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Estudo vê prevalência de alterações gastrointestinais em crianças autistas

Estudo investigou o estado nutricional e os sintomas gastrointestinais em um grupo de crianças autistas - iStock
Estudo investigou o estado nutricional e os sintomas gastrointestinais em um grupo de crianças autistas Imagem: iStock

Agência Bori

16/03/2020 09h52

Resumo da notícia

  • Pesquisa foi feita com 39 crianças, com idade entre 3 e 10 anos, que frequentam uma instituição de apoio, em Maceió (AL)
  • 64,1% delas registraram sobrepeso e 84,2% apresentaram alterações gastrointestinais, como constipação crônica e desconforto abdominal
  • Trabalho deve prosseguir com a expansão para outras cidades e o mapeamento da microbiota intestinal desse público, o que permitirá intervenções

Estudo investigou o estado nutricional e os sintomas gastrointestinais em um grupo de crianças autistas. Os resultados mostraram que 64,1% das crianças observadas registraram excesso de peso e 84,2% delas apresentaram alterações gastrointestinais, como constipação crônica, diarreia, dor e distensão abdominal. Nenhuma criança teve déficit nutricional, e observou-se que o consumo de glúten esteve associado às manifestações gastrintestinais. A pesquisa foi coordenada pela professora Danielle Alice Vieira da Silva, do Centro Universitário Tiradentes, em Maceió (AL). O artigo está na "Revista Paulista de Pediatria" de 16 de março.

O TEA (Transtorno do Espectro Autista) é um distúrbio do desenvolvimento que se caracteriza por dificuldades significativas na comunicação e na interação social, além de alterações de comportamento, como falas e movimentos repetitivos e ritualizados. A literatura sobre o tema sugere, ainda, que parte dessa população vivencia problemas gastrointestinais. O estudo foi realizado entre março e maio de 2018 com 39 crianças, de três a dez anos, que frequentavam uma associação de apoio a autistas, em Maceió.

Para medir o estado nutricional das crianças, foi feito o registro do peso e da altura de cada uma e calculado o IMC (índice de massa corporal) em relação à idade, tendo como referência os valores estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde. Na avaliação das alterações gastrointestinais, o responsável pela criança respondeu um questionário sobre a presença desses distúrbios nos últimos 30 dias. A análise do consumo alimentar considerou a quantidade, o preparo e o tipo de alimento consumido nas últimas 24 horas. Esses alimentos foram categorizados em fontes de glúten (aqueles que contém trigo), de caseína (proteína do leite) e ultraprocessados (como refrigerantes, salgadinhos e biscoitos recheados).

Mapear para intervir

Segundo Silva, o estudo foi posteriormente replicado com mais quatro grupos, totalizando 182 crianças autistas, e os resultados foram semelhantes. Essa pesquisa também faz parte de um projeto maior, que envolve outros trabalhos científicos, que têm o objetivo de mapear o estado nutricional, o consumo alimentar e a microbiota intestinal das crianças autistas de Maceió, com a perspectiva de expandir a pesquisa para outras regiões do estado. "Esse trabalho deu o pontapé inicial, o respaldo científico para começarmos a pensar em condutas relacionadas à alimentação e à nutrição para esse público, que é muito peculiar", diz Silva.

"O próximo passo é investigar a microbiota (composição de bactérias do ambiente intestinal) dessas crianças. As evidências científicas já mostraram que há uma alta prevalência de disbiose (desequilíbrio da microbiota intestinal). Ao mapear e saber quais são esses microorganismos, poderemos pensar em dietas e formulações para tratar essas questões e melhorar a qualidade de vida dessas crianças."