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Coronavírus: álcool gel falsificado não mata o vírus e pode irritar a pele

Álcool gel falso não mata o vírus, além de provocar reações na pele - Reprodução/wonderopolis
Álcool gel falso não mata o vírus, além de provocar reações na pele Imagem: Reprodução/wonderopolis

Priscila Carvalho

Do VivaBem, em São Paulo

20/03/2020 10h10

Um dos grandes aliados na prevenção contra o coronavírus é o álcool gel. Devido à alta procura, o preço do produto inflacionou. E para piorar ainda mais a situação, criminosos estão vendendo versões falsificadas.

Nesta quinta-feira (19), no Rio de Janeiro, um comerciante foi preso vendendo a substância adulterada por R$ 40. No metrô de São Paulo, a mesma situação ocorreu.

Vender álcool gel adulterado é crime. Além disso, o produto traz riscos e não age contra o vírus. Isso porque, ao produzir a substância, deve-se levar em consideração um local apropriado, temperatura adequada, além de bom conhecimento químico.

Leonardo Costa, professor de química da UFF (Universidade Federal Fluminense) e da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), explica que para o álcool fazer efeito deve-se usar usar o número 70 e não qualquer tipo.

"Muita gente está usando o álcool comum e misturando com outro produto. Normalmente, o álcool que temos em casa é composto de 42,5% da substância. Se a pessoa tentar fazer um álcool gel com o álcool que temos em casa, a composição terá mais água do que álcool, o que não mata o vírus", explica.

O especialista ressalta ainda que fazer o produto fora de um laboratório confiável aumenta ainda mais o risco de contaminação e outros problemas. "Já é um risco adulterá-lo, porém, se a pessoa fizer em um local muito quente, por exemplo, o álcool evapora e perde o efeito. É muito preocupante", diz.

A adulteração do álcool gel pode trazer diversos riscos à saúde. A substância falsa eleva o risco de irritações na pele, queimaduras, alergias, ressecamento e intoxicação. "O pior de todos os sintomas é a intoxicação. E isso pode ocorrer durante a fabricação do produto ou por quem o recebe", afirma Costa.

Os perigos de se fazer em casa

Graciele Almeida de Oliveira, pós-doutoranda em bioquímica pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explica que depois que a pandemia do coronavírus se espalhou muitas receitas caseiras de álcool gel apareceram.

O problema, segundo ela, é que além de não fazer efeito, ainda podem provocar proliferação de fungos e crescimento de bactérias. "Cheguei a ver receita com gelatina. Isso é muito arriscado, além de aumentar o risco de outras doenças. Compre nas farmácias e em locais credenciados", reforça.

"O álcool é inflamável e é um reagente volátil, por isso existem regras e maneiras certas de manuseá-lo. Se for feito de maneira errada podem ocorrer até explosões. Não faça em casa. O mais correto é que ele seja produzido e estudado por faculdades e indústrias responsáveis", finaliza o professor de química.

Vale ressaltar que o álcool gel é um grande aliado, mas lavar as mãos ainda é a melhor maneira de afastar o coronavírus.