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Ovário policístico e cisto no ovário não são a mesma coisa: saiba diferença

Nomes parecidos, mas problemas bem diferentes - iStock
Nomes parecidos, mas problemas bem diferentes Imagem: iStock

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

09/12/2019 04h00

Ovário policístico e cisto no ovário: os nomes até que são parecidos, mas os problemas são bem diferentes. E a confusão pode se dar pelo fato de que, durante o ciclo menstrual, os ovários formam cistos que se desenvolvem e se rompem, liberando o óvulo, que ao ser fertilizado, gera uma gravidez.

Até aí, tudo certo. O problema é que esses mesmos cistos podem ter aspectos diferentes, ou então, surgirem em tamanho menor e em maior quantidade. "Num exame de ultrassom, por exemplo, os cistos normais e os patológicos são descritos, mas fica difícil de a paciente conseguir entender. Por isso, gera essa dúvida, além de ser sempre necessário que um médico interprete a análise clínica", afirma Debora Steinman, ginecologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

O ovário policístico

Naturalmente, o ovário possui pequenos microcistos, os chamados folículos primordiais. Durante o período menstrual, cerca de 10 a 15 dessas camadas celulares são recrutadas e, normalmente, uma se torna dominante, conhecido como cisto ovulatório. É comum que haja múltiplos pequenos cistos ovarianos no período reprodutivo.

Desta forma, ter o ovário policístico pode ser considerado normal. Esse processo só se torna um problema quando a mulher é diagnosticada com síndrome do ovário policístico, que é caracterizada pelo aumento no volume ovariano e pela presença de múltiplos pequenos cistos ao redor do ovário, causados por um distúrbio na produção e secreção dos hormônios sexuais femininos e masculinos.

"A síndrome dos ovários policísticos é uma doença endócrina, que leva a alterações metabólicas no corpo da mulher, causando anovulação crônica (falta de ovulação), amenorreia (ausência de menstruação), aumento de pelos, acne e peso principalmente", explica Ricardo Luba, ginecologista, obstetra e membro da AAGL (American Association of Gynecologic Laparoscopists).

Outro fator de risco para o desenvolvimento do ovário policístico é a resistência à insulina, hormônio responsável por metabolizar os carboidratos no sangue, que pode desencadear o diabetes. "Esse problema surge principalmente em mulheres obesas, que por conta do aumento de peso apresentam alterações no processo de ovulação. Esse distúrbio faz com que o estrogênio passe a ser produzido em excesso, sendo convertido em testosterona", explica Alexandre Pupo, ginecologista do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. E o hormônio masculino é prejudicial quando possui nível acima do normal no organismo da mulher.

As terapias mais indicadas

No caso da síndrome do ovário policístico, os anticoncepcionais auxiliam nesse aumento da produção de hormônio masculino. "A resistência à insulina deve ser amenizada com alterac?a?o do estilo de vida, perda de peso e medicamentos. Quando houver desejo de gestação, a indução da ovulação deve ser realizada com o auxílio de remédios próprios para isso", esclarece Fábio Sakae Kuteken, ginecologista da rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo.

Existem formas de tentar prevenir o ovário policístico, que pode começar ao longo dos primeiros três anos da vida menstrual das mulheres, ao evitar o uso de pílulas anticoncepcionais ou outros métodos que bloqueiem a ovulação neste período inicial. Já para quem não está mais nessa fase, o ideal é evitar o ganho excessivo de peso por meio de dietas adequadas e equilibradas, assim como a prática de atividades físicas.

O cisto no ovário

Já o cisto no ovário ocorre quando o edema (inchaço) é maior do que aqueles do ovário policístico (com mais de 2 ou 3 cm) e pode aparecer ao longo da vida da mulher. "A maior parte deles aparece de forma normal e são reabsorvidos, chamados de cistos funcionais. Em outros casos, em que eles não regridem ou mudam de aspecto, podendo ter acúmulo de líquido junto com outros componentes, como gorduras e partes sólidas, são classificados como cistos complexos (que precisam de maior atenção, já que podem ser hemorrágicos ou derivados de uma endometriose)", explica Luba.

Ainda de acordo com o ginecologista, como existem muitos tipos de cistos ovarianos, é impossível enumerar suas causas. "Normalmente eles aparecem por alterações hormonais ou lesões em que ocorrem uma mutação do cisto. Nesse caso, é necessário verificar se o elemento é maligno ou benigno. A grande maioria dos cistos ovarianos são benignos, mas o câncer de ovário tem incidência de 5 mulheres a cada 100 mil", alerta.

Sinais e tratamento

Quando estão pequenos, os cistos geralmente não apresentam sintomas. Mas quando estão maiores, pode haver dor na região pélvica e sangramento abdominal, no caso de ruptura do edema. "Agora, se estiver relacionado ao câncer de ovário, a paciente pode perder peso, e é uma situação mais delicada", analisa Mauricio Abrão, coordenador do serviço de ginecologia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

O tratamento pode ser apenas um acompanhamento médico, já que muitas vezes os cistos no ovário regridem espontaneamente. Por outro lado, existem casos em que o uso de anticoncepcionais orais é indicado.

Já a cirurgia pode ser uma alternativa em situações em que haja suspeita de ser um tumor maligno, ou então quando os cistos são volumosos, sangram ou torcem. "Quando o cisto tem mais de 6 cm, ele corre o risco de torcer, ou seja, dobrar sobre si mesmo e também pode haver a vascularização do ovário, levando a um infarto da glândula, o que gera uma dor súbita e aguda do lado doente", esclarece Pupo.

Como prevenir-se

Não existem muitos métodos que ajudam a prevenir o desenvolvimento dos edemas. "O uso de pílulas anticoncepcionais pode contribuir ao colocar os ovários em repouso, e isso contribui para que não ocorra a produção de cistos. Além disso, o uso do medicamento por, pelo menos, um ano ao longo da vida também reduz o risco de câncer de ovário", diz o ginecologista.

Também é indicado a prática de atividades físicas aeróbicas, que reduzem os picos do hormônio estrogênio.

Mas, independentemente de ter ovário policístico ou cisto no ovário, é sempre muito importante passar por consultas rotineiras com o ginecologista, assim, qualquer tipo de alteração pode ser detectada precocemente.

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