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Tocar ou mesmo beijar o morto durante o velório faz mal à saúde?

Marcelo Testoni

Colaboração para o VivaBem

21/01/2020 04h00Atualizada em 21/01/2020 13h30

É melhor evitar o contato. Beijar, encostar o rosto, os olhos e as mãos são hábitos que, embora possam ser difíceis de serem controlados em um momento de comoção, não são recomendados. O motivo é que todo cadáver tem potencial infeccioso e, por entrar em processo de decomposição, as bactérias se intensificam e podem causar infecções sérias, principalmente em pessoas que já estão com o sistema imunológico debilitado. Nesses casos, um simples corte na pele da pessoa que tocou o morto pode favorecer a entrada de agentes patogênicos em seu organismo da pessoa.

Antes de ser liberado para o velório, o corpo passa por vários locais (hospital, necrotério, funerária) que embora possam seguir normas exigentes de higiene, estão suscetíveis a contaminações. No caixão, o cadáver ainda pode ser contaminado pelo contato direto de mãos, lágrimas e secreção nasal das pessoas e até de flores. Isso contribui para a multiplicação de germes, fungos e bactérias, como as do grupo coliforme e Staphylococcus aureus, que pode causar conjuntivite e até pneumonia. O risco de ficar doente costuma ser baixo, mas existe. Para se precaver, se for a um velório, evite encostar o rosto no morto e depois lave as mãos com água e sabão ou aplique álcool em gel.

É importante saber que, após a morte, o corpo pode excretar secreções com alto potencial de transmitir vírus e bactérias e que nem sempre conseguem ser eliminados completamente por métodos de esterilização e desinfecção, como os que são usados no embalsamamento. A literatura médica relata que alguns grupos ou classes de agentes infecciosos podem sobreviver e serem eliminados pelo cadáver até 48 horas depois do óbito. Não chega a ser uma porcentagem alta, mas por serem resistentes, oferecem riscos de transmissão de doenças como gripe H1N1, tuberculose e raiva. Nesses casos, a recomendação é que o caixão seja mantido fechado durante todo o velório e lacrado quando enviado para sepultamento em outro município ou país que não seja o de origem. Por isso, o responsável pelo falecido deve ter seu atestado de óbito com as ressalvas feitas pelo médico e, se possível, também ter acesso prévio a arquivos hospitalares.

Além dessas ameaças adquiridas por meio de partículas infectadas e saliva, também podem permanecer ativos no cadáver por alguns dias vírus como o da hepatite B e C e o HIV, causador da Aids (mas no caso do HIV não existe risco de infecção pelo simples toque ou beijo, você sabe), e até por três anos um agente infeccioso chamado príon, que é resistente a métodos tradicionais de esterilização e pode causar doenças degenerativas do sistema nervoso central. Quem trabalha com a manipulação de cadáveres infectados tem maior risco de contágio, que ocorre geralmente por contato com sangue, fluidos e materiais cirúrgicos não esterilizados. Porém, em se tratando do HIV, sabe-se que cadáveres contaminados com esse vírus também podem transmitir mais facilmente infecções oportunistas, como tuberculose por até dois dias.

Fontes: Edimilson Migowski, infectologista da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro); Marcus Carvalho, odonto-legista e mestre em biologia buco-dental pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); Reginaldo Franklin, médico-legista, pesquisador forense e atual diretor da Policlínica da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro; Susanne Edinger, infectologista pelo Hospital de Clínicas da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e da Cia. da Consulta; e Elie Fiss, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

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