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Atividade física causa incontinência urinária? Veja perguntas e respostas

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Imagem: iStock

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

07/02/2020 04h00

Normalmente associada a pessoas na terceira idade, a incontinência urinária faz parte da vida de aproximadamente 20 milhões de brasileiros entre adultos e crianças, de acordo com o Estudo LUTS Brasil da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).

Para sanar todas as dúvidas sobre o problema, que atinge mais mulheres do que homens, confira o glossário que o VivaBem fez a respeito do assunto.

1. Como a incontinência urinária é identificada? Quais são os sintomas?

O problema ocorre quando existe a perda involuntária de urina pela uretra quando o indivíduo está ou não de bexiga cheia. Normalmente, a incontinência urinária se dá ao espirrar, tossir, rir, levantar algum peso, subir escadas e fazer atividades físicas.

2. É verdade que a incontinência urinária prevalece mais em mulheres do que homens? Por quê?

Sim, por uma questão anatômica do corpo feminino. As mulheres têm uma uretra muito curta (na média 5 cm) e apenas um mecanismo de continência, que é um músculo chamado assoalho pélvico, que fica localizado embaixo da bexiga e é ele que fecha a uretra para não escapar a urina sempre que faz um esforço ou está com a bexiga cheia. O homem, por sua vez, tem uma uretra mais longa (de 15 a 20 cm) e tem dois mecanismos de continência: o esfíncter muscular do assoalho pélvico e a próstata.

3. Em quais situações a incontinência urinária pode atingir os homens e em quais situações pode atingir as mulheres?

Homens costumam apresentar a incontinência em decorrência de outras doenças ou de seus respectivos tratamentos, como por exemplo a incontinência urinária após o tratamento de câncer de próstata com cirurgia ou radioterapia. Outro exemplo é a incontinência de origem neurogênica, que se dá após um acidente vascular cerebral.

Já na mulher nada tem a ver com cirurgia. O problema pode ocorrer por conta da gravidez, de alguma doença na qual a bexiga contrai na hora indevida ou pelo enfraquecimento muscular do assoalho pélvico que acaba deixando escapar urina quando há algum esforço. Isso ocorre geralmente por conta da velhice, menopausa, obesidade etc.

4. Existem diferentes tipos de incontinência urinária?

Sim, mas basicamente são dois: por alguma deficiência, ou seja, problema na musculatura do esfíncter ou na mobilidade do canal da urina (incontinência de esforço), em que a pessoa faz algum esforço, ou tosse, e escapa a urina. A outra situação é quando a pessoa tem a bexiga hiperativa, síndrome que tem como característica a contração involuntária do músculo da bexiga, que faz perder a urina.

5. Qual a relação da gravidez com a incontinência urinária?

Mulheres que passaram por uma ou mais gestações, independentemente da via do parto, sofrem uma redução da tensão da musculatura pélvica, que também pode estar relacionada ao peso adquirido ao longo da gravidez. E isso pode levar à incontinência urinária por esforço.

6. Quantas vezes é normal acordar no meio da noite para fazer xixi?

É muito variável e vai depender da quantidade de urina produzida. Quem ingere muito líquido à noite, por exemplo, inevitavelmente precisará acordar para fazer xixi. Mas aceita-se como normal acordar uma vez à noite para urinar.

7. Por que conforme a pessoa envelhece, parece que aumenta a vontade de fazer xixi no meio da noite?

Existem vários fatores para isso, que não são necessariamente relacionados à bexiga, ou à musculatura, como, por exemplo, em situações que o corpo começa a reter mais líquido ao longo do dia, o que é transformado em urina à noite. Algumas doenças, como diabetes, fazem urinar mais no período noturno. Mas também pode haver alterações no funcionamento da bexiga, fazendo com que a pessoa acorde mais na madrugada. No caso dos homens, o aumento do xixi noturno pode se dar com o aumento da próstata que acontece a partir dos 50 anos de idade.

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8. Acordar à noite para ir ao banheiro é sinal de incontinência urinária?

Não necessariamente. Afinal de contas, a incontinência urinária acontece quando a pessoa deixa escapar a urina. Se ela estiver acordando à noite, sem sentir que o xixi saiu de forma involuntária, é sinal apenas de um desejo normal de urinar.

9. Adultos que fazem xixi na cama podem ser diagnosticados com incontinência urinária?

Sim, pode ser um diagnóstico do problema, porém é necessário avaliar se a pessoa apresenta a incontinência em outros momentos do dia e em quais situações. Se for somente na cama, dá-se o nome de enurese. Mas se a perda de urina involuntária ocorre ao longo do dia e à noite, aí sim é apontado como incontinência.

10. Praticar atividades físicas pode causar incontinência urinária? Porquê?

O exercício físico não é a causa, mas pode fazer com que a incontinência aumente e fique mais evidente, pois existem pessoas que têm o problema relacionado ao esforço físico. Isso geralmente acontece com as mulheres, sendo raro em pacientes jovens ou homens.

11. Quais tipos de atividades físicas?

Atividades que exigem esforço abdominal, como exercícios de agachamento e outros treinos de força. É bom lembrar que a atividade física, na verdade, serve como um protetor se fizer exercícios para fortalecimento do assoalho pélvico, podendo até melhorar quadros de pacientes que já têm a incontinência. Ou seja, o treino muito mais ajuda do que atrapalha.

12. Quais alimentos podem piorar a incontinência urinária? Por quê?

Alguns alimentos são considerados irritativos para a bexiga podendo acelerar o processo de bexiga hiperativa, o que faz urinar mais. Os mais comuns são: o café, o refrigerante e a pimenta.

13. A incontinência urinária atinge somente a terceira idade?

Não! Ela é mais comum na terceira idade, devido à fraqueza da musculatura e à perda dos hormônios, principalmente no caso das mulheres com a menopausa. Raramente acontece nos jovens e, quando ocorre, é por alguma doença neurológica que leva a uma bexiga hiperativa ou por conta de algum acidente, como ficar paraplégico, que pode desencadear a incontinência urinária.

14. A menopausa pode agravar o problema? Por quê?

O estrogênio, hormônio feminino, tem importante atividade na manutenção do tônus da musculatura da vagina, bexiga e uretra. A menopausa pode, muitas vezes, agravar a incontinência urinária já existente ou predispor a mulher à perda de urina, porém não é um problema muito intenso.

15. Como funciona o tratamento da incontinência urinária? Qual tipo de médico deve procurar?

A incontinência urinária é tratada, na maioria dos casos, pelo urologista, ou por ginecologistas especializados em uroginecologia. O tratamento deve ser realizado de acordo com a causa. Há uma série de tratamentos, desde exercícios e fisioterapia, até medicações e cirurgias, por isso é muito importante buscar ajuda médica.

16. A incontinência urinária tem cura?

Há situações curáveis e outras em que apenas se consegue fazer um controle. Quando bem investigado e com dedicação do paciente no tratamento, há uma grande chance de melhora no quadro.

Fontes: Anuar Mitre, urologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo; Alex Meller, urologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e membro do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP); Marcelo Hisano, médico assistente da urologia do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Marcos Tobias Machado, chefe do setor de uro-oncologia e cirurgia robótica em urologia do Hospital Brasil (SP) e urologista dos Hospitais da rede D'Or, em São Caetano do Sul (SP); Ravendra Moniz, coordenador da urologia do Hospital Samaritano, em São Paulo e Rodrigo Castro, coordenador da ginecologia do Hospital Samaritano, em São Paulo.