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Dimas Covas: Perspectiva para vacina é boa, mas janeiro 'está muito longe'

Diretor do Instituto Butantan está otimista, mas reforça a necessidade de respeito às medidas preventivas - Dado Ruvic/Reuters
Diretor do Instituto Butantan está otimista, mas reforça a necessidade de respeito às medidas preventivas Imagem: Dado Ruvic/Reuters

De VivaBem, em São Paulo

03/08/2020 17h47Atualizada em 03/08/2020 18h26

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, se disse otimista com a candidata à vacina do novo coronavírus desenvolvida pela instituição em parceria com a chinesa Sinovac. Covas acredita que a imunização estará disponível já no início do ano que vem, mas alerta para a necessidade de a população continuar respeitando medidas de prevenção enquanto esse momento não chega.

"Se os resultados [dos testes em voluntários] aparecerem ainda neste ano, é muito provável — sou muito otimista — que nós tenhamos essa vacina já em janeiro ou fevereiro do próximo ano", disse o hematologista em entrevista à CNN Brasil. "É uma perspectiva muito boa, mas temos que lembrar que janeiro ainda está muito longe."

Covas lembrou que a CoronaVac, como é chamada, já demonstrou efetividade em torno de 90% em estudos anteriores, o que é um bom indício. Os 9 mil voluntários que participam da fase atual estão sendo acompanhados diariamente e os resultados dessas análises são esperados para outubro.

"A partir daí, trata-se de registrar e usar a vacina. Ela estará disponível aqui no Butantan para produção em larga escala a partir de outubro. Nós temos uma previsão inicial de 60 milhões de doses e, se for comprovada essa eficácia, essas doses poderão ser aplicadas a partir de janeiro do próximo ano", acrescentou.

O diretor do Instituto Butantan ainda disse não temer problemas de logística ou de falta de insumos — como seringas, por exemplo —, o que poderia prejudicar a distribuição da vacina no Brasil. Ele admite que o risco existe, mas confia na experiência do Brasil e do próprio Butantan, para o qual a produção de vacinas "não é um processo novo".

"Essa vacina tem uma característica: ela é baseada em um processo produtivo que o Butantan domina. O Butantan conhece os fornecedores, tem experiência, tem conhecimento dos equipamentos que são usados... Ou seja, não é um processo novo. Como eu digo sempre, o Butantan tem a cozinha, tem o forno, tem a panela. Neste momento, estamos testando a fórmula, a receita de bolo."

Medidas preventivas

Dimas Covas - Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo - Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo

Mesmo confiante na CoronaVac, Dimas Covas reforçou a necessidade de se respeitar o distanciamento social, as medidas de higiene e o uso da máscara. No Brasil, disse ele, a epidemia não mostra sinais de que está regredindo e as políticas de quarentena não devem ser "abolidas", mesmo após a flexibilização.

"Nós estamos no meio da epidemia, então o distanciamento social tem que ser mantido, sim. Se há necessidade de uma flexibilização maior em certos setores, isso não pode abolir as medidas de quarentena. Nós temos que ter consciência e manter essas medidas enquanto a epidemia não desaparecer ou enquanto, de fato, não chegar a vacina", alertou.

Questionado sobre uma fala do diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, sobre a possibilidade de nunca haver uma "bala de prata" contra a covid-19, Covas concordou, ainda que acredite que os conhecimentos sobre a atual pandemia já são "sólidos".

"Nós estamos muito próximos de ter uma vacina", reiterou, "mas as vacinas são medidas preventivas, não curativas. O que já se aprendeu está se consolidando muito rapidamente, esses conhecimentos já são sólidos. Na minha opinião, teremos, sim, vacinas eficientes. Podemos não 'terminar' [com o vírus], mas seguramente poderemos conviver com ele de maneira mais segura."