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Burnout pode ocorrer após o estresse crônico: entenda os dois quadros

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Imagem: iStock

Simone Cunha

Colaboração para o VivaBem

21/01/2020 04h00

Resumo da notícia

  • O estresse só pode provocar danos se for muito intenso ou durar por muito tempo
  • A síndrome de Burnout é um problema derivado de um estresse crônico mal gerenciado
  • Colaboradores com saúde mental preservada produzem melhor, ficam mais motivados e menos doentes

'Matar um leão por dia' é uma metáfora que se encaixa muito bem no dia a dia de um ambiente corporativo. Cobranças, prazos, reuniões, metas, enfim há uma lista de desafios a serem cumpridos para garantir o emprego. É quase impossível não passar por momentos de estresse no âmbito profissional, por isso aprender a gerenciá-lo é um passo importante para que não se transforme em algo mais sério, como a síndrome de Burnout, por exemplo.

"Nem todo estresse que é danoso vai levar à síndrome de Burnout, podendo provocar diferentes quadros psicopatológicos como depressão, transtornos de ansiedade e pânico, ou mesmo quadros fóbicos ou traumáticos", explica Victor Bigelli de Carvalho, psiquiatra pelo IPq-HCFUMSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e idealizador da HERAH - solução em Medicina Digital.

Que estresse é esse?

O estresse não necessariamente faz mal à saúde, afinal ele só pode provocar danos se for muito intenso ou durar por muito tempo. No estresse positivo, a pessoa se depara com o estímulo, mas de forma rápida e eficiente o supera, podendo até gerar um sentimento de competência e auto eficácia. "Já no estresse negativo, o indivíduo fica exposto por muito tempo (ou cronicamente) às situações estressantes que podem afetar o organismo", diz o psicólogo Ricardo Wainer, psicoterapeuta Cognitivo-Comportamental e professor titular do Curso de Psicologia da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica Rio Grande do Sul).

E os sinais de alerta que apontam que o estresse está sendo excessivo aparecem de forma aguda ou crônica. O psiquiatra fala que, na aguda, mostram-se como apagões de memória, tremores, palpitações intensas, suor e medo excessivo. Todos esses sintomas paralisam a pessoa diante de uma situação ou problema. Já o quadro de estresse crônico costuma apresentar-se por períodos de insônia, cansaço excessivo, desmotivação, irritabilidade, emotividade e alterações físicas como dores pelo corpo, lesões de pele e perda de cabelo— em mulheres, pode provocar uma desregulação do ciclo menstrual ou até sua suspensão.

Estresse x Burnout

A síndrome de Burnout foi designada como um problema derivado de um estresse crônico mal gerenciado no ambiente de trabalho. No entanto, apenas o estresse não basta para diagnóstico. Segundo Carvalho, ainda é necessário que a pessoa acometida apresente três outros principais sintomas:

  1. Exaustão emocional e/ou física (esgotamento);
  2. Sensação progressiva de distanciamento ou achatamento emocional, chegando até à falta de sensibilidade ou ao cinismo;
  3. Diminuição da sensação de realização em que a pessoa não acredita ser boa ou eficaz suficientemente.

"O Burnout é um quadro muito característico de exaustão física, mental ou emocional causada por estresse excessivo ou prolongado. A pessoa tende a se sentir sobrecarregada, desconectada emocionalmente do trabalho e a performance tende a cair", completa Elisa Brietzke, psiquiatra e orientadora do Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Saiba identificar o problema

Por definição, o termo Burnout é o estresse recorrente e crônico não gerenciado adequadamente no ambiente de trabalho. "Colaboradores com saúde mental preservada produzem melhor, ficam mais motivados e menos doentes, por isso o gerenciamento do estresse ocupacional deve ser uma prioridade", enfatiza Carvalho.

Também é fundamental alertar que, para os especialistas, pessoas excessivamente perfeccionistas ou pessimistas, muito passivas (não sabem dizer não) ou muito controladoras, que se envolvem demais com tudo ou que alimentam expectativas irreais podem desenvolver a síndrome de Burnout. "Essas questões individuais podem ajudar a reconhecer e aprender a manter um autocontrole a fim de não colocar em risco a saúde e respeitar seus próprios limites", sugere o psiquiatra.

Portanto, ter um cuidado no gerenciamento do estresse é essencial, pois o estresse crônico também pode levar à depressão. Em especial, quando tentativas de lidar/resolver o estresse não obtém sucesso, e o indivíduo acaba ficando descrente de sua capacidade em lidar com as adversidades, desenvolvendo crenças negativas sobre si mesmo e o futuro. "Essa tríade é um dos substratos dos quadros depressivos", confirma Wainer.

Gerenciando o estresse

Aqui, o psicólogo Ricardo Wainer faz uma lista que pode ser aplicada ajudando a gerenciar o estresse para que o problema não se torne progressivo e frequente colocando a saúde mental em risco.

  • Faça pausas frequentes no trabalho;
  • Pratique exercícios de relaxamento;
  • Evite fumo, bebidas alcoólicas e café em excesso;
  • Aposte em exercícios físicos regularmente (não extenuantes);
  • Tenha períodos de férias regularmente;
  • Não trabalhe muito cansado ou fora do horário;
  • Reserve horas do dia para diversão;
  • Busque contatos sociais e familiares constantes.

De acordo com Carvalho, há uma linha de pensamento na psiquiatria que vê a síndrome de Burnout como uma mistura de sintomas depressivos e ansiosos, sendo que sua compreensão pode ser feita a partir da incapacidade de gerenciar o estresse. "Neste caso, podemos dizer que, ao apresentar sintomas de exaustão emocional, distanciamento das relações e diminuição do sentimento de realização, a pessoa já deve receber um auxílio médico e/ou psicológico", alerta Carvalho.

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