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De enfermeira a paciente: "Descobri um câncer no dia do meu aniversário"

Juliana precisou fazer todos os tratamentos para curar o câncer - Arquivo pessoal
Juliana precisou fazer todos os tratamentos para curar o câncer Imagem: Arquivo pessoal

Priscila Carvalho

Do VivaBem, em São Paulo

11/06/2020 04h00

Juliana Aparecida Ponciano, 37, trabalhou quase a vida inteira no hospital oncológico de Amor, em Barretos, no estado de São Paulo. Para sua surpresa, ela deixou de ser enfermeira e virou paciente depois de descobrir um câncer de mama. E o mais triste: a descoberta do nódulo foi no dia do seu aniversário. Abaixo, ela conta como venceu a doença e revela que teve medo de morrer.

"Em maio de 2018, senti um nódulo no meu seio. Estava me trocando, apalpei meu peito e achei que ali não tinha algo normal. Lembro que coçava e já estava com quase dois centímetros. Esse autoexame foi bem no dia do meu aniversário. Fiquei bastante preocupada e por isso resolvi fazer a biópsia.

No começo, estava confiante já que não tinha ninguém na minha família com histórico da doença, mas depois comecei a ficar bem apreensiva por que trabalhava havia muitos anos na área de oncologia. O médico em que passei também ficou meio preocupado: pude notar no rosto dele.

Juliana 3 - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Passados 15 dias, tive o resultado e era maligno. Aí foi uma sucessão de baques. Meses antes havia sido promovida e sentir aquele nódulo no dia do meu aniversário realmente mexeu comigo.

Tive que ser afastada para começar a fazer o tratamento. Primeiro, fiz a cirurgia para a retirada, mas tive algumas intercorrências, o que dificultou ainda mais a minha recuperação. Tive necrose na mama em que operei. Infelizmente, sabia que isso poderia ocorrer, mas foi bem desgastante, ficava feio e mexia com o meu psicológico.

Fiz todos os curativos, cuidei e logo depois já comecei a quimioterapia. Foram seis meses de tratamento e 16 sessões. Era muito enjoo, fraqueza e cansaço. As últimas sessões foram as mais difíceis. Mudaram da branca para as vermelhas. Normalmente, as vermelhas são mais agressivas e tinha bastante efeito colateral. Depois, iniciei a radioterapia. Foram 19 sessões e mais idas ao hospital.

Medo de morrer

Lembro que ao descobrir a doença meu mundo caiu. Mesmo sendo profissional de saúde, lidando com a morte o tempo todo, não queria ter que pensar ou passar por isso. Quando ela está próxima da gente é bem diferente, é muito mais difícil e, na época, tinha 35 anos, o que era ainda mais doloroso de aceitar.

Tinha uma filha pequena e não queria pensar que ela poderia ficar sozinha. Ainda bem que tive o apoio da família e segui firme fazendo todos os tratamentos.

E claro que mexe muito com autoestima da mulher. Não é simplesmente um cabelo. Tinha o cabelo na cintura, amava os fios e também pensava o que poderia acontecer com o meu seio. Graças a Deus não precisei tirar a mama, só o quadrante. Passou-se quase um ano entre todos os processos até a minha 'alta'.

Juliana 2 - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

No mês de maio de 2020, completou um ano da minha última sessão de radioterapia, e hoje preciso fazer acompanhamento médico a cada seis meses.

Me sinto uma vitoriosa e fico muito feliz de ter saído dessa viva e sem sequelas. Depois que fiquei curada, voltei ao trabalho renovada e com vontade de ajudar ainda mais os pacientes. Foi uma vitória."