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Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Dá para enfrentar o medo de viajar de avião, veja técnicas para te ajudar

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Imagem: iStock

Simone Cunha

Colaboração para o VivaBem

09/01/2020 04h00

Resumo da notícia

  • A fobia pode se desenvolver por algo que ouviu falar e nunca nem entrou em contato
  • A Terapia Cognitiva Comportamental expõe o paciente ao medo e o faz enfrentá-lo
  • Já a EMDR tem mostrado bons resultados no tratamento e enfrentamento do medo

O ano de 2020 promete muitos feriados prolongados e aproveitar para dar aquela viajada para escapar do estresse é um benefício para a saúde mental. No entanto, nem sempre há tempo para longas viagens na estrada e o avião acaba sendo o transporte mais indicado por questão de praticidade. Em poucas horas é possível atravessar quilômetros de distância, mas isso não é uma desculpa favorável para quem alimenta o medo de voar.

E nem é preciso ter vivenciado uma situação traumática para fazer o coração disparar, as mãos suarem e dar aquele friozinho na barriga na hora de fazer o check-in. Muitas pessoas viajam com muito medo e outros nem conseguem vencer esse receio, abrindo mão de conhecer lugares e curtir a viagem. "Há casos em que a pessoa realmente desenvolve uma fobia e não consegue embarcar, transtorno que pode se desenvolver por algo que ouviu falar e nunca nem entrou em contato", explica Fabiola Furlan, psicóloga da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Dá para encarar esse medo

O medo é uma reação normal, um mecanismo de proteção essencial em nossas vidas. Já a fobia é um medo exagerado ou desproporcional a algo. E mesmo parecendo algo impossível de ser enfrentado, a fobia que, muitas vezes, até paralisa, pode ser mantida sob controle. "Uma técnica chamada exposição sugere o enfrentamento das situações temidas e evitadas", diz o psiquiatra e pesquisador Tito Paes de Barros Neto, do Programa de Ansiedade do IPq do HC-FMUSP (Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

O especialista conta que essa exposição acontece se estabelecendo um objetivo e, em geral, se desenvolve de forma gradual, expondo o paciente a situações menos desencadeantes de ansiedade para as que mais desencadeam. Ou seja, quem tem medo de viajar de avião não vai encarar um voo logo de cara, mas precisa ir se familiarizando com a situação: entender o que é um avião, como funciona, como se realiza um voo e assim por diante.

Um passo de cada vez

Recuar diante de um medo só o fazer crescer e dominar a situação. Por isso, Furlan confirma que a Terapia Cognitiva Comportamental costuma ser uma modalidade muito eficiente, pois expõe o paciente ao medo e o faz enfrentá-lo. O tratamento se aplica a qualquer pessoa, desde que seja conduzido por profissional habilitado. E essa evolução das aproximações sucessivas deve sempre respeitar o tempo de cada paciente.

"No caso da fobia de aviões, o processo intitulado Dessensibilização Sistemática poderá começar no consultório, evoluir para exercícios de imaginação contendo o conteúdo que dispara a resposta de medo, até o contato com aeronaves, conversa com pilotos e mesmo a realização de exercícios em simuladores de voo", detalha o psicólogo Lucas Elias Rosito, docente na PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).

EMDR também ajuda a superar o medo

Uma abordagem terapêutica chamada EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing), traduzida para Dessensibilização Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares também tem mostrado bons resultados no tratamento e enfrentamento do medo. "O EMDR é uma forma de psicoterapia que ocorre por meio de estímulos oculares, táteis, auditivos bilaterais, eficazes no tratamento do estresse pós-traumático, permitindo ao paciente identificar, reprocessar e superar traumas e eventos adversos", explica Ana Lúcia Castello, presidente da Associação Brasileira de EMDR.

De acordo com Castello, em 2013, a OMS reconheceu e distinguiu a terapia EMDR como uma das abordagens mais recomendadas, junto com a Terapia Cognitivo Comportamental para o tratamento do estresse pós-traumático (TEPT). Aliás, o EMDR promete agir rápido, utilizando um protocolo de oito fases que deve ser seguido à risca para que o paciente tenha acesso a todos os pilares da memória que são necessários para reprocessar os traumas (imagens, crenças negativas, emoções e sensações corporais).

"Ao aplicar o estímulo visual, auditivo e/ou tátil no tratamento de EMDR, que promove a dessensibilização e reprocessamento das experiências negativas, se instiga a rede em que ficou presa a lembrança, permitindo a busca de informações em outras redes neurológicas onde a vítima pode encontrar o que precisa para compreender o que aconteceu naquele momento traumático", afirma Castello.

Por que vale buscar ajuda?

O medo excessivo deve ser reconhecido e tratado, sempre! Para Furlan é muito importante aprender a conviver com a fobia e aprender a administrar os problemas causados por ela. "O tratamento das fobias é um case de sucesso na psicoterapia", confirma Rosito. Isso porque as respostas são efetivas, pois argumentar logicamente com pacientes fóbicos, além de não ser eficiente, produz um sentimento de constrangimento e defectividade no mesmo.

Já no EMDR, o objetivo da terapia é fazer com que o paciente reaja com tranquilidade ao alvo em que é necessário 'limpar' cada canal de memória que está associado a esse alvo. "Independentemente da razão, o medo ou trauma afeta a vida pessoal e profissional, e com o EMDR é possível desenvolver e ampliar a capacidade de tolerância emocional, ajudando a desenvolver adultos, crianças e jovens mais saudáveis com capacidade de se auto regular, lidar com suas emoções e se tornar um membro produtivo da sociedade", conclui Castello.

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