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Fernanda Nobre congela óvulos por "medo"; até que idade pode ser feito?

Reprodução / Internet
Imagem: Reprodução / Internet

Priscila Carvalho

Do VivaBem, em São Paulo

16/07/2020 13h31

Nesta quinta-feira (16), a atriz Fernanda Nobre disse que congelou seus óvulos. Aos 36 anos, a artista informou que ainda não está certa de que quer ser mãe.

"Eu congelei os óvulos por medo de me arrepender em algum momento. Eu não sei até que ponto quero ter um filho ou apenas responder a uma expectativa da sociedade. Eu acho que, se quisesse, já teria tido. Mas eu realmente não quero mudar minha vida agora para essa vida de mãe. Não é melhor nem pior, só não é o que eu gostaria", disse em entrevista ao jornal O Globo.

De acordo com especialistas, está cada vez mais frequente a procura pelo procedimento. A técnica permite que mulheres tenham um estoque de óvulos de boa qualidade e em quantidade ideal para tentar uma fertilização no momento em desejarem ter filhos.

Mas existe uma idade mais aconselhada para fazer isso. De acordo com Claudia Gomes Padilha, médica especialista em reprodução humana e diretora médica do grupo Huntington, após os 35 anos, há uma queda natural da fertilidade, da qualidade e da quantidade de óvulos, por isso dizemos que o indicado é coletar o material até essa idade.

Enquanto as chances de efetividade de uma fertilização com óvulos de uma mulher de 35 anos chegam a 60%, elas caem para menos de 10% após os 40 anos.

O congelamento de óvulos também é recomendado para mulheres diagnosticadas com alguns tipos de câncer, antes de submeterem às sessões de quimio e radioterapia, procedimentos que acabam afetando a fertilidade.

Sérgio Pereira Gonçalves, ginecologista com especialiazação em Reprodução Humana Assistida pela FEBRASGO e membro da ASRM (American Society for Reproductive Medicine) que nem sempre congelar os óvulos é garantia de sucesso. Ao congelar os óvulos a paciente fica com uma falsa impressão de que a fertilidade está garantida e preservada, mas nem sempre é assim. "Quando o congelamento de óvulos ocorre até os 35 anos, a chance de sucesso do tratamento é de até 50%. Depois dos 40, esse número cai para quase 5%, explica.

Como funciona

O processo se assemelha a uma fertilização in vitro. Na primeira consulta, o especialista deve solicitar uma série de exames, que vão desde os de rotina ginecológica, para detectar hepatite, HIV e outras viroses, até os específicos, que medem a quantidade e qualidade dos óvulos.

O próximo passo é a estimulação hormonal da ovulação, feita por meio da aplicação de injeções subcutâneas por cerca de dez dias. "Nesse período, a mulher precisa realizar ultrassons todos os dias para verificar o crescimento dos folículos nos ovários", explica a médica Claudia Padilla. Por conta dos hormônios, é comum que as mulheres sintam sintomas de uma tensão pré-menstrual mais forte, como inchaço e mudanças de humor. "Mas não engorda", diz Padilla.

Em seguida, aplica-se uma última injeção, que induz o amadurecimento dos óvulos. Dois dias depois, é realizada a coleta do material, o que é feito na clínica com a mulher sedada. Em geral, é preciso realizar o processo por no mínimo dois ciclos, para atingir o número ideal de óvulos, de dez a 20.

Esse material pode ficar guardado no laboratório por tempo indeterminado, até que a mulher decida engravidar. Quando isso acontece, os óvulos são descongelados e é realizada a fertilização. Vale lembrar que mesmo fazendo o procedimento, não é garantia que a técnica dê certo.

*Com informações de matéria publicada em 07/06/2019 e 04/02/2020.