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Histórias de quem mudou hábitos em busca de mais saúde


Após ser internado 3 vezes devido à obesidade, ele perdeu 32 kg em 5 meses

Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Bárbara Therrie

Colaboração para o VivaBem

23/04/2020 04h00

Estressado, debilitado, divorciado e com vários problemas de saúde devido ao excesso de peso. Foi assim que o empresário Thiago Monteiro Bianchi, de 30 anos, se encontrava no final do ano passado. Decidido a se tornar uma pessoa saudável, ele foi dos 122 kg aos 90 kg em cinco meses com corrida e reeducação alimentar. A seguir, o santista relata como conseguiu:

"Aos 14 anos, eu já pesava 110 kg. Não praticava nenhum esporte regularmente e só fazia aula de educação física uma vez por semana na escola. Em uma dessas aulas, passei mal durante um jogo de futebol. Minha pressão subiu a 19 por 12 e cheguei ao hospital desmaiado.

O médico disse que minha pressão estava alta por causa da obesidade e que eu teria de emagrecer. O médico me passou um remédio para controlar a hipertensão e disse quem até fazer efeito, eu não poderia participar de nenhuma atividade nem brincadeira. Fiquei chateado e decidi me esforçar para perder peso.

Thiago 2 - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Minha mãe me levou à nutricionista, que me passou uma dieta. Em quatro meses, sequei 32 kg e cheguei a 78 kg. Para ajudar a manter a forma, fazia musculação e jiu-jítsu todos os dias. Eu me mantive ativo até os 18 anos, quando comecei a fazer faculdade e a trabalhar. Aí, parei com as atividades físicas por falta de tempo. Também relaxei na alimentação: comia no horário que dava e o que tinha de mais rápido e fácil para comer. Meu jantar antes da aula era coxinha, quibe, bolinho de queijo...

Meu problema sempre foi comer muito rápido, por causa da ansiedade, e em grande quantidade. Ia em uma festa infantil e não parava de mastigar enquanto não acabasse com o último salgadinho da bandeja. Era o típico 'olho gordo'. Comia tanto que ficava empantufado, com dor no estômago e sensação de inchaço. Não tinha preferência por doce ou salgado, gostava de tudo: pães, massas, frituras, bolacha recheada, bolo, chocolate, fast-food, suco em pó.

Com essa péssima alimentação e sedentário, não é preciso dizer que logo voltei a ganhar muitos quilos. Na frente das pessoas, eu demonstrava que estava bem, que não me importava com o sobrepeso. Meus amigos me chamavam de gordinho. Por fora, eu fingia que não ligava, mas, por dentro, me incomodava.

Não me sentia uma cara atraente, bonito, feliz. Moro em Santos e não ia à praia por vergonha do meu corpo. Além disso, tinha muita dificuldade em achar roupas. Até encontrava algumas peças número 56, mas não eram modernas, para a minha idade. Tinham um estilo mais velho. Isso deixava minha autoestima lá embaixo.

Na tentativa de emagrecer, fiz várias dietas malucas e restritivas, que me faziam passar mal e ficar sem energia. Na época eu era casado e não tinha paciência para ir a um parque ou shopping passear com a minha ex-esposa. Só queria sair de casa se fosse para comer. Ela nunca me censurou por estar obeso, mas sempre me dizia para eu cuidar da minha saúde. E ela estava certa. Em menos de três meses eu tive alguns problemas e fiquei internado três vezes.

A primeira foi um dia em que fui ao hospital com mal-estar, sem energia, suando frio e com diarreia. Achei que fosse virose, mas fiz alguns exames e foi constatado baixo potássio. O médico disse que o remédio da pressão possivelmente estava causando isso. Fiquei internado para fazer a reposição do mineral.

Thiago 3 - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Tive um segundo episódio de baixo potássio e ainda fiquei com o rosto ferido, inchado e dolorido. Os médicos descobriram que era herpes zoster. Estava com a imunidade muito baixa e mais uma vez fiquei internado.

Ao me recuperar, achei que precisava voltar a emagrecer para dar um basta nesses problemas. Entrei no crossfit e fiz uma semana de aula. Achei que poderia perder em dias o que ganhei em mais de dez anos. Forcei tanto a musculatura que tive uma inflamação no corpo inteiro. Fui internado mais uma vez.

A mudança de hábitos

Ao me ver aos 30 anos, com 122 kg, vários problemas de saúde e tomando um monte de remédio, fiquei assustado. Segundo o cardiologista, meu coração parecia de alguém mais velho. Ele me aconselhou a buscar um estilo de vida mais saudável para não me prejudicar ainda mais. As coisas não estavam nada boas para mim na área pessoal e profissional. Estava estressado, gordo, debilitado e tinha acabado de me separar da minha ex-esposa.

Percebi que precisava começar minha vida do zero. Essa mudança teve início em novembro de 2019 e a primeira etapa seria cuidar da minha saúde e emagrecer. Tracei como meta eliminar 40 kg. Minha primeira atitude foi procurar uma equipe multidisciplinar formada por fisiologista, nutrólogo e nutricionista. Eles me pediram exames e, como já era de se esperar, estava com alterações no triglicérides, colesterol alto, pré-diabético e com gordura no fígado.

Queria mudar, mas precisava de um incentivo diferente para não desistir dos meus objetivos facilmente. Achava que a única forma de emagrecer seria parando de comer. Meu problema era querer um resultado imediato. A nutricionista me explicou que as coisas não funcionavam assim, que a perda de peso seria gradativa. Ela disse que eu teria de fazer reeducação alimentar, substituir os alimentos calóricos e poucos saudáveis por comidas nutritivas.

O fisiologista me aconselhou a fazer caminhadas leves para me habituar à prática de exercícios físicos novamente. Dessa forma, eu não sentiria tanta dor e a chance de me lesionar seria baixa. Segui as recomendações dele e comecei a caminhar no calçadão da praia. À medida que ganhava mais fôlego, eu aumentava a distância e intercalava com uns trotezinhos, sempre respeitando os limites do meu corpo.

Na alimentação, passei a fazer cinco refeições por dia. No café da manhã, comia ovo, torrada ou uma fatia de pão integral, fruta, café preto ou chá. Troquei o açúcar pelo adoçante. Entre o café da manhã e almoço, comia duas castanhas. No almoço, arroz integral, um pouco de feijão, salada à vontade e peixe, carne ou frango. No chá da tarde, uma fruta ou uma torrada com chá. No jantar, o prato tinha duas fatias de pão integral, salada e uma proteína. No fim de semana, a nutricionista liberou comer uma besteirinha e tomar uma cerveja, sem excesso.

Thiago 4 - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Como precisava pesar todos os alimentos que consumia para não errar na quantidade, passei a preparar as minhas refeições em casa. Deixar de ir a restaurantes por quilo foi bom nesse processo. Por mais que haja opções saudáveis, a gente vai pegando um pouquinho de cada opção e quando vai ver o prato está cheio.

Com esses novos hábitos, perdi 10 kg em um mês e atingi 112 kg.

No segundo mês, já me sentia melhor fisicamente e comecei a intercalar caminhada e corrida. Olhava com admiração aquelas pessoas que corriam na orla e queria imitá-las. Acordava às 5h da manhã, comia uma fruta e ia treinar. Fazia geralmente uns 10 km, voltava para casa, tomava banho e ia trabalhar. Nesse ritmo, sequei mais 6 kg.

Em cinco meses, emagreci 32 kg e alcancei 90 kg. Ainda faltam 10 kg, mas já estou satisfeito com minha conquista. Mudei a alimentação e comecei a fazer exercícios para deixar de ser obeso, não ter um corpo forte e musculoso. Meu objetivo sempre foi saúde, não ter mais doenças ligadas à obesidade. Repeti os exames recentemente e está tudo dentro do normal.

Ao longo dos meses, a corrida deixou de ser apenas um meio para emagrecer e se tornou uma paixão. Passei a treinar e a me preparar, quatro vezes na semana, para fazer a minha primeira meia maratona (21 km). A minha estreia na distância seria em uma prova agora no meio do ano, mas a corrida foi adiada por causa do coronavírus. Mas sigo focado nos treinos e, devido ao isolamento social, corro às 4h da manhã.

Hoje, eu me sinto disposto e bem comigo mesmo. Estou feliz e realizado. Dessa vez, o diferencial no meu processo de emagrecimento foi que fiz as coisas com vontade e sem ansiedade. Quando não nos cuidamos, desistimos de nós. Não adianta apenas saber que precisamos nos exercitar e comer corretamente, precisamos querer. Isso é fundamental para atingir nossos objetivos."