Crenças limitantes: veja o que são e 6 tipos de que você precisa se livrar
Resumo da notícia
- Crenças limitantes podem ser visões equivocadas da realidade
- São lentes com um grau severo de distorção de imagem que confunde nossas percepções
- A psicoterapia pode ajudar a reconhecer essas crenças limitantes
Ao longo da vida, desenvolvemos ideias por meio das percepções e interpretações que fazemos sobre nós mesmos, os outros e o mundo a nossa volta. É um quebra-cabeça que vai sendo montado a partir das peças que compõem o nosso aprendizado, mas nem sempre esse encaixe fica perfeito e, mesmo o que parece certo, muitas vezes, precisa ser reavaliado.
Assim acontece com as crenças limitantes que podem ser visões equivocadas da realidade, porém, a enxergamos como verdade absoluta. "O comportamento gira em função disso, com o risco de atrapalhar a reflexão e o estímulo de capacidades", diz a psicóloga comportamental Denise Pará Diniz, coordenadora do setor de gerenciamento de estresse e qualidade de vida da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
A origem de tudo
Portanto, a educação recebida, as experiências vivenciadas e as situações a qual somos expostos podem favorecer a formação de crenças limitantes. E isso pode impedir o indivíduo de vivenciar o mundo de uma forma plena, enfrentar novos desafios, desenvolver novas habilidades, expandir seu potencial de crescimento.
"Arrastamos muitas dessas crenças durante a vida, pois são profundas e arraigadas ao psiquismo e que se manifestam por meio de pensamentos, sentimentos e atitudes", relata a psicóloga Marcia Marchiori, mestre em ciências da saúde pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e especialista em Medicina Comportamental.
Para Diniz, essas crenças limitantes podem criar obstáculos para o crescimento pessoal, afinal a pessoa não consegue se libertar. "É compulsório e o paciente só recupera sua autonomia no momento em que decide avaliar e até questionar o quem vem bloqueando sua vida", acrescenta.
É preciso identificar
As crenças limitantes podem gerar pensamentos rápidos, automáticos e distorcidos que ajudam a manter um ciclo vicioso. "São lentes pelas quais fazemos a leitura de nós mesmos, dos outros e do mundo, mas que podem ter um grau severo de distorção de imagem que confunde nossas percepções levando-nos a interpretações muitos distantes da realidade, sentimentos negativos, reações, atitudes inadequadas", alerta Marchiori.
Nelas, podem estar a base do insucesso, por exemplo, a crença da incompetência que leva a pensamentos como: "não sou capaz", "não sou tão inteligente", "sou lento", "não sirvo para nada". E isso pode ser ainda alimentada por pensamentos como: "falhar é terrível ou vergonhoso", ou seja, sempre que o desafio for percebido é melhor desistir. De acordo com a terapeuta cognitivo-comportamental Maria Amélia Penido, doutora em Psicologia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e docente na PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), essa distorção de pensamento é chamada desqualificação dos aspectos positivos.
"Isso é comum em quem nasceu em uma família perfeccionista e aprendeu que, para ter valor, é preciso se esforçar ao máximo e nunca errar. E quando erra, pensa não ter valor e fica muito triste, desistindo de objetivos", exemplifica Penido. Ela completa ainda que, muitas vezes, mesmo em uma situação positiva, como passar em um concurso, a pessoa já ativa o pensamento de que foi sorte e continua desacreditada de seu valor.
Livre-se dessas crenças limitantes
A psicoterapia pode ajudar a reconhecer essas crenças para conseguir ressignificar essas ideias. "É importante compreender que a crença é uma hipótese e não um fato, dessa forma é possível refletir sobre sua consistência, importância e consequência", destaca Penido. Portanto, é essencial aprender a questionar essas crenças ou distanciar-se delas, lembrando que é apenas uma forma de enxergar as coisas.
Também é importante identificar quais crenças mais limitam para investigar sua origem. "Adote crenças fortalecedoras, defina objetivos, desafie os medos, confronte as crenças com a realidade", ensina a psicóloga Triana Portal, pós-graduada em psicologia clínica pela USP (Universidade de São Paulo) e membro da Sociedade Brasileira de Psicologia. Para ajudar a identificar algumas dessas crenças limitantes, Portal apontou as principais:
- Hereditárias: crenças adquiridas na infância, com a própria família, sendo as que tem maior poder contaminador, pois podem ser cultivadas pelo discurso: "você é lerdo", "você é burro", "se continuar assim ninguém vai gostar de você", ou pelos exemplos e acontecimentos como traições, forma de lidar com dinheiro, alimentos, tratar pessoas e animais.
- Pessoais: quem cresce ouvindo críticas provavelmente terá dificuldades em acreditar que é capaz de pleitear um cargo de trabalho ou conseguirá alcançar o sucesso. Essa pessoa sempre tem a impressão que está no lugar errado, pois absorveu sua incapacidade como verdade.
- Sociais: são as criadas pela sociedade como cultura. Esses aprendizados advindos das interações sociais somam e podem fazer parte do rol de crenças limitantes de um indivíduo.
- Lógica equivocada: a pessoa generaliza e, se não conseguiu entrar numa determinada faculdade, por exemplo, acredita que não vai entrar em nenhuma outra.
- Desculpas: "não consigo fazer ginástica porque não tenho tempo", disse a pessoa que odeia se exercitar. Diz que odeia festa, quando na verdade tem vergonha de ir para se divertir e dançar.
- Medo: argumenta que não gosta de comemorar aniversário e no fundo tem medo de planejar o evento e ninguém aparecer.
As crenças limitantes mais corriqueiras:
- 'Não tenho tempo/dinheiro'
- 'Já é tarde para começar/recomeçar'
- 'Não vou passar, conseguir, aguentar'
- 'Os outros são melhores que eu'
- 'Os outros tem privilégios/sorte que não tenho'
- 'Está bom do jeito que está, não preciso de mais'
- 'Nasci pobre e vou morrer pobre'
- 'Eu não mereço'
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