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Células-tronco podem contribuir para alívio de dores, diz pesquisa

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Imagem: iStock

Nicola Ferreira

Da Agência Einstein

28/02/2020 11h01

O potencial das células-tronco - estruturas que podem dar origem a vários tipos de células — está sendo analisado para o alívio da dor.

Cientistas da Universidade de Sydney, na Austrália, pesquisam de que maneira células-tronco pluripotentes induzidas (capazes de se transformar em maior variedade de células) atuam no controle da dor neuropática, decorrente de lesões nas fibras nervosas sensitivas do Sistema Nervoso Central e/ou periférico.

Feito em cobaias, o trabalho apresenta bons resultados, o que encoraja os pesquisadores a seguirem adiante. "As células-tronco promoveram o alívio duradouro da dor, sem efeitos colaterais", afirma Leslie Caron, co-autora da pesquisa. "Isto significa que o implante de células-tronco pode ser um tratamento efetivo."

As células-tronco têm sido alvo de centenas de pesquisas para doenças diversas. Por sua capacidade de gerar novos tecidos, são como espécies de peças novas que podem substituir as antigas ou as danificadas, promovendo a recuperação de áreas lesionadas. Há trabalhos investigando seu poder na cardiologia, na neurologia e na ortopedia, por exemplo.

Experiências em cobaias e em humanos demonstraram progressos na reparação de cartilagens desgastadas pela artrite, contribuindo para a redução da dor e aumento da mobilidade. No caso da dor neuropática, a ideia é que as células-tronco ajudem a recompor a região afetada seja por meio da criação de novas fibras nervosas ou até mesmo melhorando a irrigação sanguínea, garantindo mais nutrientes e oxigênio às células lá presentes.

Para serem usadas, as células passam por um processo de especialização. Ou seja, são induzidas, em laboratório, a se comportarem como as células do local que precisa ser reparado. "Desta forma, podemos mirar somente nas partes onde a dor está localizada", explica John Manion, chefe da pesquisa australiana.

Algumas questões devem ser observadas ao longo do experimento. Uma delas é saber se as células injetadas migrarão para o local correto. "Pode ser que elas realizem uma função diferente da desejada", ressalva Marcelo Vaz Perez, presidente da Comissão de Treinamento e Terapêutica de Dor da Sociedade Brasileira de Anestesiologia.

Os testes em humanos devem demorar - a previsão é que comecem dentro de cinco anos - mas, se apresentarem resultados positivos, poderão mudar a forma de tratamento usada hoje. "Observaremos uma mudança de paradigma, com a criação de terapias que substituam o uso de opióides, substâncias eficazes, mas que podem levar à dependência", diz Manion.