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Práticas e atitudes para uma vida longa e saudável


Está difícil abaixar-se ou varrer? Pode ser perda de mobilidade articular

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Bárbara Therrie

Colaboração para VivaBem

14/08/2020 04h00

De repente você percebe que um movimento que era tão simples, como se abaixar para pegar algum objeto ou fazer alguma tarefa doméstica, se torna difícil de ser realizado. Por que será? A resposta pode estar na falta de mobilidade articular, que pode dar os primeiros sinais a partir dos 40 anos de idade e ficar mais evidente aos 50.

"Mobilidade articular é a capacidade que as articulações do corpo têm de se movimentar, dentro da sua amplitude e de seus diferentes planos de movimento. Ela depende tanto da capacidade de movimentação dos ossos que formam as articulações e a cartilagem que existe entre elas, quanto da flexibilidade dos músculos que auxiliam no movimento desejado", explica Elisa Cavalheiro Libardi, fisioterapeuta no Residencial Israelita Albert Einstein e especialista em saúde do adulto e do idoso pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

Ainda segundo Libardi, a mobilidade articular é importante para que o corpo se movimente da maneira mais adequada possível. "Todos os movimentos que fazemos ao longo do dia são ditados pela movimentação das nossas articulações e dos nossos músculos, de forma que quanto melhor a mobilidade articular, melhor a execução dos movimentos, desde os mais simples, como virar a cabeça, até os mais complexos como correr".

O que causa a perda?

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Lesões na articulação, sedentarismo e envelhecimento são algumas das causas da perda de mobilidade articular, de acordo com Bianca Vilela, mestre em fisiologia do exercício pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), palestrante e sócia-fundadora da Bianca Vilela Saúde Corporativa.

"Com o passar dos anos, o desgaste natural do corpo começa a apresentar os primeiros sintomas: dores musculares, falta de flexibilidade nas articulações, diminuição da força e do equilíbrio. O resultado dessa combinação é a perda da mobilidade na terceira idade, chegando inclusive a uma situação de dependência e incapacidade. Trata-se de um processo gradual, sendo que diversas vezes a família nem percebe até se deparar com uma situação crítica".

Libardi afirma que, ao longo da vida do indivíduo, é esperado que aconteça naturalmente um processo degenerativo dos ossos e das camadas de cartilagem que ficam entre as articulações, além da menor produção do líquido sinovial, responsável pela lubrificação, dificultando a movimentação de diversas partes do corpo. Esse processo pode ser ainda mais acelerado após a menopausa, para as mulheres, e para pessoas que apresentem doenças como artrite e artrose.

Artrose é comum entre idosos

A artrose, também conhecida como osteoartrite, osteoartrose ou doença articular degenerativa, é o desgaste da cartilagem que existe na articulação entre dois ossos. Ela pode causar dores e limitar o movimento entre os ossos. O idoso pode apresentar dificuldade de marcha tanto pela dor como pela restrição de mobilidade das articulações.

A artrose tem certa preferência pelas mulheres, mas há localizações que ocorrem mais no sexo feminino, por exemplo mãos e joelhos, outras no masculino, como a da articulação coxofemoral (do fêmur com a bacia). Ela aumenta com o passar dos anos, sendo pouco comum antes dos 40 e mais frequente após os 60. Pelos 75 anos, 85% das pessoas têm evidência radiológica ou clínica da doença, mas somente 30 a 50% dos indivíduos com alterações observadas nas radiografias queixam-se de dor crônica, de acordo com a SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia).

"A pessoa perde o movimento fino das mãos e passa a ter dificuldade para escrever, assinar, usar talheres, fazer sua higiene. Em resumo, a artrose pode ser altamente incapacitante, principalmente para idosos em que várias articulações são afetadas simultaneamente", explica Alexandre Fogaça Cristante ortopedista, cirurgião de coluna e membro titular da SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia).

Ainda de acordo com o ortopedista, a artrose pode ser evitada com a melhora dos hábitos, como praticar atividade física, ter uma boa postura e manter um peso adequado. O tratamento inicial envolve medicações analgésicas e, para preservar a cartilagem, fisioterapia, uso de órteses e bengalas.

A vida do idoso

A perda de mobilidade articular pode interferir em todas as atividades cotidianas do idoso, desde autocuidado, como tomar banho, pentear os cabelos, escovar os dentes, comer e também na mobilidade, para andar, entrar e sair do carro, sentar e levantar da cadeira, subir e descer escadas, até a realização de hobbies, como costurar, pintar e escrever.

Por causa dessa perda, o idoso pode se tornar dependente, deixar de sair, de ter convívio social e, às vezes, já não pode nem mesmo ficar em casa sozinho. Para evitar que essa situação seja agravada e leve a uma depressão, é preciso buscar manter o indivíduo sempre ativo.

Idoso músculo, força, sarcopenia - iStock - iStock
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A melhor maneira para reverter a perda de mobilidade articular é por meio de exercícios físicos, que são indicados para a população idosa, desde que façam acompanhamento médico para verificar suas condições clínicas e tenham profissionais capacitados, como os fisioterapeutas, para auxiliar nas práticas.

"É preciso estar atento, já que muitas vezes por se sentir frágil ou com dor, os pacientes acabam evitando se exercitar, mas é recomendado justamente o contrário. A prática de atividade física, quando bem executada, vai ajudar a reduzir o processo de degeneração das articulações, vai proporcionar ganho de massa muscular e auxiliar no alívio das dores, permitindo melhor desempenho nas atividades", alerta a fisioterapeuta Elisa Cavalheiro Libardi.

Segundo a fisiologista Vilela, existem exercícios específicos para melhorar a condição das articulações a fim de dar maior amplitude e liberdade aos movimentos, sempre associados aos exercícios de força e resistência muscular (musculação é ideal) e atividade aeróbia (para fortalecer a condição do coração e dos pulmões).

"Devemos pensar na saúde como uma combinação de elementos, exatamente como uma orquestra funciona", diz.

A pedido de VivaBem, a fisiologista Bianca Vilela, mostra passo a passo 6 exercícios para melhorar a amplitude articular:

De acordo com a fisiologista, os exercícios devem ser feitos três vezes ou mais por semana, de 10 a 20 repetições (para cada lado, ou sentido, se for o caso). Eles devem ser feitos lentamente e buscando sempre aumentar a amplitude dos movimentos aos poucos.

Para realizar os exercícios na amplitude total, sem dores ou dificuldades, é preciso que a articulação deslize com fluidez e que as cartilagens estejam hidratadas. Isso também tem a ver com os músculos, que precisam estar devidamente aquecidos. Esta parceria entre articulação e músculos promoverá ótimos resultados em relação à amplitude/tamanho do movimento.

Dia a dia afetado

A falta de mobilidade articular também pode prejudicar as atividades cotidianas dos idosos, como a realização das tarefas domésticas.

Quando não funcionam bem, as articulações atrapalham a performance em qualquer situação, seja em uma prática esportiva ou tarefas domésticas. Pensando em um idoso, há uma tendência de ele, ao perceber que tem certa inaptidão, parar de executar determinadas atividades em sua casa.

Isso deve ser rapidamente percebido por sua família para mitigar o problema, explica Bianca Vilela. A seguir, a fisiologista mostra a postura certa e errada em 5 tarefas domésticas usuais: