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Quais são os riscos de tomar hidroxicloroquina para prevenção, como Trump

Trump falou ontem que está tomando hidroxicloroquina de maneira preventiva - Getty Images
Trump falou ontem que está tomando hidroxicloroquina de maneira preventiva Imagem: Getty Images

Giulia Granchi

Do VivaBem, em São Paulo

19/05/2020 10h49

Embora a FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora dos EUA advirta contra o uso do medicamento fora de ensaios clínicos ou em ambientes hospitalares devido ao risco de problemas cardíacos, o presidente norte-americano Donald Trump afirmou estar tomando a medicação há algumas semanas (ele não está infectado com o coronavírus e faria o uso preventivo, que não é recomendado por especialistas).

O medicamento é amplamente usado para no combate a doenças como lúpus e atrite reumatoide, mas ainda não há comprovação de sua eficácia e segurança contra a covid-19 —e estudos recentes apontam que a droga não oferece benefícios significativos para os acometidos pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2).

Alguns hospitais estudam a administração a seus pacientes e parte dos especialistas defende que a droga deve ser usada quando os benefícios são considerados maiores do que os riscos (quando, por exemplo, o paciente já está em estado grave). No entanto, os profissionais de saúde são assertivos em afirmar que o remédio não deve ser usado em casa, sem acompanhamento médico, por oferecer riscos à saúde.

De acordo com Vivian Avelino-Silva, médica infectologista do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), os efeitos de toxicidade variam de acordo com o organismo de cada pessoa. Os riscos podem ser maiores para aqueles que já apresentam quadros que debilitam a saúde —como doenças cardíacas.

Os medicamentos podem causar problemas como distúrbios de visão, irritação gastrointestinal, alterações cardiovasculares e neurológicas, cefaleia, fadiga, nervosismo, quem tem psoríase ou porfiria pode ter ataque agudo da doença, prurido, queda de cabelo e exantema cutâneo.

Um dos efeitos adversos mais citados pelos médicos brasileiros é a arritmia (alteração no ritmo das batidas cardíacas). "A própria infecção pelo Sars-CoV-2 já coloca o coração em risco em uma boa porcentagem de pacientes, provocando entre outros males uma inflamação no músculo cardíaco", aponta o cardiologista Martino Martinelli, professor da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).*

Como a cloroquina e a hidroxicloroquina têm partículas que se encaixam bem no lugar de íons que provocariam um novo batimento cardíaco, o efeito da droga pode levar a um descompasso, aumento o risco, entre outros problemas, de uma parada cardíaca.

Não use em casa

Em uma coletiva de imprensa em março, o ex-ministro da Saúde e médico Luiz Henrique Mandetta, afirmou que a hidroxicloroquina não deve ser utilizada de forma irresponsável e em casa. "Usar esse medicamento fora do ambiente hospitalar não é seguro. Deve ser feito em condições de segurança e acompanhamento médico, porque pode ter alterações no ritmo do coração".

Quais são as contraindicações?

É importante ressaltar que a droga não deve ser usada como profilaxia. A hidroxicloroquina é contraindicada para pacientes que apresentam:

  • Retinopatias preexistentes
  • Alérgicos a cloroquina (raro)
  • Diagnóstico de porfiria, miastenia gravis ou arritmia
  • Pacientes em uso de digoxina, amiodarona, verapamil ou metoprolol
  • Hipersensibilidade conhecida aos derivados da 4-aminoquinolina
  • Menos de seis anos de idade

*Com informações da reportagem de Lúcia Helena