Estudo apura se 2º teste positivo da covid-19 é reinfecção ou persistência
Do VivaBem, em São Paulo
28/08/2020 09h12Atualizada em 28/08/2020 12h51
Cientistas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) estão pesquisando dois casos de coronavírus que "reapareceram" em duas pessoas. A informação foi dada pelo jornal O Globo, publicado na manhã de hoje.
Elas tiveram resultados positivos em diagnósticos para detectar a presença do vírus no organismo: a primeira tem 30 anos e apresentou os sintomas em abril e, novamente, depois de dois meses.
A segunda tem 40 anos, teve os sintomas no final de abril e reapresentou em julho.
Ambas tiveram o resultado positivo pela segunda vez através do teste RT-PCR — que captura informações do vírus através de uma enzima que transforma o RNA em DNA complementar.
A investigação de pesquisadores do IBCCF (Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho) da UFRJ está apurando se são casos de reinfecção da covid-19 ou de persistência do vírus desde o primeiro teste positivo.
"Estamos analisando a assinatura genética do vírus para saber se foi um caso de persistência ou realmente uma reinfecção", disse Rosane Silva, cientista do IBCCF, ao jornal O Globo
Presença ou reaparição?
Para confirmar ou descartar as hipóteses, é preciso analisar a linhagem do vírus — no Brasil, duas são encontradas com maior frequência e ambas são semelhantes.
Caso o segundo resultado positivo das pessoas analisadas apresentem uma grande diferença entre as linhagens, é sinal de reinfecção.
Os cientistas, porém, acreditam que os dois casos sejam uma persistência do vírus, já que o tempo entre os dois resultados foi curto para uma provável reinfecção.
O coronavírus poderia apresentar um comportamento igual a outros vírus, como o HPV: persistir no corpo humano e reemergir em algumas pessoas.
É preciso ter calma
A professora de virologia Clarissa Damaso, também da UFRJ, afirma que tanto reinfecção, quanto a persistência são esperadas pelos cientistas.
O vírus da covid-19 é respiratório e é comum que eles façam reinfecções, como o de resfriados comuns.
"Pode ser que não nos livremos do Sars-CoV-2, mas que ele fique na população como os demais coronavírus de resfriado, mais brando", disse a especialista.
Ela reforçou que esses casos não têm correlação clínica com os quadros graves de covid-19. E que estudar prováveis casos de reinfecção ajudam a entender o comportamento do coronavírus.