7 dias, quando deverá ocorrer a menstruação. Em seguida, um novo adesivo deve ser aplicado.

Esse é um método que costuma funcionar muito bem, mas precisa ser avaliado. Se a pele for muito oleosa, por exemplo, ele pode descolar e perder sua eficácia que, se usado de maneira adequada, gira em torno de 98%. Não previne contra ISTs.

  • Anel vaginal

É um método contraceptivo de vinil que libera hormônios a cada 24 horas, assim como o anticoncepcional via oral. Ele deve ser introduzido na vagina e permanecer nela por 21 dias. Após esse período, deve ser retirado para que ocorra a menstruação, mas após 7 dias, um novo anel deve ser introduzido novamente.

O anel vaginal não precisa da metabolização feita pelo fígado e não irrita o estômago, por isso ele acaba tendo vantagem em relação ao anticoncepcional via oral. Sua eficácia pode chegar a 99%.

"Para aquelas mulheres que possuem colesterol e triglicérides altos, o anel vaginal é uma boa opção, por exemplo. A mulher pode, ainda, retirar o anel para ter relação sexual, mas é necessário recolocá-lo em seguida. Lembrando que o anel pode ficar até três horas fora da cavidade vaginal sem atrapalhar o nível hormonal", ressalta o ginecologista da Maternidade Pro Matre. Também não previne contra ISTs.

  • Anticoncepcional oral

Pílula - Getty Images - Getty Images
Estudos mostram que pílula não causa ganho de peso
Imagem: Getty Images

Há vários tipos de pílulas disponíveis no mercado, tanto as que inibem a ovulação, como aquelas que não provocam ovulação de forma alguma. Os dias de tomar também são variados, tem modelos de 21 dias, com pausa de 7, outras de 24 dias, com pausa de 4, e algumas até que não têm pausa.

A pílula, se tomada corretamente, proporciona uma segurança de mais de 99%. Mas vale ressaltar que se deixar de tomar um dia, o nível de segurança não será mais o mesmo. Não previne contra ISTs.

  • Implante de etonogestrel

Trata-se de um bastonete de plástico aplicado sob anestesia local —é como se fosse um DIU, mas ele é colocado embaixo da pele do braço. O implante hormonal tem durabilidade de 3 anos, quando deve ser retirado e um novo pode ser introduzido.

"Seu uso altera o fluxo menstrual, podendo causar ausência da menstruação, escassez do sangramento e em algumas mulheres um sangramento intermitente", alerta a diretora geral do Hospital da Mulher Heloneida Studart.

Uma vez aplicado, porém, a mulher fica protegida durante 3 anos sem se preocupar com qualquer outro método para evitar gestação. Não previne contra ISTs.

  • SIU (Sistema Intrauterino Liberador de Progesterona)

Esse é um contraceptivo introduzido dentro do útero que promove proteção contra gravidez por 5 anos, quando deve ser trocado.

Ele não contém estrogênio, por isso pode ser usado por mulheres com contraindicação ao uso desse hormônio e também por adolescentes. Sua eficácia é superior a 99%. Não previne contra ISTs.

  • DIU (Dispositivo Intrauterino) de cobre ou de cobre com prata

DIU - iStock - iStock
DIU
Imagem: iStock

O DIU é introduzido dentro do útero, não contém hormônios e não inibe a ovulação. Portanto, trata-se de um método excelente para mulheres com contraindicação ao uso de hormônios.

Ele protege contra gravidez por 3, 5 ou até 10 anos, dependendo do modelo. A eficácia do DIU depende do tempo que ele foi colocado —um que foi colocado há um mês tem uma segurança de 94%, enquanto um DIU que foi colocado há 6 meses, a segurança atinge 97%. Não previne contra ISTs.

  • DIU de levonorgestrel

Esse tipo de método segue a mesma linha do DIU de cobre. A diferença é que libera apenas o progestagênio e em baixas dosagens, a cada 24 horas, durante cinco anos. Ele também pode pausar a menstruação uns três meses depois da colocação.

"Contudo, é bem atrativo para as mulheres com grande fluxo menstrual e para quem possui alguma patologia, como um mioma ou pólipo intrauterino, até mesmo com o objetivo de tratar doença intrauterina", destaca d'Áuria.

A eficácia do DIU de levonorgestrel chega a mais de 99% porque tem um método químico associado, o levonorgestrel. Além disso, tem como vantagem atuar na tensão pré-menstrual. Não previne contra ISTs.

  • Laqueadura

É um procedimento cirúrgico que faz a ligação das trompas, evitando que o óvulo e os espermatozoides se encontrem. Esse método apresenta uma falha para cada mil cirurgias.

Caso a paciente desista, é possível fazer uma reversão cirúrgica, porém não há garantia de sucesso. Por isso a execução tem algumas exigências legais e sua indicação médica é bem específica e restrita. Não previne contra ISTs.

  • Vasectomia

Consiste em um método cirúrgico em que é realizado o corte dos ductos deferentes do homem. Trata-se de uma cirurgia simples, porém definitiva.

Após a vasectomia, a ejaculação continua normal, mas não há espermatozoides no líquido expelido. A eficácia é semelhante aos métodos de longa duração. Também é possível fazer uma cirurgia de reversão, mas sem sucesso garantido. Não previne contra ISTs.

  • Pílula do dia seguinte

Pílula do dia seguinte - iStock - iStock
O jeito certo de usar a pílula do dia seguinte
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Embora possa "salvar" a mulher em um momento de desespero, os especialistas alertam que ela não deve ser usada como método contraceptivo. Seu uso deve ser restrito a casos de emergência, como quando a camisinha rompe ou por algum descuido do casal.

Esta pílula tem uma alta concentração de progesterona. Seu uso deve ser feito em até 72h após a relação sexual desprotegida para que haja eficácia. Não previne contra ISTs.

  • Tabelinha

Esse método consiste em evitar a transa desprotegida nos dias férteis da mulher, que são aqueles no meio do ciclo, quando é mais provável de ocorrer a ovulação.

Por exemplo, em um ciclo de 27 dias, os dias férteis seriam aqueles entre o 9º e o 18º dia. Não é um método seguro, pois mesmo os ciclos regulares podem sofrer variações. Não previne contra ISTs.

  • Coito interrompido

É aquele famoso "gozar fora". Embora usado frequentemente, esse método não é seguro, uma vez que nem sempre o homem tem domínio preciso sobre a hora de ejacular. Portanto, sua eficácia fica em torno apenas de 50%. Não previne contra ISTs.

Procure um médico

Segundo os especialistas ouvidos por VivaBem, os preservativos, alguns tipos de anticoncepcionais orais (pílulas), a injeção e o DIU de cobre estão disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde). Já os demais métodos têm preços variados.

E, por fim, na hora de escolher um contraceptivo, consulte primeiro um ginecologista, pois há vários métodos, sobretudo os hormonais, que não são indicados, por exemplo, para mulheres hipertensas.

"O uso de anticoncepcional hormonal deve ser bem avaliado, pois pode causar alterações tireoidianas. Além disso, pode reduzir a quantidade de testosterona, diminuindo a libido. Cada método deve ser escolhido pela paciente junto com seu médico, pois cada mulher tem um perfil metabólico, hormonal e comportamental, não sendo possível padronizar", conclui o ginecologista da Maternidade Pro Matre.

Fontes: Ana Derraik, ginecologista, diretora geral do Hospital da Mulher Heloneida Studart (RJ) e diretora médica da ONG Nosso Instituto; Alberto d'Áuria, ginecologista e obstetra da Maternidade Pro Matre (SP); Fernanda de Araújo Cardoso, ginecologista e docente do curso de medicina da Faculdade Santa Marcelina (SP); Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra do Hospital Sírio-Libânes e do Hospital Albert Einstein (SP) e; Flávia Torelli, ginecologista, especialista em reprodução humana e médica do Hospital da Mulher da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).