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Covid-19: estudos sobre queda de anticorpos não são motivos de preocupação

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Imagem: iStock

Priscila Carvalho

Do VivaBem, em São Paulo

28/10/2020 19h03

Um estudo publicado nesta quarta-feira (28) na revista Science mostrou que pacientes que já tiveram covid-19 apresentaram queda de anticorpos contra a doença depois de cinco meses.

A discussão sobre a redução dessas células de defesa, que teriam papel na imunização contra o vírus, não é novidade. Na segunda-feira (26), outra pesquisa, publicada pelo Imperial College de Londres, mostrou que a diminuição de anticorpos ocorria em apenas três meses.

No artigo americano publicado hoje, os cientistas analisaram mais de 30 mil pacientes que apresentaram sintomas mais graves da doença. Já o trabalho britânico examinou mais de 300 mil pessoas assintomáticas ou que tiveram sintomas leves.

De acordo com Alexandre Naime Barbosa, chefe da infectologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), esse novo estudo serve de complemento para o anterior, mas ainda é cedo para afirmar qualquer descoberta. "O mais importante é saber se a pessoa vai ter covid-19 de novo ou não".

Barbosa reforça que não dá para cravar quantos meses irá durar a resposta imunológica nas pessoas. "O que sabemos é que os anticorpos são um dos 'braços' da resposta imune contra a covid-19. A outra linha de defesa é a resposta imune celular, que é comandada pelos linfócitos T. Mas é bem difícil de mensurar, já que não existe um exame de sangue que consiga determinar que quem já teve a doença continua protegido, apesar da queda de anticorpos pela ação desse outro 'braço' da resposta imunológica", afirma.

Renato Grinbaum, infectologista da SBI, também afirma que os trabalhos científicos não são motivos para preocupação. Ele explica que um único vírus possui dezenas de substâncias e o nosso organismo consegue reconhecer algumas delas. "É natural que em toda doença viral as defesas sejam produzidas em larga escala no período da infecção e que, aos poucos, diminuam a quantidade. A questão é saber se aquela substância gerou memória imunológica capaz de ser despertada, caso o organismo tenha um novo contato com o vírus, e quanto tempo dura essa memória", diz.

O infectologista reforça ainda que o novo artigo traz boas perspectivas, mas não pode ser interpretado como verdade final. "A pesquisa encontrou evidências que esses anticorpos duraram cinco meses, mas o sistema de defesa contra o coronavírus não se resume a eles. A resposta sobre reinfecção é obtida em outros tipos de estudos. Aqui, se está tentando prever a duração da vacinação e da positividade dos testes".