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Castração química pode evitar estupros? Entenda o método

Inside Creative House/iStock
Imagem: Inside Creative House/iStock

Do VivaBem, em São Paulo*

17/08/2020 12h20

O caso do estupro de uma criança de 10 anos, abusada durante anos pelo tio, em São Mateus, no Espírito Santo acendeu a discussão sobre como evitar crimes de violência sexual. Como forma de prevenir o comportamento dos agressores, algumas pessoas defendem a castração química.

O que é a castração química?

O método consiste em uma forma temporária de privar o paciente de impulsos sexuais. Com o uso de medicamentos hormonais, não ocorre a remoção dos testículos e o homem continua fértil, mas por ter oscilações na dosagem dos hormônios ele passa a ter dificuldade para ter e manter as ereções e há redução daquele estímulo interno que funciona como fonte de fantasias e nos conduz a procurar situações eróticas.

Existem dois tipos de drogas usados para o procedimento. Um deles simplesmente inibe a produção da testosterona. Já o outro remédio estimula altos níveis da produção hormonal: o corpo é enganado ao acreditar que há uma produção excessiva de testosterona e inibe a produção natural.

"A droga pode ser comprada na farmácia e o valor chega a R$ 3.000 por injeção, no caso de remédios que precisam ser usados uma vez a cada três meses. É necessário ter receita prescrita por um médico", indica Alex Meller, urologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

O método é efetivo para impedir estupradores?

"O que acontece é que o impulso sexual do indivíduo diminui, mas o interesse continua. Em casos de estupradores não é apenas uma questão orgânica que importa, o problema também é 'intelectual'", afirma Ribeiro. "É claro que a castração não cura, não transforma a ideologia. Mesmo se não tiver ereção, o agressor pode praticar violência sexual de outras maneiras", diz Eduardo Ribeiro, urologista e professor da UnB (Universidade de Brasília).

De acordo com Danilo Baltieri, psiquiatra e coordenador do Ambulatório de Transtornos da Sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC, um estuprador precisaria ser avaliado por especialistas para saber qual seria o tratamento indicado, qual o diagnóstico exato e se o melhor seriam consultas psiquiátricas ou remédios.

"Cada caso é um caso, o problema pode ser uma doença, agressividade ou aprendizado cultural. O homem deve ser tratado como qualquer outro, mas é preciso separar as decisões médicas das jurídicas e não padronizar tratamentos".

*Com informações de reportagem de Maria Júlia Marques.