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Aos 60 anos fui diagnosticado com HIV. Meu risco de complicações é maior?

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

07/01/2020 04h00

Sim, o idoso portador de HIV possuiu maior risco de desenvolvimento de doenças naturais do processo de envelhecimento. Isso significa que ele pode ter mais chances de desenvolver doenças cardiovasculares, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC) doença arterial periférica, doenças metabólicas (diabetes, dislipidemia), alguns tipos de neoplasias, síndromes geriátricas, como incontinência urinária, alteração da visão e déficit auditivo, depressão etc.

O tratamento tradicional para HIV, com o uso dos medicamentos antirretrovirais, também é utilizado em quem tem mais de 60 anos. Atualmente, existem mais de 20 drogas disponíveis para a terapia contra o vírus, mas no Brasil nem todas estão disponíveis. Mesmo assim, são várias as combinações possíveis de medicamentos, que devem ser feitas de acordo com a necessidade do paciente. Se ele tomar os remédios indicados corretamente, é possível deixar a carga viral indetectável, e com isso, esperar que o sistema imunológico se recupere, o que pode evitar que possíveis doenças oportunistas, como herpes, tuberculose, entre outros, venha a aparecer. A carga viral indetectável também faz com que a pessoa deixe de ter riscos de transmitir seu vírus por via sexual.

Além disso, por conta da idade, o médico responsável pelo tratamento do paciente idoso precisa levar em consideração as doenças que ele tenha, e assim, fazer a melhor combinação de antirretrovirais, a fim de evitar a piora desses problemas. Por exemplo, coquetéis que não alterem tanto o nível de colesterol, já outros que não reduzem a quantidade de minerais nos ossos e assim por diante. A interação medicamentosa também pode ser outro fator a ser levado em consideração na hora de pensar na melhor terapia para o idoso portador de HIV. Por isso, o uso de qualquer outro medicamento só pode ser feito com a autorização de um médico.

E caso o paciente venha a se relacionar com alguém que não seja soropositivo (o chamado casal sorodiscordante), atualmente, é possível que o parceiro se proteja por meio da chamada PrEP. Na Profilaxia pré-exposição, a pessoa toma a combinação de dois antirretrovirais (Tenofovir e Emtricitabina), e caso um vírus do HIV tente entrar no corpo, esse medicamento acaba bloqueando a infecção de maneira eficaz, quando tomado diariamente.

A PrEP é indicada, principalmente, para grupos de risco. São eles:

  • Gays e outros homens que fazem sexo com homens;
  • Pessoas trans;
  • Profissionais do sexo que tenham relação sexual anal ou vaginal, sem uso de preservativo, nos últimos seis meses;
  • Episódios recorrentes de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST);
  • Uso repetido de Profilaxia Pós-Exposição (PEP).

O único alerta para os idosos sobre o uso da PrEP é em relação aos possíveis efeitos colaterais. Isso porque o medicamento pode causar alterações no rim e no osso. Portanto, se uma pessoa já tem essas alterações, tem que usar com cautela ou evitá-la. Mas, se o indivíduo tem mais de 60 anos, e não tem problema no rim ou no osso, pode usar sem problemas. Além disso, é de extrema importância ressaltar que a PrEP não protege contra outras Infecções Sexualmente Transmissíveis, sendo portanto, recomendado também o uso do preservativo.

Fontes: Dânia Abdhel Rhaman, infectologista do Hospital Albert Sabin, em São Paulo; Gisele Cristina Gosuen, infectologista pelo Instituto de Infectologia Emilio Ribas, em São Paulo; João Parts, infectologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Rico Vasconcelos, infectologista da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e colunista de VivaBem; e Roberta Schiavon Nogueira, infectologista e consultora da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).

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