Topo

Dieta low-carb pode prevenir danos no cérebro ligados à idade, diz estudo

Dieta low-carb pode ajudar a previnir e erradicar danos no cérebro  - iStock
Dieta low-carb pode ajudar a previnir e erradicar danos no cérebro Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

06/03/2020 19h39Atualizada em 06/03/2020 20h45

A dieta low-carb, popularmente conhecida pela baixa ingestão de carboidratos, pode prevenir e até reverter danos cerebrais relacionados à idade, segundo pesquisa da Universidade de Stony Brook, de Nova Iorque, EUA.

Ao analisar exames, pesquisadores descobriram que as vias cerebrais começam a se deteriorar aos 40 anos, mais cedo do que era imaginado.

"As alterações neurobiológicas associadas ao envelhecimento podem ser vistas muito mais cedo do que seria esperado no final dos anos 40. No entanto, o estudo também sugere que esse processo pode ser evitado ou revertido com base em mudanças na dieta que envolvem a minimização do consumo de carboidratos simples", disse Lilianne R. Mujica-Parodi, professora do Departamento de Engenharia Biomédica da Universidade Stony Brook.

Usando exames cerebrais de quase 1000 pessoas entre 18 e 88 anos, os pesquisadores descobriram que o dano às vias neurais se acelerava dependendo de onde o cérebro estava obtendo energia. Também foi revelado que a glicose diminuía a estabilidade das redes do cérebro, enquanto as cetonas, produzidas pelo fígado durante período de dietas restritivas ao carboidrato, tornavam as redes mais estáveis.

"Acreditamos que, à medida que as pessoas envelhecem, seus cérebros começam a perder a capacidade de metabolizar glicose com eficiência, fazendo com que os neurônios passem fome lentamente e as redes cerebrais se desestabilizem. Portanto, testamos se fornecer ao cérebro uma fonte de combustível mais eficiente, na forma de cetonas, seguindo uma dieta pobre em carboidratos ou tomando suplementos de cetona, poderiamos fornecer ao cérebro uma maior energia. Mesmo em indivíduos mais jovens, essa energia adicionada estabilizou ainda mais as redes cerebrais", explicou Mujica-Parodi.

Uma dieta cetogênica é rica em proteínas e gorduras e pobre em carboidratos, forçando o corpo a queimar gorduras em vez de carboidratos. É principalmente usada para tratar algumas formas de epilepsia em crianças. Acredita-se também que tenha potencial para ajudar outros distúrbios neurológicos, incluindo a doença de Alzheimer e a doença de Parkinson.

Para Katy Stubbs, da UK Research, conselho de pesquisa e inovação do Reino Unido, o estudo é interessante, mas ainda precisa de mais investigação, para avaliar se a dieta cetogênica tem riscos próprios.

"Foi demonstrado que a ingestão de níveis tão altos de gordura, que geralmente acontece com pessoas que comem menos frutas e vegetais, tem um impacto prejudicial no coração, que tem efeitos colaterais perigosos."

Ainda afirma que a dieta mediterrânea, que é rica em peixe, frutas, vegetais, cereais, azeite e uma certa quantidade de vinho, é a mais recomendada para as regiões cerebrais e do coração.

"Além disso, há uma enorme quantidade de evidências mostrando que a dieta mediterrânea é a melhor dieta que temos até agora para cérebro e coração. Isso inclui muitos cereais integrais. Vamos precisar de muito mais pesquisa se a dieta cetogênica for amplamente recomendada como alternativa a essa abordagem como prevenção contra doenças psicopatológicas", concluiu.