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Histórias de quem mudou hábitos em busca de mais saúde


Eles perderam 65 kg juntos: "Em casal, um não deixa o outro desistir"

Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Bárbara Therrie

Colaboração para o VivaBem

19/03/2020 04h00

Muito trabalho, pouca atividade física e alimentação desregrada. Essa combinação levou o casal Joyce Chiquini, 42, e Marcelo Alexandre Catuzzo, 44, ao excesso de peso. A arquiteta chegou a 95 kg e o engenheiro mecânico, a 115 kg. A seguir, Joyce conta como eles emagreceram 65 kg juntos em dois anos:

"Quando nos casamos em 2006, eu pesava 80 kg e o Marcelo, 90 kg. De segunda à sexta, a gente até tentava manter a linha, não conseguíamos e ainda comíamos em grande quantidade. Eu era louca por chocolate, comia doce todos os dias. Já o Marcelo era mais chegado no salgado, gostava de pão, torta e lanches. No final de semana, a gente relaxava ainda mais: comia pizza, lanches, tomava vinho, cerveja. Consumíamos muito mais calorias do que conseguíamos perder depois.

Joyce antes e depois - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Sabíamos que estávamos acima do peso, mas não tomávamos nenhuma atitude, íamos empurrando com a barriga. Passamos com uma endocrinologista e tomamos remédio para emagrecer, mas o resultado foi paliativo, perdemos um pouco de peso e depois ganhamos tudo novamente

Em 2008, nos inscrevemos em um programa de emagrecimento. Semanalmente, assistíamos às aulas em que o preletor explicava como estabelecer uma nova relação com a comida. Em um ano de curso, emagrecemos um pouco. Mas em 2009 tivemos que reduzir os gastos e paramos de pagar as aulas.

Marcelo antes e depois - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Eu fazia dança do ventre e o Marcelo jogava futebol aos sábados. Nós éramos sedentários, pois não praticávamos nenhum esporte regulamente. Eu reclamava com frequência que estava obesa, já ele ficava quieto, homem não é de falar muito sobre essas coisas. Nem me lembro quantas vezes chorei no trocador das lojas porque a roupa não entrava ou não fechava. Não achava peças bonitas para mim e queria usar roupas iguais as que vestia antes de entrar na faculdade, quando pesava 58 kg. Com sobrepeso, por mais que meu marido me elogiasse, nada era capaz de elevar minha autoestima.

O Marcelo também não se sentia confortável com a obesidade. Ele reclamava da barriga e se cansava com frequência, não tinha pique para fazer as coisas.

Em 2014, um amigo nos convidou para participar de uma prova de corrida e caminhada. Apesar de ter sido cansativo, nós curtimos a vibe do pessoal e surgiu a oportunidade de um segundo evento. A largada foi tumultuada e, no início, tivemos que correr para literalmente não sermos atropelados. Quando começamos a caminhar, vi outras pessoas com sobrepeso trotando e achei que a gente deveria tentar também. No meio do percurso, aceleramos um pouco o passo, demos uns trotes e comentamos: 'Não é que dá?!'.

casal antes 1 - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Nunca tinha passado pela minha cabeça correr. Eu brincava: 'Vou correr para que e de quem?'. A essa altura, estávamos bem sedentários: o Marcelo tinha parado o futebol e eu a dança do ventre, eu só fazia pilates para reeducação postural.

Em dezembro de 2014, o Marcelo foi demitido da empresa, juntou essa frustração com o aniversário dele, Natal e Ano-Novo, nós comemos e bebemos como se não houvesse amanhã nessas festas. O start para mudar veio em seguida. Eu recebi um e-mail de uma corrida só para mulheres, que aconteceria em março de 2015. Fiz a inscrição e perguntei para o meu marido: 'Você me ajuda a treinar?' Ele disse que sim.

O Marcelo ganhou três camisetas de aniversário e foi trocar porque elas ficaram pequenas. A vendedora pediu desculpas e disse que aqueles eram os maiores tamanhos que na loja. Isso doeu nele. Foi a primeira vez que meu marido falou: 'Nossa, estou grande'.

Um olhou para a cara do outro e disse: 'Chega! Vamos tomar coragem e procurar ajuda'. Marcamos a nossa primeira consulta com a nutricionista no dia 30 de janeiro de 2015. Nós estávamos no auge da obesidade, eu com 95 kg e ele com 115 kg.

Casal depois - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Falei para a nutricionista que não queríamos fazer uma dieta radical, tipo perder 10 kg em 1 mês. Nosso objetivo era fazer uma reeducação alimentar, aprender a comer direito para levar esse bom hábito para o resto da vida. Eu estabeleci uma meta real, possível de ser cumprida, 1 kg por mês; no final do ano já seriam 12 kg a menos. O Marcelo foi na mesma linha.

A nutri montou um plano alimentar individual bem tranquilo de ser seguido. No café e no lanche da manhã, eu podia comer pão integral, cookies integrais, tapioca, gelatina e tomar café com adoçantes. No almoço, uma porção pequena de carne, feijão, arroz, purê de mandioquinha e salada à vontade. No lanche da tarde, frutas, castanhas e iogurte. No jantar, legumes refogados, saladas e um grelhado. Na ceia, um chá ou copo de leite. O cardápio do Marcelo era parecido.

Com o Marcelo desempregado e eu trabalhando de casa, preparávamos a refeição juntos. Foi uma fase bacana, a gente gostava de cozinhar.

A nutricionista explicou que a prática de atividade física era indispensável para o bom funcionamento do organismo e à saúde. O Marcelo começou a fazer musculação na academia do prédio cinco vezes por semana. E nós passamos a caminhar na rua todos os dias, por uma hora, em preparação para a minha competição em março. Fiz a prova e, nesses dois meses, já tinha secado 6 kg —e o Marcelo 10 kg.

Casal depois 2 - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
O bichinho da corrida nos picou e não paramos mais. Corríamos em dupla durante a semana e, aos sábados, com um grupo de corredores do bairro. A partir daí, começamos a participar de corridas de rua de 5 km e 10 km. No final do ano, eu já tinha emagrecido 18 kg e o Marcelo 24 kg. Para fechar 2015 com gratidão, eu fiz a minha primeira São Silvestre. O Marcelo não pôde porque fez uma cirurgia, mas assistiu do lado de fora. Eu corri por nós dois, foi uma vitória.

Em 2016, contratamos uma assessoria esportiva para nos prepararmos para a nossa primeira meia maratona (21 km). Além do pilates, passei a fazer treino funcional com personal trainer. Perdi 25 kg e cheguei a 70 kg. O Marcelo já tinha perdido 30 kg, estava com 85 kg.

O bom de praticar exercícios juntos era que um apoiava e incentivava o outro nos momentos de cansaço e dificuldade. Um não deixava o outro desistir"

Nesse processo, trocamos de nutricionista e buscamos uma especialista na área esportiva, pois o cardápio já era insuficiente para suprir nossas necessidades. Nessa fase, eu me tornei vegetariana por uma questão de paladar. Minha alimentação passou a ter mais proteína vegetal, frutas, verduras e legumes crus, cozidos ou refogados. O cardápio do Marcelo era parecido com o meu, com a diferença de que ele continuava carnívoro (risos).

casal depois 4 - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Em 2017, dois anos depois dos novos hábitos, cheguei a 65 kg e o Marcelo, a 80 kg. Juntos, emagrecemos 65 kg -- eu 30 kg e ele 35 kg. Nesse mesmo ano, completamos a nossa primeira maratona (42,195 km). A sensação de cruzar a linha de chegada foi fantástica.

Eu e meu marido paramos de treinar juntos porque ele arranjou um emprego em Porto Alegre e fica lá durante a semana. Marcelo continua fazendo musculação, começou a fazer natação e vai de bicicleta todos os dias para o trabalho. E eu sigo com as modalidades que praticava.

No início do ano, decidimos participar de um short triatlo (750 m de natação, 20 km de bicicleta e 5 km de corrida) —que foi disputado no último domingo (15). Infelizmente, quebrei o braço durante o período de treinamento e só pude realizar a prova de corrida, em uma equipe de revezamento. Já o Marcelo completou as três modalidades.

A meta que estabelecemos lá atrás, em 2015, de emagrecer 1 kg por mês, tomou uma proporção maior do que imaginávamos. Foi uma mudança de vida, que trouxe benefícios para o corpo, para a mente e para o nosso relacionamento. Nos aproximamos ainda mais como casal porque passamos a fazer mais coisas juntos. Ter passado por esse processo um ao lado do outro foi fundamental para hoje termos mais disposição, autoestima, qualidade de vida e sermos mais felizes."

O que aprender com Joyce e Marcelo - arte uol - arte uol
Imagem: arte uol