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Terapia genética regenera nervo óptico e poderá tratar glaucoma, diz estudo

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Imagem: iStock

Samantha Cerquetani

Colaboração para VivaBem*

05/11/2020 16h01

Um estudo realizado pela Universidade de Cambridge (Reino Unido) mostrou que as fibras nervosas danificadas dos olhos podem ser regeneradas por meio de terapia genética. A descoberta dos cientistas poderá contribuir para tratar o glaucoma no futuro. A doença é uma das principais causas de cegueira no mundo.

A pesquisa, que foi divulgada na revista científica Nature Communications, indicou que o gene responsável pela produção da proteína protrudina estimula a regeneração das células e ainda evita que ocorra a morte celular após uma lesão.

Vale destacar que essas fibras, que ficam no sistema nervoso, não se regeneram. E isso causa um dano, muitas vezes, irreversível.

Como o estudo foi feito?

Os cientistas usaram uma técnica de terapia genética para aumentar a quantidade e a atividade da proteína protrudina no olho e no nervo óptico in vitro. Após cultivar as células, causaram danos nas células nervosas (axônios) e começaram a observar as alterações por meio de um microscópio.

Os pesquisadores perceberam que quanto mais aumentava a quantidade da proteína protrudina nessas células, ocorria uma maior regeneração. Eles concluíram que essa descoberta poderá ajudar a proteger contra o glaucoma no futuro.

"O glaucoma é uma das principais causas de cegueira em todo o mundo. Nossa estratégia se baseia no uso de terapia genética. E assim, é possível que nosso tratamento possa ser desenvolvido como uma forma de proteger os neurônios da retina e contribuir com a sua regeneração", afirma Veselina Petrova, autora do estudo.

Vale ressaltar que ainda precisam de mais pesquisas para que seja possível desenvolver tratamentos eficazes para humanos.

O que é glaucoma?

O glaucoma é uma doença ocular que danifica o nervo óptico, responsável por transmitir as informações visuais ao cérebro a partir dos olhos. Por isso, compromete a visão de forma gradual, afetando a visão lateral (periférica).

Estima-se que, no Brasil, cerca de 1 milhão de pessoas tenham a doença, que pode acometer crianças e jovens, mas é mais comum entre os adultos maiores de 40 anos e idosos. Os dados são da SBG (Sociedade Brasileira de Glaucoma).

Mais prevalente entre as populações negra e oriental, o glaucoma é definido como uma enfermidade progressiva silenciosa porque, em geral, ele é assintomático. Isso significa que ele pode se desenvolver por meses ou anos sem apresentar sintomas, até que a pessoa perceba alguma mudança na forma como enxerga: ao olhar para frente, a visão central está preservada, mas a periférica, ou seja, a visão lateral, vai se perdendo.

Por que isso acontece?

Até o momento não se sabe exatamente o que causa o glaucoma, mas a pressão alta intraocular tem relação com a maior parte dos casos. Atualmente, o parâmetro de normalidade é de até 21 mm Hg.

Esse aumento na pressão pode ser o resultado da dificuldade de drenagem do líquido ocular (fluido do olho ou humor aquoso). Tal fluido é produzido em uma parte do olho chamada corpo ciliar, situada atrás da íris (câmara posterior), e uma de suas funções é nutrir o olho.

Para cumprir seu objetivo, ele flui como um rio para a parte da frente do olho (câmara anterior). Depois é drenado por estruturas que ficam no ângulo —região onde a córnea e a íris se encontram e onde o líquido é drenado.

Para que esse sistema funcione de forma perfeita, mantendo a pressão normal, é preciso que haja um equilíbrio entre a produção do líquido e sua drenagem. O glaucoma se instala após um tempo prolongado de "sofrimento do nervo", seja por aumento da pressão intraocular, seja pela baixa vascularização no mesmo.

A importância desse nervo é que ele é formado por cerca de 1 milhão de fibras nervosas que conectam a parte posterior do olho ao cérebro. O glaucoma causa danos às células desse nervo, o que pode levar à perda irreversível da visão.

*Com informações da reportagem do dia 06/10/2020.