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Histórias de quem mudou hábitos em busca de mais saúde


Ela venceu o sedentarismo e perdeu 18 kg após não se reconhecer em vídeo

Arquivo pessoal/ reprodução do instagram @vanagnelo
Imagem: Arquivo pessoal/ reprodução do instagram @vanagnelo

Yara Achôa

Colaboração para o VivaBem

08/10/2020 04h00

Com 76 kg, Vanessa Agnelo, 40 anos, nunca se incomodou com o sobrepeso e sempre se sentiu confiante com seu corpo, apesar dos alertas da família de que precisava emagrecer. Mas ela decidiu mudar hábitos e começar a correr quando não reconheceu que era ela a "gordinha de rosa" que apareceu em um vídeo de uma festa de amigos. A seguir, a produtora de eventos conta como chegou aos 58 kg:

"Sempre fui uma criança ativa: fazia jazz e natação e adorava as aulas de educação física na escola. Mas, depois de casada, experimentei um longo período de sedentarismo. A falta de exercícios somada à ansiedade —que me levava a comer além da conta - contribuíram para meu ganho de peso.

Minha mãe chegou a me alertar, dizendo que eu estava gordinha. Mas eu respondia: 'Não estou gordinha. Estou com um corpão lindo e sou um mulherão'.

Como emagreci - vanessa - Arquivo pessoal/ reprodução do instagram @vanagnelo - Arquivo pessoal/ reprodução do instagram @vanagnelo
Imagem: Arquivo pessoal/ reprodução do instagram @vanagnelo

Foi assim até que, um dia fui na casa de uns amigos e assisti a um vídeo de um aniversário que havia acontecido meses antes. Sentada na sala ao lado de um monte de gente, perguntei quem era aquela menina gordinha usando uma roupa rosa, que eu nunca tinha visto na nossa turma. Todos se olharam assustados e disseram que era eu! Neguei já quase chorando. Tive de pausar o vídeo e me aproximar da televisão para conferir de perto. Naquele instante, tive um choque de realidade: estava 18 kg acima do que seria bom para meu 1,64 m de altura. Saí de lá determinada a emagrecer.

Pouco tempo depois, descobri que meu problema não era só o sobrepeso. Por causa dos hábitos ruins e do excesso de gordura corporal, eu estava com colesterol e triglicérides altíssimos, tinha muitas dores de estômago e meus joelhos doíam demais. Um ortopedista que consultei chegou a dizer que, se eu não emagrecesse, desgastaria ainda mais minhas articulações e teria de usar próteses com 40 anos.

Decidi então mudar. Comecei sozinha e o processo foi lento, como eu acreditava que deveria ser. Eu não queria fazer maluquices para emagrecer rápido e depois engordar tudo novamente. Passei a caminhar de manhã e à noite. Mas sempre achei lindo ver pessoas correndo e meu sonho era um dia me tornar corredora.

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Imagem: Arquivo pessoal/ reprodução do instagram @vanagnelo

Depois de três meses com caminhadas diárias e reduzindo a quantidade de carboidrato, doces, frituras, fast-food e produtos ultraprocessados nas refeições, estava com 6 kg a menos. Então, passei a dar meus primeiros trotes. Usava os postes como referência. Minha técnica era caminhar forte até passar por três postes e correr um. Segui desta forma por duas semanas. Na terceira, passei a diminuir a quantidade de postes de caminhada e aumentar a de corrida. Até que um belo dia consegui correr um tempão sem parar, deixando muitos e muitos postes para trás.

Como não tinha noção da distância que percorri no treino, peguei meu carro e fiz o mesmo caminho, para medir o trajeto. Para minha surpresa, o resultado foi 5 km. Sim, eu, ex-sedentária, estava correndo cinco quilômetros sem parar! Foi a realização de um sonho.

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Imagem: Arquivo pessoal/ reprodução do instagram @vanagnelo

A essa altura, seis meses após meus primeiros passos, havia eliminado 12 kg. Os últimos 6 kg foram eliminados ao longo de mais três meses. Quando perdi os 18 kg que precisava, atingi um estado de felicidade e autoestima elevada como nunca antes. Passei a ver que era capaz de tudo e de fazer qualquer coisa. Minha vida mudou em todos os sentidos.

Quando já estava correndo 15 km sem parar, procurei ajuda de um treinador pois queria me preparar de forma segura para uma meia maratona (21,097 km). Completar a prova me deu motivação para seguir treinando com orientação e tentar correr minha primeira maratona (42,195 km), o que aconteceu em 2018.

Treinei com seriedade —adorava acordar às cinco da manhã para correr— e contei com ajuda também de uma nutricionista e uma personal para fortalecimento. Deu tudo certo. A sensação de completar a primeira maratona é inexplicável. Eu me senti a mulher maravilha. Dentro mim, nasceu uma outra pessoa mais forte e resiliente, que não tinha mais medo de nada porque sabia que era capaz.

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Imagem: Arquivo pessoal/ reprodução do instagram @vanagnelo

De lá para cá, foram cinco maratonas. Entre elas Berlim, Nova York e Chicago (que estão entre as seis maiores do mundo). Olho para trás e tenho muita admiração pela história que construí e pela mulher forte que me tornei. Hoje, a disciplina e o amor pela corrida me fazem enxergar a vida com outros olhos e procuro compartilhar essa determinação com as pessoas que me acompanham pelo Instagram.

Acredito que quando somos determinadas dificilmente deixamos de realizar os sonhos. Estou em um momento de vida maravilhoso. Cheguei aos 40 anos dentro do peso desejado, com muita saúde e feliz por ter me tornado maratonista. Eu me mantenho ativa e até como de tudo —sou disciplinada durante a semana e mais relax no final de semana. Costumo dizer para quem me pergunta como consegui emagrecer que a força tem de vir de dentro da gente, é preciso querer de verdade e não só da boca para fora.

Não dá para negar que no começo é difícil —renúncias geram sofrimento. Mas, quando começamos a ver os resultados, nunca mais queremos voltar ao que éramos antes. Acredite que vale a pena!