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Daniel do BBB 20 se faz de vítima? Entenda comportamento e como sair dele

Daniel leva punição após levar bebidas para a sala da casa - Reprodução/Globoplay
Daniel leva punição após levar bebidas para a sala da casa Imagem: Reprodução/Globoplay

Nathalie Ayres

Colaboração para o VivaBem

07/03/2020 11h45

Resumo da notícia

  • Daniel do BBB 20 está constantemente cometendo infrações e não responsabilizando por elas, o que fez ser acusado nas redes sociais de vitimismo
  • Por mais que Daniel não coloque a culpa em ninguém em específico por seus erros, ele demonstra se sentir perseguido pelos participantes que o criticam
  • Para especialistas, não se responsabilizar é fazer-se de vítima, pois nas duas situações a pessoa não precisa tomar atitude para resolver o problema
  • A melhor forma de deixar de se fazer de vítima é sendo mais autorresponsável e parar de criar desculpas, reconhecendo o que te atrapalha

Entre as figuras do BBB 20 que estão se destacando negativamente temos o participante Daniel, que vem sido acusado de se fazer de vítima nas redes sociais por ser tratado mal pelos colegas ao cometer uma série de infrações bem pontuadas pelas regras do reality. E na madrugada de hoje (3) não foi diferente: o ator entrou na casa com bebidas que deveriam ser consumidas na área externa. Mesmo sendo alertado pelos colegas, ele cometeu a infração e ao ser punido questionou: "Gente, mas não pode?".

O participante está sempre repetindo infrações, como esquecer constantemente de colocar o microfone, mesmo já tendo sido notificado sobre isso diversas vezes. Isso o torna uma figura desagradável, já que seus erros são pagos por todos os participantes, ao ficarem com menos estalecas, moeda usada no programa para comprar comida. Mesmo assim, ele está sempre chorando ao repetir os erros e incomodado quando participantes como Babu e Felipe Prior o criticam por isso.

Além disso, ele não parece assumir totalmente a responsabilidade do que faz, e isso não tem passado despercebido pelos usuários do Twitter que acompanham o reality:

Mas não assumir a responsabilidade de algo é o mesmo que se fazer de vítima? Especialistas dizem que sim, já que dessa forma não se toma para si totalmente a culpa do que houve. E assim, não é preciso tomar uma atitude sobre aquilo, pois passa-se o tempo esperando que a mudança também seja feita pelo outro. No entanto, se colocar nesse lugar pode ser extremamente negativo para a própria pessoa, pois afeta suas relações interpessoais.

Daniel, por exemplo, não culpa as pessoas pelos erros que comete, mas não parece assumir-se como responsável pelo que faz e pela reação dos outros a isso.

Por que algumas pessoas se fazem de vítima?

É normal ver que algumas pessoas culpam as outras pelos eventos negativos que acontecem em suas vidas, tirando de si a responsabilidade de suas próprias atitudes. Para especialistas, isso está muito relacionado a evitar o sentimento de culpa e a incapacidade de reconhecer seu papel diante dos acontecimentos ruins da vida.

"Reconhecer o que se passa consigo mesmo exige do sujeito estratégias de apropriação e de enfrentamento, das quais alguns carecem mais que outros", esclarece Carolina de Barros Falcão, psicóloga, psicanalista e professora adjunta do curso de graduação em Psicologia da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).*

"Esse padrão é aprendido durante a infância, a partir de uma educação na qual os pais (ou cuidadores) da criança não buscam responsabilizá-la por algo, como por exemplo, uma nota baixa, apressando-se a brigarem com a escola e professores. Também pode ser imitado a partir da própria maneira como os pais e a família resolvem seus problemas interpessoais. Pode se tornar um traço de caráter difícil de ser modificado na vida adulta", analisa Leonardo Cardoso Portela Câmara, psicólogo, psicanalista e professor do departamento de psicologia da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).*

O ponto é que esse tipo de atitude pode trazer problemas de relacionamento: a pessoa que se vitimiza pode começar a agir de uma forma assustada com relação ao outro, como se ele fosse alguém perigoso ou opressor. Como poderíamos estar razoavelmente tranquilos ou confortáveis se sentirmos que, a qualquer momento, as pessoas que nos cercam podem nos causar danos irreparáveis?

"Em função disso, se é verdade que a culpabilização excessiva pode levar um sujeito à solidão e ao isolamento, também é correto afirmar que, mesmo sozinho, sua posição tende a ser defensiva e ansiosa em relação às pessoas que fazem parte ou se apresentam ao seu convívio", complementa o psicólogo Tiago Ravanello, professor do curso de psicologia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).*

5 dicas para não se fazer mais de vítima

Qualquer um pode ser autorresponsável (ou seja, assumir seus próprios atos e consequências disso em sua vida) e existem algumas medidas que ajudam a desenvolver essa habilidade**:

1. Autoconhecimento é a chave
Para isso, vale lançar mão de ferramentas que podem ajudar no processo, desde leituras até coaching e terapia. Quanto mais você se conhece, mais sabe aonde quer chegar e é capaz de acertar nas escolhas que faz.

2. Sem mais desculpas
Outra medida é parar de criar desculpas para justificar as coisas que dão errado. Um exemplo: em vez de dizer que você se atrasou para aquela reunião porque o trânsito atrapalhou, que tal admitir que não calculou bem o tempo do trajeto e que saiu em cima da hora? Identifique onde estão as maiores desculpas que você conta para si mesmo, que o impedem de ir além, e busque saídas.

3. Problemas fazem parte
Entenda, ainda, que nem sempre tudo estará a seu favor e que problemas surgirão, inevitavelmente. No entanto, a maneira como reage a eles --e não exatamente o dano que eles causam -- é o que vai delinear sua trajetória, ainda que seja um processo doloroso.

4. Ninguém é juiz
Evite julgar e criticar o outro --é melhor dar sugestões e soluções. Se não ocorrer nada interessante para acrescentar, é melhor ficar calado. Quando nos colocamos em um papel de juiz, é muito mais fácil colocar a culpa pelas situações em outras pessoas e nos eximarmos dela.

5. Tenha um plano
Por fim, saiba que a autorresponsabilidade implica não apenas em operar grandes mudanças, mas em fazê-las com equilíbrio e sensatez. Se identificou algum ponto na sua vida que gostaria de mudar, crie um plano possível de mudança e vá agindo de acordo com suas possibilidades.

* Fontes entrevistadas em matéria do dia 14/11/2019

** Dicas retiradas de matéria do dia 01/09/2018