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Lavar olho com qualquer coisa tem riscos: quando usar água, soro ou colírio

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Imagem: iStock

Marcelo Testoni

Colaboração para o VivaBem

01/12/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Água, soro fisiológico e colírio têm indicações específicas e, se não forem usados corretamente, podem prejudicar a saúde ocular
  • A água "comum" deve ser utilizada somente para a higiene externa das pálpebras e da região do rosto ao redor dos olhos, mas nunca no interior deles
  • Muito adotada para tratar inflamações como conjuntivite, a água boricada não deve ser usada nos olhos, pois pode causar irritação
  • Soro fisiológico também não é boa opção para lavar os olhos ou lentes de contato, já que o líquido é facilmente contaminado após aberto
  • Há uma grande variedade de colírios, com diferentes funções, que devem ser aplicados com indicação médica

Água, soro fisiológico e colírio são substâncias que, embora pareçam inofensivas, possuem indicações específicas e usá-las de maneira incorreta pode prejudicar sua saúde ocular. A seguir, mostramos melhor e damos algumas dicas. Porém, não deixe de se consultar com um oftalmologista, ainda mais se usar óculos ou lentes de contato e sentir desconforto nos olhos.

Água é para limpeza externa

Segundo Mauro Campos, oftalmologista e diretor médico do grupo H.Olhos (Hospital dos Olhos): "Se houver exposição dos olhos a agentes tóxicos, como desinfetante, tinta e solvente, por exemplo, devemos lavá-los imediatamente, antes de procurar um médico. O ideal é que se use água filtrada ou mineral, mas em último caso pode se utilizar a da torneira, que no dia a dia também serve para higienizar pálpebras e rosto, mas não o interior dos olhos".

Muita gente acaba deixando de lado essa limpeza externa a que o médico se refere, sem notar que ela é fundamental para evitar que as glândulas oculares e os folículos dos cílios entupam por maquiagem, partículas de poluentes e oleosidade em excesso. Quando isso ocorre, não só a secura dos olhos aumenta como o nível de bactérias que causam diversos tipos de infecção.

Portanto, esse hábito de higiene deve ser realizado todo dia, antes de dormir, e com soluções oculares ou produtos de higiene que não provoquem ardor nos olhos e alergias de pele. As pálpebras fechadas devem ser massageadas de leve com espuma e depois enxaguadas ou limpas com gaze ou algodão umedecidos em água morna. Depois é só secar com uma toalha.

Água boricada não deve ser usada

Por falar em água, como não citar a boricada? Muita gente a utiliza para tratar inflamações oculares, como conjuntivite, mas os médicos dizem que não é seguro, pois o produto contém ácido bórico, que em pessoas mais sensíveis pode provocar reações alérgicas e queimaduras. "Criou-se um mito de que água boricada auxilia na limpeza ocular, mas ela é bem tóxica e não deve ser usada", adverte o oftalmologista Tiago Batista, do Hospital 9 de Julho, em São Paulo.

Por não ser uma solução estéril, a água boricada também está sujeita a contaminação por micro-organismos prejudiciais à saúde ocular. Portanto, em caso de processos inflamatórios e sintomas como dor, secreção e coceira, procure um médico. Como um paliativo até lá, a pessoa pode fazer compressas frias e limpar os olhos com gaze umedecida em água morna.

Soro fisiológico requer cuidados

Embora seja útil para lavar as narinas, o soro fisiológico também não é a melhor solução para higienizar olhos e lentes de contato. A explicação é que depois de aberto ele se contamina automaticamente e pode favorecer a multiplicação de micro-organismos nocivos, como o protozoário Acanthamoeba, que também é encontrado na água da torneira e pode provocar inflamações graves, como a ceratite, que ataca a córnea e quando agravada reduz a visão.

"Para manter a umidificação dos olhos, o melhor é pingar um lubrificante prescrito pelo médico. Sem alternativa, o soro pode ser usado, mas prefira o produto em versão flaconete, que é pequena e pode ser descartada após o uso", indica o oftalmologista Omar Assae, do Hospital Cema, em São Paulo. Questionado se o soro, por conter sal, provocaria secura ocular, o médico responde que isso é improvável, pois sua composição contém apenas 0,9%.

Batista complementa o colega e explica que eventuais irritações oculares provocadas pelo líquido não se devem à presença do sal, mas à sua composição geral, que é diferente da lágrima, que é mais complexa. Por esse motivo, o soro também não serve para higienizar lentes de contato. Nesse caso, os especialistas sugerem soluções específicas, indicadas por oftalmologistas e fabricantes e que contenham agentes antibacterianos em sua fórmula.

Colírio não é tudo igual

Pessoas que não apresentam sintomas oculares como ardor, vermelhidão, secreção, coceira e vista embaçada dificilmente precisam usar qualquer tipo de colírio. Já as que ficam com os olhos ressecados e avermelhados, eventualmente por conta de poluição, ar-condicionado e esforço de leitura, podem se aliviar com colírios hidratantes, chamados de lágrimas artificiais.

"Porém, sem indicação, mesmo esses colírios tornam-se prejudiciais", afirma Campos. É que se forem aplicados sem necessidade, podem deixar os olhos mais suscetíveis a infecções como viciados e tolerantes, sendo necessário recorrer a alternativas cada vez mais fortes e sem certeza de eficácia.

Efeito similar tem os colírios vasoconstritores, se pingados com muita frequência. Como clareiam os olhos, eles também podem camuflar doenças, uma vez que cessam os sintomas de que os olhos não andam bem, como veias dilatadas e vermelhidão.

Apesar de serem esses tipos de colírios os mais comercializados, existem outros, compostos por diferentes substâncias químicas e que podem servir como antibióticos, anti-inflamatórios, analgésicos, antialérgicos e mesmo dilatadores de pupila.

Sendo a variedade tão grande e complexa, precisam ser comprados sob orientação médica, pois, como já mencionado, seu uso indiscriminado pode resultar em complicações diversas, incluindo doenças graves, como catarata e glaucoma.

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