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Jovem fica com ponta de lápis no olho; danos à retina podem causar cegueira

Getty Images
Imagem: Getty Images

Giulia Granchi

Do VivaBem, em São Paulo

04/12/2019 16h28

Quem já sofreu com qualquer resíduo caindo em seu olho sabe o quão dolorosa pode ser a experiência. Imagine então ter a ponta de um lápis dentro de um dos lugares mais sensíveis do nosso corpo? Parece história de filme, mas aconteceu em uma sala de aula em Manchester, no Reino Unido.

Um colega de classe jogou um lápis em direção ao rosto de uma adolescente de 13 anos, que ficou com duas partes da ponta alojadas em seu olho direito.

O caso aconteceu há três anos e foi descrito ontem (3) no BMJ Case Reports. De acordo com o periódico, a britânica não percebeu que o grafite estava em seu olho até um colega avisar.

A jovem precisou passar por uma cirurgia de emergência já que uma das partes estava muito próxima à retina — um pedaço tecido na parte posterior do olho que converte luz em imagens — e danos extensos poderiam causar cegueira. "Em um caso como este, o atendimento imediato é essencial para salvar a integridade do globo ocular e preservar a visão", aponta Roberto Tadeu Ferreira Castro, doutor pela USP (Universidade de São Paulo) e médico da Cia. da Consulta.

Quando algo entra no olho, podemos tentar tirar sozinhos?

Conforme explica Somaia Mitne, oftalmologista especializada em trauma ocular do Fleury Medicina e Saúde, se o corpo estranho for apenas um "cisco" no olho, como um pequeno inseto, fragmento de planta ou terra trazidos pelo vento, é possível tentar sua remoção lavando com soro fisiológico ou água filtrada.

"'No entanto, se a presença do objeto for por trauma, o ideal é que a avaliação seja realizada pelo oftalmologista, com aparelho especializado (lâmpada de fenda) que permite avaliar com detalhes as estruturas oculares", afirma.

Acidentes banais podem resultar em consequências graves

A especialista reforça que mesmo acidentes aparentemente sem altos riscos podem ocasionar lesões oculares graves. "É importante investigar se houve penetração completa do corpo estranho no olho, por exemplo, se um fragmento de ferro atravessou todas as camadas do olho (trauma aberto) ou apenas parcialmente (trauma fechado). Nos casos de trauma aberto, a remoção do corpo estranho é realizada no ambiente de centro cirúrgico, pelo risco de infecção", esclarece.

A jovem, na avaliação de Mitne, teve sorte. Apesar do orifício de entrada ser relativamente anterior, a ponta do lápis se partiu e um fragmento se deslocou para a cavidade vítrea. "Esse fragmento poderia ter lesado diretamente a retina, causando roturas, hemorragia vítrea e até mesmo descolamento de retina. Tais complicações são graves e em última instância podem evoluir para a cegueira", explica a médica.

Por mais incomum que o caso possa parecer, de acordo com Amreen Qureshi, principal autor do artigo que descreve o caso, "uma em cada seis lesões por perfuração ocular em crianças ocorre quando um objeto é jogado". No artigo, os médicos fazem alerta aos professores, pais e filhos para que estejam conscientes dos riscos de jogar objetos.

"Acidentes como este podem causar sequelas sérias nos olhos. Além do risco do trauma pelo contato, o objeto torna-se vetor disseminador de bactérias que podem inflamações e acarretar em perda grave de visão ou até cegueira", indica Castro.

Segundo informações do Daily Mail, após a cirurgia, a adolescente teve sensibilidade à luz e precisou de acompanhamento médico recorrente, mas já está totalmente recuperada.

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