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Coronavírus: o que sabemos sobre tratamentos e vacinas para covid-19

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Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

28/03/2020 16h22

Desde que os primeiros casos de covid-19 —a doença causada pelo novo coronavírus — foram registrados no final de fevereiro deste ano e começaram a aumentar rapidamente em março, as pessoas têm se perguntando sobre o tratamento e a cura dessa doença.

Até o momento, pouco se sabe, mas diversas entidades e cientistas no Brasil e no mundo têm se debruçado sobre essa questão, buscando formas de tratamento, vacinas e remédios que ajudem a conter os sintomas.

Existem remédios eficazes contra a covid-19?

Como a covid-19 é uma doença viral e nova, não há um remédio específico que possa conter seus sintomas. Mas a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou que mais de 200 medicamentos já usados para doenças virais vêm sendo testados para esse quadro.

Mariângela Simão, diretora-geral assistente para Acesso a Medicamentos, Vacinas e Produtos Farmacêuticos, disse em entrevista à ONU News que esses tratamentos estão sendo usados para terapias do HIV, da malária e do ebola. Mas afirma que esse tipo de pesquisa leva tempo.

Aqui no Brasil, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) está coordenando a o ensaio clínico Solidariedade (Solidarity), da OMS (Organização Mundial da Saúde) no Brasil, que acontecerá em 12 estados. A iniciativa testará a eficácia de alguns tratamentos para a covid-19, e incluirá somente pacientes hospitalizados, para atender à demanda mais urgente, que é a de oferecer tratamento para pacientes com quadros mais grave em 18 hospitais

Os tratamentos testados em cerca de 1.200 pacientes serão com as seguintes drogas:

  • Remdesivir
  • Lopinavir + ritonavir
  • Cloroquina
  • Hidroxicloroquina
  • Lopinavir com ritonavir e interferon 1A

E a cloroquina?

Nesse cenário, tem se destacado a cloroquina e a hidroxicloroquina. Os medicamentos já foram apontados tanto Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, quanto por Jair Bolsonaro como promissores para o tratamento da covid-19.

A cloroquina é um medicamento utilizado para tratar malária há mais de 70 anos. Porém, em 1970, observou-se resistência ao medicamento. Por isso, hoje ela é usada para somente um tipo de malária, a vivax, mais comum no Brasil. O remédio está disponível em duas apresentações no país: o sal de cloroquina (ou disfosfato de cloroquina) e a hidroxocloroquina, que também é indicada para doenças reumatológicas como o lúpus e a artrite reumatóide.

Apesar de ainda não haver evidências conclusivas sobre a eficácia da droga, cientistas de diferentes países dedicam tempo e esforços ao estudo de seus efeitos em pacientes com o novo coronavírus. É o caso do Brasil. Por aqui, pesquisadores do Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Sírio Libanês e BRICNet, uma rede que realiza estudos clínicos na área de medicina intensiva, juntaram esforços para encontrar respostas sobre a segurança e eficácia da hidroxicloroquina.

Além disso, há iniciativas isoladas com os medicamentos. Pelo menos quatro pacientes que estavam na UTI em estado grave no Hospital Igesp, em São Paulo, receberam alta após sete dias de uso de hidroxicloroquina em associação com outras medicações, como relatou Dante Senra, médico cardiologista e coordenador das UTI's do hospital, em entrevista ao VivaBem no dia 26 de março.

Senra afirma que, apesar de esperançosos, os resultados ainda são iniciais. "A impressão é muito favorável, mas como se trata ainda de um número pequeno, não há como estabelecer uma relação de causa e efeito." Eles não fazem parte da coalização covid-19, coordenada pela FioCruz.

Com 75 anos, a mãe dos diretores-fundadores da rede Prevent Senior, Fernando e Eduardo Parrilo, está internada em estado grave e é uma das primeiras pacientes a testar o tratamento com a cloroquina e a azitromicina (antibiótico usado para impedir infecções oportunistas), de acordo com Pedro Benedito Batista, cirurgião-geral e diretor-executivo da rede.

É importante lembrar que o remédio não deve ser usado por conta própria, já que as quantidades testadas muitas vezes são superiores do que as usadas nos tratamentos de malária, por exemplo. Portanto, não há como garantir a segurança dessas dosagens em longo prazo. Além disso, pessoas com lúpus e artrite reumatoide precisam desses medicamentos para seus tratamentos de saúde.

Por enquanto, como as pessoas vêm sendo tratadas?

Não existe tratamento específico para infecções causadas por coronavírus humano. No caso do novo coronavírus, é indicado repouso e consumo de bastante água, além de algumas medidas adotadas para aliviar os sintomas, conforme cada caso, como, por exemplo:

  • Uso de medicamento para dor e febre (antitérmicos e analgésicos).
  • Uso de umidificador no quarto ou tomar banho quente para auxiliar no alívio da dor de garganta e tosse.

Todos os pacientes devem ser alertados para a possibilidade de piora tardia do quadro clínico e sinais de alerta de complicações como: aparecimento de febre (podendo haver casos iniciais sem febre), elevação ou reaparecimento de febre ou sinais respiratórios, taquicardia (aumento dos batimentos cardíacos), dor pleurítica (dor no peito), fadiga (cansaço) e dispneia (falta de ar).

Pacientes com quadros mais graves da síndrome aguda respiratória podem precisar ficar internados para respirarem com ajuda de um ventilador mecânico. Há uma preocupação grande de que esses aparelhos não sejam suficientes para a quantidade de pessoas infectadas, assim como leitos nos hospitais e especialistas vêm pensando em diversas opções para resolver essa questão.

Já existe vacina contra o novo coronavírus?

Não, ainda não há uma vacina. Mas cientistas estão correndo atrás de uma e testes já vem sendo feitos. Pesquisadores brasileiros acreditam que uma estratégia traçada para desenvolver a vacina contra o ebola pode ser usada na busca por um imunizante contra o novo coronavírus.

A vacina contra o ebola é composta por fragmentos de proteínas (peptídeos) do vírus, capazes de estimular o sistema imune a produzir uma resposta protetora. Os pesquisadores então analisaram as células de defesa de sobreviventes da doença para entender a qual peptídeo elas responderam. Com base nisso, desenvolveram um imunizante que funcionou com apenas uma aplicação.

A ideia dos cientistas, que colaboram com laboratórios internacionais, é tentar colher amostras de infectados no Brasil para ver se a mesma lógica se aplica ao novo coronavírus.

Os Estados Unidos também já começaram a fazer os primeiros testes em humanos de uma vacina, com 45 voluntários saudáveis. Na China também há vacinas em teste. De todo modo, é necessário nesses experimentos muitos teste e observação por um longo tempo. Especialistas projetam que o desenvolvimento de uma vacina pode levar, em média, um ano e meio.