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Pesquisadores revertem latência do HIV, abrindo caminho para cura

Foi a primeira vez que um grupo de cientistas testou com sucesso uma molécula de reversão de latência em espécies diferentes - iStock
Foi a primeira vez que um grupo de cientistas testou com sucesso uma molécula de reversão de latência em espécies diferentes Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

22/01/2020 17h51

Cientistas descobriram como reverter a latência do vírus da Aids, possibilitando que o próprio sistema imune ou até mesmo medicamentos o encontrem. A revelação, publicada no periódico Nature nesta quarta-feira (22), pode abrir portas para a cura.

A latência do vírus é considerada o maior obstáculo do HIV. Isso porque, mesmo com a terapia anti-retroviral, o vírus continua no corpo, escondido em células do sistema imune chamadas linfócitos T CD4+. Como são esses glóbulos brancos que organizam e comandam a resposta diante dos agressores, o sistema de defesa vai pouco a pouco perdendo a capacidade de responder adequadamente, tornando o corpo mais vulnerável a doenças.

Essa latência (ou esconderijo) do vírus nas células infectadas impede o reconhecimento do sistema imunológico e nenhuma terapia consegue encontrá-lo. Mas os pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill e da Universidade Emory, em Atlanta, ambas nos EUA, conseguiram reativar os sinais da presença do vírus em camundongos e macacos.

Como o estudo foi feito

  • Os cientistas usaram camundongos infectados com HIV, mas que faziam uso da terapia anti-retroviral. O mesmo foi feito com macacos rhesus, mas que eram infectados com vírus da imunodeficiência símia (SIV), um "primo" do HIV.
  • Eles testaram um composto chamado AZD5582 para ativar células T CD4+ infectadas latentemente em ambos os animais.
  • O AZD5582 foi capaz de reativar o SIV latente e induzir a produção contínua de vírus no sangue, mesmo com os bichos recebendo uma terapia antirretroviral diária.
  • Os pesquisadores documentaram aumentos no RNA viral expressos no sangue dos camundongos e em quase todos os tecidos, incluindo linfonodos, timo, medula óssea, fígado, pulmão e cérebro. Em alguns casos, o aumento do RNA viral foi superior a 20 vezes.
  • Nos macacos, os resultados foram semelhantes. Houve um pico na expressão de RNA nos linfonodos e no sangue dos primatas.

O que isso significa?

Por anos, os cientistas testam agentes de reversão de latência, para que o HIV se torne visível ao sistema imunológico, permitindo uma resposta imune antiviral para matar as células infectadas pelo vírus.

Foi a primeira vez que um grupo de cientistas testou com sucesso uma molécula de reversão de latência em espécies diferentes. Ann Chahroudi, co-autora sênior do estudo, diz que essa é uma conquista científica emocionante. "Esperamos que este seja um passo importante para um dia erradicar o vírus em pessoas vivendo com HIV".

O estudo atual abre agora possibilidades de testes de novas terapias que um dia podem levar à cura do vírus da Aids.