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Coronavírus: cientistas de Oxford preveem vacina para setembro

Se os testes derem certo, cientistas esperam ter a vacina até setembro - Getty Images
Se os testes derem certo, cientistas esperam ter a vacina até setembro Imagem: Getty Images

Gabriela Ingrid

Do VivaBem, em São Paulo

29/04/2020 12h04

Enquanto o mundo corre para encontrar uma vacina contra o novo coronavírus, cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, já começaram a realizar testes em humanos. Se provar ser eficaz, os primeiros milhões de doses poderão estar disponíveis até setembro.

Chamada de ChAdOx1 nCoV-19, essa nova vacina é produzida a partir de uma versão enfraquecida de um vírus do resfriado comum. Os pesquisadores adicionaram um material genético do coronavírus que é responsável pela produção das proteínas encontradas na superfície do Sars-CoV-2.

O novo coronavírus usa essa proteína "spike" para se ligar aos receptores ACE2 nas células humanas e obter acesso às células para causar uma infecção. Os cientistas esperam que, ser vacinado com o ChAdOx1 nCoV-19, o corpo reconheça o vírus e desenvolva uma resposta imune à proteína "spike". Isso ajudaria a impedir que o Sars-CoV-2 entre nas células humanas e, portanto, vai evitar a infecção.

Até agora, 550 participantes receberam a vacina e outros 550 receberam um placebo. Mais de 320 pessoas vacinadas se mostraram seguras e com uma boa tolerância, embora tenham demonstrado efeitos colaterais temporários, como mudanças na temperatura, dor de cabeça ou dor no braço.

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O Sars-CoV-2 tem uma coroa de proteínas que se ligam aos receptores ACE2 nas células humanas e obter acesso às células para causar uma infecção
Imagem: iStock

Por que Oxford foi tão rápido?

A previsão de especialistas para termos uma vacina eficaz é para daqui um ano e meio a três anos. Mas os cientistas da universidade britânica têm uma vantagem: já haviam desenvolvido a tecnologia em trabalhos anteriores sobre inoculações para outros vírus, incluindo um parente próximo do causador da covid-19, o coronavírus que provoca a Mers.

Em uma entrevista à emissora CBS, Sarah Gilbert, professora de vacinologia da universidade, afirmou que isso dá segurança aos resultados dos testes: "Pessoalmente, eu tenho um alto grau de confiança sobre esta vacina, porque é a tecnologia que eu já usei antes".

Quando soube em janeiro que os cientistas chineses haviam identificado o código genético do novo coronavírus em Wuhan, ela quis testar a abordagem antiga, para ver se daria certo. "Nós pensamos: 'Bem, devemos tentar? Será um pequeno projeto de laboratório e publicaremos um artigo'", disse Gilbert em uma entrevista ao The New York Times.

E parece que deu certo, pelo menos em macacos. Em março, cientistas do Instituto Nacional de Saúde de Montana inocularam seis macacos rhesus com doses únicas da vacina de Oxford. Ao serem expostos a grandes quantidades do Sars-CoV-2, os animais se mostraram protegidos, mesmo 28 dias depois do teste. Segundo os pesquisadores, o macaco rhesus era o animal mais próximo que tinham dos seres humanos.

Agora, os testes em humanos começaram. Em maio, os cientistas de Oxford iniciarão um estudo combinado de Fase II e Fase III, envolvendo outras 5.000 pessoas, para provar eficácia e segurança.

A equipe irá comparar o número de infecções no grupo controle com o número de infecções no grupo vacinado. A rapidez desse resultado vai depender dos níveis de transmissão de vírus na comunidade —quanto mais gente infectada, mais rápido conseguirão um número suficiente de participantes. Afinal, não é ético infectar um humano propositalmente apenas para testar a vacina.

"Se a transmissão continuar alta, podemos obter dados suficientes em alguns meses para ver se a vacina funciona, mas se os níveis de transmissão caírem, isso pode levar até seis meses", disseram os pesquisadores.