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Estudo brasileiro analisa processo inflamatório em células neurais

A astrogliose é uma inflamação que ocorre em células neurais chamadas de astrócitos e é comum em doenças neurodegenerativas - iStock
A astrogliose é uma inflamação que ocorre em células neurais chamadas de astrócitos e é comum em doenças neurodegenerativas Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

14/02/2020 15h27

Resumo da notícia

  • Cientistas brasileiros criaram células neurais chamadas de astrócitos em laboratório para entender melhor o processo de inflamação das mesmas
  • Esse processo está presente em doenças neurodegenerativas como Alzheimer, Parkinson, esclerose múltipla e malformações congênitas causadas pelo Zika
  • O modelo criado em laboratório é útil para entender melhor o que a inflamação causa nas células neurais
  • O processo já era conhecido a partir de modelos animais, mas estes não conseguiram demonstrar toda a complexidade de funções do cérebro humano

Cientistas brasileiros publicaram um estudo em que analisaram um processo inflamatório em células neurais e que está presente em doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson.

A pesquisa, publicada no periódico Glia, foi liderada por um time de especialistas do IDOR (Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino) e envolveu profissionais da UFRS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e da UFF (Universidade Federal Fluminense).

A equipe analisou a inflamação que acontece em astrócitos células neurais importantes para o funcionamento do sistema nervoso e que, quando inflamadas, costumam indicar infecções no cérebro, além de serem indicativo de doenças neurodegenerativas — um processo chamado de astrogliose.

Embora pouco conhecida, essa inflamação está presente, além de Parkinson e Alzheimer, em problemas como esclerose múltipla e até em malformações congênitas como as provocadas pelo Zika vírus.

Como o estudo foi feito?

  • Os cientistas reprogramaram células comuns coletadas de doadores para que elas se tornassem células-tronco pluripotentes; elas então foram estimuladas a se converterem em astrócitos;
  • Durante esse processo, os cientistas colocaram as células em contato com uma proteína chamada da TNF, obtendo então um "mapa" da astrogliose feita em laboratório;
  • Os resultados indicaram que a inflamação ocorre ainda na primeira hora e vai, gradualmente, prejudicando a função dos astrócitos ao longo do tempo.
  • Um dos pontos observados é que os astrócitos acabam incapacitados de fazer a regulação de neurotransmissores, importantes para a relização das sinapses entre células neurais.

Por que isso é importante?

Embora a astrogliose seja bem documentada pela ciência, a maior parte dos estudos foi feita em modelos animais — o que ajuda a entender melhor os processos biológicos, mas não contribui para o entendimento do cérebro humano em toda a sua complexidade.

"Embora os testes em animais sejam importantes, eles não reproduzem alguns aspectos humanos, especialmente relacionados ao sistema imunológico", afirma Steve Rehen, coordenador de pesquisa e cientista da UFRJ e do IDOR. "É o caso do que acontece com as células gliais, incluindo astrócitos, que são responsáveis pela manutenção metabólica dos neurônios e seus impulsos nervosos", diz.