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Estou há mais de um mês usando lentes de contato mensais. Corro risco?

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

10/03/2020 04h00

Sim, há riscos em usar as lentes além de sua validade. Podem ocorrer alergias, com sintomas de coceira e vermelhidão ocular. Já em médio e longo prazos, há chances de o olho sofrer com ceratite (inflamação da córnea), infecções severas e, em casos extremos, até a perda do globo ocular.

O uso das lentes de contato fora do tempo de validade pode contribuir para a diminuição das células do endotélio corneano (camada mais interna e importante da córnea) por falta de oxigênio. Isso porque o produto age como se fosse uma barreira impedindo a entrada de ar, o que deixa a córnea anestesiada. É a chamada hipóxia, motivo pelo qual a pessoa pode não estar sentindo nenhum desconforto, mesmo com a validade já ultrapassada.

Naturalmente, as lentes de contato sofrem alterações em suas estruturas ao entrarem em contato com o ar e com as lágrimas dos olhos, pálpebras, produtos de limpeza, entre outros fatores. Então, quando o usuário ultrapassa o tempo de descarte das lentes —que pode ser diário, mensal (30 dias) ou anual — aumenta o risco da hipóxia acontecer, o que é bastante perigoso e pode desencadear os problemas mencionados. Além disso, outras doenças podem surgir, como sensibilidade ou intolerância às lentes de contato e fotofobia.

Portanto, ao abrir o blister que contém as lentes de contato, é de extrema importância contar corretamente o tempo de validade, assim como seguir outros cuidados:

  • Higienizar as mãos antes de manusear o produto;
  • Não lavar ou enxaguar em água corrente ou saliva.;
  • As lentes devem ser imersas em soluções específicas para a sua limpeza. O certo é usar sempre aquela que o oftalmologista indicar;
  • O soro fisiológico pode ser utilizado somente para enxague dos produtos. O ideal é escolher os frascos pequenos de uso único, pois as embalagens maiores podem contaminar e causar infecções nos olhos;
  • Não compartilhar as lentes de contato com outras pessoas. Isso pode causar diversos problemas, como a perda da transparência da córnea, que leva a baixa acuidade visual (capacidade dos olhos identificarem formas e contornos dos objetos) para sempre.

E assim como não trocar as lentes de contato, dormir com elas também pode ser prejudicial aos olhos. Isso porque, durante o sono, a lubrificação do globo ocular diminui e a córnea sofre com a falta de oxigênio e a hipóxia será ainda maior, o que aumenta o risco de infecção e lesões. As lentes rígidas são mais seguras para o uso noturno, pois permitem que o oxigênio continue a circular normalmente pelos olhos. Porém, a indicação de qualquer tipo de lente de contato, assim como a necessidade de dormir com o produto, deve ser feita por um oftalmologista.

Fontes: Helder Costa, diretor da SBO (Sociedade Brasileira de Oftalmologia); Maria Regina Chalita, professora de oftalmologia da UnB (Universidade de Brasília); Newton Kara José Junior, professor livre-docente da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e secretário-geral do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia); e Tania Schaefer, oftalmologista e presidente da SOBLEC (Sociedade Brasileira de Lentes de Contato).

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