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Harvard desenvolve algoritmo que prevê se remédio causará efeito colateral

As descobertas também oferecem insights sobre como o corpo humano responde aos compostos de drogas no nível molecular - jaouad.K/iStock
As descobertas também oferecem insights sobre como o corpo humano responde aos compostos de drogas no nível molecular Imagem: jaouad.K/iStock

Do VivaBem, em São Paulo

18/06/2020 18h04

Um novo programa pode prever se um medicamento causa algum efeito colateral no corpo. Os cientistas acreditam que o algoritmo pode ajudar médicos a escolher qual seria a melhor opção para o paciente.

O projeto foi desenvolvido por uma parceria entre pesquisadores da Harvard Medical School e do Novartis Institutes for BioMedical Research, e foi publicado no periódico EBioMedicine, na quarta-feira (17).

Como o estudo foi feito

Para montarem o programa, os cientistas usaram dois bancos de dados. Um contendo 600 mil relatórios médicos de reações adversas a medicamentos relatadas até 2014 e outro com informações de 184 proteínas que costumam interagir com 2.000 medicamentos diferentes.

Segundo eles, um único medicamento geralmente interage com várias proteínas no corpo, e alguma dessas interações pode gerar efeitos colaterais. Então, eles construíram um algoritmo de computador para bater ambas as informações que tinham dos bancos de dados e talvez encontrar quais eram as proteínas culpadas por essas interações não esperadas.

Os resultados foram animadores. O algoritmo descobriu 221 associações entre proteínas específicas e reações adversas a medicamentos. De acordo com os pesquisadores, essas associações indicaram tanto quais eram as proteínas que contribuíam para efeitos colaterais quanto as "inocentes", sem relações com as reações adversas.

Placebo remédio - iStock - iStock
O algoritmo pode ajudar com essas previsões antes que um medicamento seja testado em humanos
Imagem: iStock

Por exemplo, comprovou-se que a ligação à proteína hERG pode causar arritmias cardíacas. A proteína PDE3 está associada a mais de 40 reações adversas a medicamentos.

Utilidade médica

Os pesquisadores já alimentaram o algoritmo com informações atualizadas. A equipe adicionou relatórios coletados de 2014 a 2019, alguns dos quais revelaram efeitos colaterais que não haviam sido observados antes. A ideia é que ele ajude médicos e cientistas a prever se um medicamento causa algum efeito colateral por si só ou quando combinado com outros remédios.

Mas ainda há muito pela frente. "Nosso trabalho não é de forma alguma um entendimento completo de eventos adversos a medicamentos, porque muitos outros genes e proteínas podem contribuir para os quais nenhum ensaio está disponível ou nenhum medicamento foi testado", disse o principal autor do artigo Robert Ietswaart, pesquisador de genética no laboratório, em um comunicado à imprensa.

Segundo ele, embora os pesquisadores tenham fortalecido o modelo o máximo que puderam, o algoritmo ainda avalia menos de 1% dos 20 mil genes humanos.

Por mais que ele não possa prever todos os possíveis efeitos adversos, os cientistas esperam que o trabalho ajude os pesquisadores a identificar problemas em potencial no início e a desenvolver medicamentos mais seguros no futuro.