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Covid-19: por que jovens morrem? Gene e imunidade podem ajudar a explicar

Imagem: Scott Gries/Equipa

Giulia Granchi

Do VivaBem, em São Paulo

16/04/2020 04h00

O crescente número de mortes devido à covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) aumenta o estado de alerta no mundo todo. O susto é ainda maior quando as notícias apontam a morte de pessoas jovens e aparentemente saudáveis —sem as comorbidades do grupo de risco.

As respostas do porquê essas mortes acontecem ainda são desconhecidas, mas pesquisas científicas e profissionais de diferentes áreas da saúde já investigam teorias sobre a razão de pessoas fora do grupo de risco também serem afetadas pelo quadro.

Gene ACE-2 como porta de entrada

Segundo uma pesquisa feita pela USP (Universidade de São Paulo), alterações no metabolismo causadas pelas doenças indicadas como grupo de risco podem desencadear uma série de eventos bioquímicos que levam a um aumento na expressão do gene ACE-2, responsável por codificar uma proteína à qual o vírus se conecta para infectar as células.

Mas de acordo com especialistas, para quem não tem comorbidades, o gene ACE-2 também indica uma possível explicação de por que ocorrem casos graves, já que ele funciona como um receptor molecular —uma "porta de entrada" do vírus nas células.

"A comunidade médica já sabe hoje que algumas variantes genéticas nesse gene —que podem ocorrer em qualquer pessoa, como o DNA difere normalmente de indivíduo para indivíduo— podem aumentar ou diminuir os sintomas da doença como também podem levar à letalidade em casos de pacientes jovens", aponta Ciro Martinhago, doutor pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) e geneticista da Chromosome Medicina Genômica.

Em outras palavras, a teoria aponta que, se seu código genético for "premiado" com uma alteração que facilite a entrada dos vírus nas células, as chances de desenvolver um quadro grave da covid-19 seria maior.

"Se o vírus estiver apenas na circulação sanguínea, o sistema imunológico consegue reconhecê-lo e combatê-lo. Quando ele é internalizado na célula —o que pode ocorrer com maior facilidade para quem tem a alteração no gene— consegue se reproduzir rapidamente e infectar outras células", aponta Pedro Galante, geneticista e pesquisador sênior do Hospital Sírio Libanês (SP).

Reação exagerada do sistema imunológico

Quando várias células já estão infectadas, seu próprio sistema imunológico, que serve para protegê-lo contra vírus e bactérias, pode oferecer risco. O novo coronavírus (SARS-CoV-2) pode infectar algumas das células de defesa e fazer com que elas entrem uma luta desproporcional no organismo.

Confusos com a infecção do vírus, neutrófilos e linfócitos T citotóxicos, importantes células de defesa, podem entrar em atividade exaltada, combatendo tanto o inimigo quanto outras células saudáveis —prejudicando a defesa e causando danos a tecidos saudáveis.

Embora não se saiba ao certo o porquê dessa reação exagerada acontecer em algumas pessoas e em outras não, a ciência já oferece algumas teorias apresentadas em um estudo.

"A primeira hipótese é que esses pacientes jovens e sem comorbidades já tenham entrado em contato com algum outro tipo de coronavírus (existem outras sete variedades), o que faz com que tenham uma desvantagem na resposta imunológica", aponta Carolina Sanchez Aranda , membro do Departamento Científico de Imunodeficiências da ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia).

Outra teoria, explica Aranda, indica que a quantidade de vírus com a qual você teve contato pode determinar se o quadro será mais grave —mesmo para jovens sem complicações de saúde.

"A diferença estaria naquele contato mínimo, como pode ser, por exemplo, a segurar no suporte do transporte público. Sua resposta inata (primeira linha de defesa do organismo) já atacaria o vírus. No segundo cenário, quando você recebe uma alta dose, o que acontece principalmente para os profissionais de saúde, já seria mais difícil de conter", esclarece.

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