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O que a obesidade tem a ver com o câncer? Tudo

O excesso de peso aumenta o risco de aparecimento de diversos tumores. Entre eles, o de mama e os dos rins - Mladen Zivkovic/iStock
O excesso de peso aumenta o risco de aparecimento de diversos tumores. Entre eles, o de mama e os dos rins Imagem: Mladen Zivkovic/iStock

Nicola Ferreira

Da Agência Einstein

27/11/2019 11h39

O tabagismo é um dos fatores externos mais conhecidos por aumentar as chances de um câncer se desenvolver. No entanto, pouca gente sabe que o sobrepeso e a obesidade estão na raiz do aparecimento de um número significativo de tumores. O sobrepeso é caracterizado pelo Índice de Massa Corporal IMC) acima de 25.

A obesidade, depois de 30. O IMC é o peso dividido pela altura ao quadrado. Normalmente, o excesso de peso é associado apenas à ocorrência de infarto e de acidente vascular cerebral. O vínculo entre a obesidade e o câncer, no entanto, é indiscutível. Somente no último ano, foram vários os estudos demonstrando a relação.

O mais recente foi divulgado pela Universidade Oxford, da Inglaterra, e demonstrou que o acúmulo de peso é o segundo maior responsável pelo desenvolvimento dos tumores mais letais, como o de mama e o do sistema digestivo.

Antes dele, outras pesquisas de resultados igualmente consistentes apresentaram vínculos inequívocos. Em 2018, um trabalho coordenado por pesquisadores da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) em parceria com a Universidade Harvard, dos Estados Unidos, mostrou que o IMC acima de 25 aumenta o risco de surgimento de até treze tipos de cânceres, entre eles o câncer de mama e câncer colorretal, dois dos que mais matam no Brasil segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer).

Tumores de mama são os mais vulneráveis ao excesso de peso. Na Universidade de Chicago (EUA), por exemplo, os cientistas descobriram que mulheres obesas têm maior possibilidade de apresentarem o chamado câncer de mama triplo, um dos que mais matam e com menor possibilidade de cura. Peso acima do ideal também eleva o risco para tumores renais (só no passado foram 403 mil novos casos no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde), de útero, de pâncreas e de tireoide, entre outros.

Esses tumores, aliás, estão entre os mais manifestados por jovens de 25 a 29 anos, segundo levantamento da Sociedade Americana de Oncologia divulgado neste ano. A entidade alertou para o fato de os indivíduos nesta faixa etária também se encontrarem atualmente em risco para doenças cardiovasculares, entre outras razões pelo fato de estarem com excesso de gordura.

Apesar de todos os dados, a desinformação prevalece. "Estamos muito preocupados que as pessoas simplesmente não conectam câncer com a obesidade. O estudo mostrou que só um em quatro entrevistados sabia da relação entre ambos. Por isso que temos que deixar bem claro que existe essa ligação" - afirmou Jyostna Vohra, coautora do estudo de Oxford.

O cuidado é mais do que justificável. A obesidade tornou-se uma epidemia mundial. De acordo com a OMS, cerca de 4 bilhões de pessoas estão com sobrepeso ou são obesas. No Brasil, são aproximadamente 104 milhões com sobrepeso e 11 milhões obesos. Ela é hoje uma das principais preocupações de saúde pública exatamente por impor enormes prejuízos ao funcionamento do organismo.

Por que a obesidade pode levar ao câncer?

O aumento de gordura no corpo promove a produção de hormônios que estimulam o aparecimento e crescimento dos chamados tumores hormônio-dependentes, que dependem dessas substâncias para crescerem. Entre eles, um tipo de câncer de mama, tumor de endométrio e de ovários.

Além disso, a obesidade leva o organismo a um estado inflamatório crônico, o que reduz a imunidade. Com as defesas em baixa, células tumorais têm maior chance de se proliferar, já que há menos força no exército formado para combatê-las.

A importância da atividade física e da boa alimentação

A união entre exercícios físicos e alimentação saudável é forma mais eficaz e saudável de reduzir o peso. Além de ajudar na manutenção corporal, há um aumento na massa magra, reduzindo a chance de um tumor se manifestar. Além do mais, o exercício físico e a boa alimentação são responsáveis por promover o equilíbrio dos hormônios, fortalecer as defesas do corpo, dois dos principais fatores que podem inibir o desenvolvimento de células doentes.

Oncologista da Universidade Federal de Minas Gerais, Angélica Nogueira Rodrigues, uma das diretoras da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), afirma que não há um exercício específico para reduzir a probabilidade de um câncer se desenvolver.

Contudo, segundo o professor da UNIFESP e um dos líderes da pesquisa, Leandro Rezende os resultados só serão efetivos caso seja feito ao menos o dobro dos 150 minutos de volume de atividade física aeróbica que a OMS recomenda. Para realizar o volume de 300 minutos é recomendado uma hora de exercício todos os dias da semana.

Outro elemento adicional importante para a redução de peso é a alimentação balanceada. De acordo com o relatório Global Burden Disease, pesquisa feita pelo Instituto de Metrologia e avaliação da saúde da Universidade de Washington, Estados Unidos, que analisa os impactos da saúde no mundo, países nos quais as populações alimentam-se mais de frutas, legumes, vegetais e frutas secas são os que apresentam a menor taxa de mortes relacionadas a má alimentação. Segundo o levantamento, cerca de 11 milhões de mortes em 2017 estavam diretamente relacionadas à dieta inadequada e às doenças vinculadas a ela.

Um dos maiores vilões para uma refeição saudável são os alimentos ultra processados. Cancerígenos, infelizmente já representam 20% de todo consumo calórico do País e tendem a ganhar espaço nas mesas de toda a América Latina.

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