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Fluxo do ar condicionado facilita transmissão pelo ar do novo coronavírus

Estudo chinês acredita que fluxo do ar condicionado levou gotículas contaminadas para distâncias maiores que um metro Imagem: iStock

Danielle Sanches

Do VivaBem, em São Paulo

04/05/2020 16h24

Um novo estudo publicado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Guangzhou, na China, levantou novamente o debate sobre qual a distância que o novo coronavírus pode se espalhar no ar e qual o papel que ambientes fechados e mal ventilados têm na transmissão do vírus.

O trabalhou analisou 10 casos do novo coronavírus que foram rastreados até um restaurante em Guangzhou, a mais de 900 quilômetros de distância do epicentro da doença, em Wuhan. Os pacientes começaram a apresentar os primeiros sintomas em janeiro de 2020.

O estudo envolveu a análise das famílias A (de onde vem o paciente que originou a contaminação), B e C. O paciente que originou a infecção não apresentava sintomas e saiu de Wuhan com a família, onde se reuniu com eles para almoçar em um restaurante. Ao seu lado, sentaram-se em mesas a cerca de um metro de distância familiares da família B e C.

Naquele mesmo dia, o paciente A1 apresentou tosse e febre e procurou o hospital. Em 5 de fevereiro, um total de nove pessoas (quatro da família A, três da família B e dois da família C) foram diagnosticados com covid-19.

A única ligação entre todos eles era o almoço realizado no mesmo restaurante. Mas o paciente A1 estaria, teoricamente, muito longe para infectar as outras mesas — a forma principal de contaminação é por meio das secreções que saem durante a fala, em espirros ou tosse. Como, então, o vírus se espalhou?

Fluxo do ar condicionado

Os cientistas revisitaram o cenário para analisar as possibilidades. Naquele dia, 91 pessoas — 83 clientes e oito funcionários — estiveram no local. Mas apenas os dez pacientes citados foram infectados. Análises nos aparelhos de ar condicionado também não resultaram em positivo para a presença do vírus.

Eles concluíram que o fluxo de ar do aparelho de ar condicionado, localizado próximo às três mesas, fez com que as gotículas (partículas maiores que saem enquanto falamos, por exemplo) fossem levadas para mais longe do que o esperado (espera-se que elas atinjam uma distância menor do que um metro) e chegassem até as mesas das famílias B e C.

Os pesquisadores também levantaram a possibilidade de que o "ventinho" do ar condicionado tivesse espalhado gotículas menores, chamadas aerossóis, conhecidas por serem mais leves e viajarem a distâncias maiores no ar. No entanto, os especialistas descartaram essa possibilidade, já que nenhum outro cliente ou funcionário ficou doente.

Pouca ventilação também influencia

O papel do fluxo do ar condicionado na contaminação desses 10 pacientes em Guangzhou também foi constatado em outro estudo recente, dessa vez feito por pesquisadores da University of Hong Kong em colaboração com especialistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Guangdong.

O estudo, que ainda precisa ser revisado por outros colegas, usou manequins e um gás específico que permitisse ter seu caminho rastreado para analisar se as partículas do paciente A1 poderiam ter se espalhado por outras mesas a partir do fluxo de ar do aparelho de ar condicionado.

Além de concluírem que o fluxo do ar condicionado levou as partículas contaminadas para as outras mesas, os pesquisadores também perceberam que a falta de ventilação do espaço e a lotação (que era alta no dia) aumentaram ainda mais a propagação do vírus, e reforçaram que síndromes respiratórias costumam se propagar com facilidade em espaços mal ventilados e com aglomerações.

O que isso muda?

Os dois estudos dão mais evidências a respeito da forma de transmissão do vírus. Embora ainda não seja possível dizer com certeza que ele seja transmissível pelo ar, os cientistas mostraram que, em condições específicas, as gotículas com vírus que saem da boca durante a fala, espirro ou tosse podem viajar a uma distância maior do que dois metros — a distância média recomendada que devemos manter de outras pessoas.

No entanto, na prática, isso não deve mudar o que vem sendo feito para evitar a propagação do vírus. Os próprios autores dos estudos afirmam que, para a prevenção do contágio, o melhor é aumentar a distância entre as mesas e manter o ambiente ventilado e arejado — medidas que já são recomendadas atualmente.

Locais que favorecem aglomerações estão fechados na maior parte do País. Já em ambientes fechados e com pouca ventilação natural, como supermercados, por exemplo, a recomendação também segue a mesma: usar máscara, evitar colocar as mãos no rosto e utilizar álcool em gel sempre que possível. Por fim, a etiqueta respiratória continua válida: se estiver com sintomas respiratórios, não saia de casa e evite contato com outras pessoas.

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