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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


46% dos brasileiros com diabetes não sabem que têm doença; veja sintomas

O diabetes é caracterizado pelo excesso de açúcar no sangue, e aumenta o risco de problemas cardíacos, sexuais e nos rins - iStock
O diabetes é caracterizado pelo excesso de açúcar no sangue, e aumenta o risco de problemas cardíacos, sexuais e nos rins Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

18/11/2019 13h09

Cerca de 7,7 milhões de brasileiros adultos têm diabetes, mas não sabem. Essa é a conclusão do Atlas do Diabetes de 2019, publicado pela IDF (Federação Internacional de Diabetes) na quinta-feira (14).

O número, que equivale a 46% das 16,7 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos que têm a doença, coloca o país em sexto lugar no ranking dos territórios em que há falta de diagnóstico, o que é preocupante.

Se não controlado, o diabetes é perigoso. Períodos prolongados de hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue), por exemplo, podem danificar órgãos, nervos e vasos sanguíneos de maneira irreversível.

Atentar-se aos sintomas e fazer o exame facilitam o diagnóstico. Os sinais mais comuns, associados ao excesso de açúcar no sangue, são:

- Sede excessiva
- Fome excessiva
- Aumento da frequência urinária
- Infecções frequentes (como de bexiga ou pele)
- Fadiga
- Visão turva
- Perda de sensibilidade ou formigamento nos pés ou nas mãos
- Feridas que demoram muito para cicatrizar
- Perda de peso sem razão aparente

No diabetes tipo 1, as manifestações surgem rápido. Já no tipo 2 a evolução pode levar anos. Muitas vezes não há sintomas ou eles são tão leves que a pessoa só descobre a doença quando já existe alguma complicação.

Diagnóstico

A dosagem do nível de glicose no sangue (glicemia) é feita com uma simples gota de sangue. O resultado desse exame é considerado normal quando está abaixo ou igual 99 mg/dl na dosagem feita em jejum de oito horas.

Quando o resultado varia de 100 a 125 mg/dl, significa que a glicemia está alterada e que o paciente pode ter pré-diabetes. Nesse caso, é preciso fazer um teste oral de tolerância à glicose, também conhecido como curva glicêmica —o paciente bebe uma solução açucarada e repete a coleta de sangue de meia em meia hora, ou só após duas horas. Outro exame de sangue que tem sido usado no diagnóstico e no controle do diabetes é a hemoglobina glicada (HbA1c), uma média que reflete os níveis glicêmicos dos últimos três ou quatro meses e independe do jejum.

O pré-diabetes não é uma doença, e sim um estado que indica o risco potencial de diabetes. A partir desse diagnóstico, o paciente deve cuidar da dieta, do peso e fazer exercícios físicos para que o quadro seja revertido. Quando o pré-diabetes acompanha outros fatores de risco, como obesidade abdominal, resistência à insulina, hipertensão, colesterol e triglicérides alto, é comum dizer que o paciente tem síndrome metabólica.

Estudos mostram que o jejum intermitente também reduz riscos de diabetes, câncer e doenças do coração - iStock - iStock
A gordura visceral é muito associada à doença, assim como o peso
Imagem: iStock

Nas gestantes, é recomendável realizar uma dosagem de glicemia em jejum na primeira consulta pré-natal. Se o resultado for normal, o teste oral de tolerância à glicose deve ser realizado entre a 24ª e a 28ª semana de gravidez.

Confira todos os valores de referência do diabetes, em resumo, de acordo com a diretriz mais recente da Sociedade Brasileira de Diabetes:

Pré-diabetes

  • Glicemia em jejum de 100 mg/dl a 125 mg/dl
  • Glicemia em teste oral de tolerância à glicose (2 horas após 75 g) de 140 mg/dl a 199mg/dl
  • Hemoglobina A1c de 5,7% a 6,4%

Diabetes

  • Glicemia de jejum igual ou superior a 126 mg/dl
  • Glicemia em teste oral de tolerância à glicose (2 horas após 75g) superior a 200 mg/dl
  • Hemoglobina A1c igual ou superior a 6,5%

O diagnóstico de diabetes deve ser confirmado pela repetição da glicemia de jejum em outro dia, já que há alguns fatores capazes de interferir no nível de glicose, a não ser que o resultado acompanhe sintomas claros do diabetes.

Tratamentos

O paciente precisa ser tratado por uma equipe multidisciplinar, com endocrinologista, nutricionista, educador físico, psicólogo e outros especialistas. O principal objetivo é que a glicemia em jejum fique em torno de 100 mg/dl, e em 140 mg/dl duas horas após a refeição. Esse controle é feito por um aparelho chamado glicosímetro.

Planejamento alimentar: o primeiro passo após o diagnóstico é consultar um nutricionista, que vai elaborar um plano com base nas necessidades e preferências de cada paciente. O consumo de carboidratos, inclusive aqueles presentes em frutas, legumes e cereais, deve ser controlado, e deve-se dar preferência a itens com baixo índice glicêmico, ou seja, que não geram um pico de glicose no sangue. Nem todos os produtos diet são saudáveis para o paciente, e eles não podem ser usados à vontade.

Atividade física: realizar exercícios funciona como remédio para o diabetes, porque faz com que a glicose seja melhor aproveitada pelos músculos. As atividades aeróbicas (caminhada, corrida, natação e ciclismo) também ajudam a reduzir a gordura visceral, bastante associada à doença, e o peso. Tudo isso ajuda no controle da glicemia e na prevenção de complicações comuns, como doenças cardiovasculares e depressão. O paciente deve escolher a atividade que mais lhe agrada, e o acompanhamento por um profissional de educação física é fundamental. Exageros podem causar hipoglicemia.

Exame de sangue - iStock - iStock
A dosagem do nível de glicose no sangue (glicemia) é feita com uma simples gota de sangue
Imagem: iStock

Insulinoterapia: as injeções de insulina são indispensáveis no tipo 1 e necessárias para alguns pacientes com o tipo 2. Hoje existem canetas com agulhas finíssimas, que facilitam a aplicação e causam muito menos desconforto que antigamente. O esquema de aplicação e as doses são definidas pelo médico e também podem depender dos resultados da glicemia. Já existe uma versão insulina inalável de ação rápida, mas seu uso é limitado.

Antidiabéticos orais: esses medicamentos ajudam a manter a glicemia sob controle e possuem mecanismos de ação diferentes, como os que diminuem a produção hepática de glicose; aumentam a secreção de insulina; diminuem a velocidade de absorção dos glicídios; e/ou aumentam a utilização de glicose. A escolha dos antidiabéticos depende do perfil do paciente, da existência de doenças associadas ou possíveis interações medicamentosas. Alguns deles, por exemplo, podem ajudar na perda de peso e na proteção cardiovascular, enquanto outros são contraindicados para quem tem doença renal, e assim por diante.

É possível controlar o diabetes naturalmente?

Muitos pacientes com diabetes podem, no início, ter bons resultados apenas com dieta e exercícios, mas é importante seguir sempre a orientação médica. É preciso tomar muito cuidado com fitoterápicos que prometem baixar a glicose, chás, dietas milagrosas e jejuns que prometem tratar o diabetes naturalmente. Os especialistas esclarecem que não há evidências suficientes de que isso funcione. Existem diversos estudos científicos que demonstram benefícios de certas substâncias ou alimentos para o controle do diabetes, mas eles não substituem outras medidas.

*Informações de matéria publicada no dia 24/07/18

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