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Novo medicamento é lançado para tratar a falta de desejo sexual feminino

Um novo remédio para aumentar a libido feminina é liberado nos Estados Unidos. Mas somente o uso de medicamentos não resolve o problema - iStock
Um novo remédio para aumentar a libido feminina é liberado nos Estados Unidos. Mas somente o uso de medicamentos não resolve o problema Imagem: iStock

Fábio de Oliveira

Agência Einstein

22/01/2020 11h52

A FDA, agência americana que regula alimentos e remédios, deu sinal verde recentemente para uma nova droga, indicada para mulheres na pré-menopausa e que estejam com o desejo sexual em baixa. A bremelanotida pertence ao laboratório AMAG Pharmaceuticals e já está à venda nos Estados Unidos. Ainda não há previsão de quando chegará ao Brasil.

Os médicos classificam esse quadro como transtorno do desejo sexual hipoativo (TDSH), caracterizado pela incapacidade de se engajar sexualmente de forma satisfatória. Para o diagnóstico, é necessário que a mulher esteja há pelo menos seis meses com essa queixa — ou seja, ela não sente vontade de transar nem de fantasiar eroticamente.

"Por definição, dizemos que essa paciente precisa sentir um certo sofrimento, deve ser algo que a incomoda", explica a ginecologista, obstetra e sexóloga Aline Ambrósio, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. As disfunções relacionadas ao sexo podem ocorrer entre 35% e 50% das representantes do sexo feminino. O TDSH responde por 40% dos casos.

A bremelanotida atua nos receptores de melanocortina, hormônio que induz os melanócitos, as células responsáveis pela produção do pigmento que colore a pele, a melanina. Mas o que isso tem a ver com tesão? "O remédio foi pesquisado nos anos 1960 e 1970 para questões dermatológicas", afirma a médica. Mais especificamente para bronzeamento e prevenção de câncer de pele. No entanto, os cientistas perceberam nos estudos experimentais que, nos roedores machos, aumentava-se a ereção e, nas fêmeas, o excitamento. "Hoje sabemos que os receptores de melanocortina são estimulantes do desejo, assim como o neurotransmissor dopamina", explica a especialista.

De acordo com a FDA, ainda é desconhecido o mecanismo pelo qual a bremelanotida melhora o desejo sexual. A droga é administrada por meio de uma injeção no abdômen ou na coxa pelo menos 45 minutos antes da relação sexual. Não se deve usar mais de uma dose em 24 horas ou mais de oito por mês. O medicamento precisa ser descontinuado se não houver progresso no tratamento depois de oito semanas.

O remédio foi avaliado em um estudo de 24 semanas com 1247 mulheres que ainda não estavam na menopausa. Todas tinham o transtorno do desejo sexual hipoativo. Metade tomou a bremelanotida e a outra parte uma substância inócua (placebo). Cerca de 25% das participantes do grupo à base da droga apresentou aumento na libido comparadas a 17% das que não a usaram. Além disso, 35% das voluntárias que tomaram o medicamento relataram menos estresse relacionado à libido baixa — nas demais, isso chegou a 31%.

Os efeitos colaterais mais comuns foram náusea, vômito, rubor facial, reações no local da injeção e dor de cabeça. No caso de náusea, 40% das pacientes sentiram o sintoma na primeira aplicação, sendo que 13% precisaram recorrer a um fármaco para tratá-lo. Além disso, houve aumento da pressão arterial por 12 horas. Assim, a droga não é indicada para quem tem hipertensão não controlada ou outra doença cardiovascular, além de risco elevado para esse tipo de problema.

Trata-se da segunda opção farmacológica para mulheres com disfunção sexual. A primeira, a flibanserina, também conhecida como pílula rosa, foi lançada há quatro anos. "Ela foi desenvolvida para o tratamento de depressão. Como esse antidepressivo também mexe com receptores de serotonina, acabou melhorando a resposta sexual", lembra Aline Ambrósio. Foi um fracasso comercial. Isso porque a ação nas consumidoras foi aquém do esperado. E seus efeitos só começam a aparecer depois de quase oitos semanas de uso. A flibanserina não pode ser consumida com álcool porque a interação causa queda brusca da pressão arterial. Outras adversidades incluem tontura, náusea e cansaço.

Por falar em antidepressivos, as opções mais antigas, como os tricíclicos, tinham a queda da libido como um dos principais efeitos colaterais. Os mais usados hoje em dia, caso dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina, a exemplo da fluoxetina, e os inibidores seletivos da recaptação da serotonina e da noradrenalina apresentam esse tipo de reação adversa menos pronunciada.

O desejo feminino

Será que a bremelanotida basta para dar cabo de vez de vontade sexual adormecida? "O remédio vai funcionar às vezes para tirar a paciente daquela angústia de não sentir desejo", fala Aline Ambrósio. "Ele também melhora um pouco a qualidade da sensação no relacionamento sexual. Mas se não tratar o entorno, não vai adiantar."

De fato, a sexualidade feminina é bem mais complexa do que a masculina. "O homem olha o objetivo de amor e já fica com desejo. Não importa se está contrariado no trabalho ou se discutiu na noite anterior", explica a especialista. "A mulher só tem esse desejo espontaneamente, ao lembrar-se da parceria e se sentir engajada para o ato sexo sexual", diz. Esse movimento ocorre principalmente nos três primeiros meses de relacionamento. "Depois ela apresenta um desejo que é responsivo a estímulos."

Para a ala feminina, a autoimagem, por exemplo, é muito importante. Se não gosta do que está vendo no espelho, vai ter dificuldade na hora de tirar a roupa. "No pós-parto, quando a mulher fica com uma barriga que não é de grávida e não é a sua de antes, o desejo também experimenta uma queda". Além das questões hormonais aí envolvidas.

Na verdade, são muitas questões envolvidas, incluindo a monotonia sexual "Às vezes é um dos fatores que faz a vontade de transar despencar", afirma a especialista. Aí nem é caso de níveis menores de testosterona, que atua no cérebro aumentando a libido — sim, o hormônio responsável pelas características masculinas também está envolvido no mecanismo do desejo feminino. Por isso, em determinados casos, a droga isolada não vai fazer efeito.

Segundo Aline Ambrósio, o trabalho que avaliou a bremelanotida foi liberado sem levar em conta o número de relações sexuais. "Se a mulher está mais engajada, ela também vai ter mais vontade. Não vai continuar transando só duas vezes por mês", aponta. A pesquisa considerou somente a qualidade das relações, não a quantidade. "Não dá para fazer um tratamento em sexualidade com somente medicamentos. A psicoterapia também é importante para auxiliar na ressignificação das angústias que estão envolvidas na situação", diz a médica.

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