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Estudo obtém resultados promissores para vacina contra herpes genital

O herpes genital é uma doença sexualmente transmissível e sem cura - iStock
O herpes genital é uma doença sexualmente transmissível e sem cura Imagem: iStock

Do VivaBem

07/11/2020 14h10

Uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Cincinnati, da Universidade Northwestern e da Universidade de Nebraska-Lincoln apontou que uma vacina aplicada em animais com uma forma geneticamente editada do vírus herpes foi capaz de aumentar significativamente a produção de anticorpos pelo organismo e proteger contra a doença genital.

Após receberem a imunização e serem expostos ao vírus herpes simples, os porquinhos-da-índia vacinados apresentaram menos lesões genitais, menor replicação viral no organismo e menor período de capacidade de disseminar o vírus para outros animais, em comparação a uma outra vacina em testes. Os resultados foram publicados na revista Nature Vaccines.

Como foi a pesquisa

Os cientistas usaram uma forma geneticamente editada do vírus que causa o herpes labial (HSV-1), reconfigurada para impedir que o vírus se escondesse nas células do sistema nervoso —mecanismo que o HSV usa para inibir a resposta imunológica do organismo e permanecer para sempre no corpo.

Doze porquinhos receberam a imunização e, após serem expostos ao vírus do herpes genital (HSV-2), somente um animal desenvolveu a doença —em outra vacina já testada, cinco animais tiveram a doença. Além disso, a nova vacina reduziu o período de disseminação do vírus de 29 para cerca de 13 dias, o que não ocorreu na outra imunização já testada. "Isso é realmente importante pois, mesmo sem apresentar lesões nas genitais ou na boca, uma pessoa que contrai o herpes pode transmiti-lo", explica Gary Pickard, um dos líderes da pesquisa.

Segundo os cientistas, o fato de a vacina feita com o vírus responsável por causar herpes labial ter gerado uma proteção cruzada contra o tipo sexualmente transmissível do vírus sugere que uma imunização com a versão editada do HSV-2 pode ser ainda mais eficiente para proteger do herpes genital —e o próximo passo das pesquisas é tentar confirmar isso.

A vacina contra o herpes é estudada há mais de quatro décadas e uma das grandes dificuldades de produzir uma imunização eficiente contra a doença é que o vírus conta com uma "técnica" sofisticada para "driblar" nosso sistema imune.

Após infectar os tecidos da mucosa da boca ou das genitais, o HSV invade as células nervosas e se "esconde" no núcleo de neurônios. Assim, mesmo após a infecção nos lábios ou nos órgãos sexuais ser combatida pelo organismo, o herpes vírus segue nos neurônios, onde fica protegido do sistema imunológico do corpo, saindo de lá quando há uma queda de imunidade ou aumento de hormônios do estresse da pessoa.

Herpes genital é uma IST incurável

Provocado pelo vírus herpes simples tipo 2 (HSV-2), o herpes genital é uma doença transmitida no sexo (oral, vaginal ou anal) e não tem cura —pois o vírus é capaz de permanecer "escondido" nas células nervosas para sempre. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 50% da população mundial carrega o HSV-2.

O herpes genital tem como principal sintoma o aparecimento de feridas dolorosas no pênis, no saco escrotal e até mesmo na uretra de homens. Já nas mulheres, as lesões costumam surgir na vagina, na vulva e no colo do útero. Dor ao urinar, ardência, febre e dor de cabeça também são problemas relatados por quem tem a doença.

O herpes ainda aumenta o risco de infecção pelo HIV e pode contribuir para o aparecimento de demências, como Alzheimer.