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Dani Russo diz que tem crises de pânico; saiba como ajudar quem tem ataques

Daniela Russo contou sobre suas crises de ansiedade e de pânico - Reprodução/Instagram
Daniela Russo contou sobre suas crises de ansiedade e de pânico Imagem: Reprodução/Instagram

Do VivaBem, em São Paulo

10/11/2019 16h46

A cantora Dani Russo contou em seu perfil no Instagram que sofre com crises de pânico cada vez mais fortes, na manhã deste domingo (10). "Quem me acompanha aqui sabe que já faz alguns meses que eu estou tendo algumas crises de pânico. Às vezes tenho medo de estar na rua, parece que tem alguém me perseguindo, que eu vou morrer", disse nos stories.

Russo ainda contou que já teve crises de ansiedade durante uma live, e que foi acalmada por uma fã. Os problemas, entretanto, pioraram: "Ontem eu tive uma das crises mais fortes da minha vida, fiquei a ponto de tirar minha própria vida. Uma coisa tão forte que eu não tinha controle mais, mas eu não deixei me entregar, eu sei que eu tenho Deus no coração, e eu pedi para ele tirar isso de mim, pois eu não sou isso."

A crise de ansiedade e a de pânico são duas faces do mesmo problema: a ansiedade, além daquela que é natural, diante de uma prova ou um momento difícil da vida. O transtorno do pânico é uma manifestação extrema dessa tensão, acompanhada de medo intenso da morte e outros sintomas físicos importantes, como a taquicardia e dificuldades para respirar.

"A crise clássica de pânico aparece do nada, quando a pessoa está por exemplo dormindo, e pode ser confundida com um infarto ou AVC", explica Raphael Boechat Barros, psiquiatra e professor da UnB (Universidade de Brasília). Já a ansiedade generalizada é outro transtorno da mesma "família", em que a preocupação é mais constante, com picos eventuais, mas diferentes de um ataque de pânico.

As raízes dos dois problemas ainda não estão totalmente esclarecidas, mas, no caso da ansiedade, frequentemente há um gatilho envolvido, além de certa predisposição genética. "A maioria das pessoas têm rotinas estressantes e ela pode surgir em períodos de aumento desse estresse", aponta Luciana Sarin, psiquiatra e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Ansiedade, pânico - iStock - iStock
Imagem: iStock

Sintomas do transtorno do pânico

Os especialistas afirmam que é fácil identificar quando alguém está sofrendo uma crise de pânico. Por ser uma experiência desagradável onde a pessoa sente uma sensação de medo muito intenso, pensando que vai morrer a qualquer momento, vários sintomas físicos e mentais acontecem.

"A pessoa ficando mais encolhida e apreensiva ou então muito inquieta ou agitada porque está muito amedrontada com toda essa vivência estressora que está tendo", esclarece Elton Kanomata, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein. Por ser uma crise intensa, com início muito rápido e crescente, deixa a pessoa tão assustada que acaba sendo visível para as pessoas que estão próximas.

Sem motivo aparente, o cérebro dispara um sinal de alerta para o corpo todo. "É como se fosse um curto-circuito, que provoca uma descarga de noradrenalina e adrenalina pelo organismo", explica Raphael. Essas substâncias são responsáveis, junto com outros processos, pelas manifestações físicas da crise, que duram poucos minutos e envolvem quatro ou mais dos sintomas a seguir:

  • Palpitação, coração pulsando forte ou acelerado;
  • Suor;
  • Tremores;
  • Falta de ar;
  • Sensação de desmaio;
  • Náusea ou desconforto abdominal;
  • Formigamentos;
  • Dor ou desconforto no peito;
  • Calafrios e sensação de calor;
  • Sentimentos de irrealidade;
  • Despersonalização (sentir-se fora de si mesmo);
  • Medo de perder o controle ou enlouquecer;
  • Medo de morrer.

Dificilmente o ataque ocorre só uma vez e é justamente a repetição que caracteriza o transtorno do pânico, novo nome para a antiga síndrome do pânico. "Além disso, um dos ataques deve ter sido acompanhado de um mês ou mais de preocupações persistentes com ataques adicionais ou comportamentos voltados para evitar o ataque", explica Luciana. O transtorno costuma ser tratado com remédios e precisa ser acompanhado por um psiquiatra, pois pode levar à depressão e limita muito a qualidade de vida de quem sofre com ele.

Dani se emocionou ao contar o que sentiu - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Dani se emocionou ao contar o que sentiu
Imagem: Reprodução/Instagram

Além da versão mais clássica e súbita do pânico há também a agorafobia, quando o episódio é provocado por um gatilho específico. "Geralmente, quando a pessoa está em um lugar muito cheio, ou de difícil acesso, de onde não conseguirá sair se começar a passar mal, como um túnel muito longo ou um avião, por exemplo", diferencia Raphael.

Nesse segundo caso, além do medicamento, entra em cena a terapia cognitivo-comportamental, que expõe gradativamente a pessoa ao que provoca mais medo para combater a fobia desmedida.

Gatilhos para crises de pânico

Segundo Kanomata, crises de pânico estão associadas experiências traumáticas ou estressantes, mas a ciência ainda não descobriu como surgem as crises. "Estudos de neuroimagens associam áreas específicas do cérebro que estão alteradas, se comparadas com pessoas que não sofrem de síndrome do pânico", explica o médico, que complementa que nesses estudos não existem conclusões do porquê e como se justificam essas alterações e quais são os mecanismos que levariam a gerar uma crise de pânico.

Sintomas da ansiedade

São também emocionais e físicos, mas aqui eles não duram poucos minutos. "Eles vão crescendo com o tempo, com picos de melhora ou piora", explica Barros. Quando a tensão atinge o ápice, tremedeira, suor, dores de cabeça, problemas de estômago e náusea podem aparecer.

Os emocionais, por sua vez, são bem intensos e constantes. A pessoa se sente à flor da pele, sempre irritada e a ponto de explodir. "Inquietação e sensação de estar no limite, se cansar facilmente, ter dificuldade de concentração e sentir tensão muscular constante são outros indicativos", explica Luciana. Além disso, ansiosos não dormem bem, têm insônia ou sentem que o sono não é o suficiente.

Se estes sinais estiverem presentes na maioria dos dias dos últimos seis meses, é interessante procurar um psiquiatra para investigar se o TAG (transtorno de ansiedade generalizada) se instalou. Até mesmo porque em mais de 70% dos casos ele está associado à depressão e pode levar a outros transtornos, como o próprio pânico e o TOC (transtorno obsessivo-compulsivo).

Apesar da forte relação com o estresse, a ansiedade também pode surgir por tendência genética, traumas na infância e abuso de substâncias estimulantes, como cafeína e cocaína, para citar dois exemplos. Na dúvida, consulte um especialista e não hesite em procurar ajuda. Se não controlada, o TAG leva até a doenças físicas como problemas cardíacos e hipertensão arterial.

Como ajudar alguém que está sofrendo um ataque de pânico

1. Respiração concentrada

Como a pessoa está em um momento de desespero, é natural que ela fique com a respiração curta, gerando uma hiperventilação, isto é, o pulmão recebe mais ar do que o necessário, prejudicando as trocas gasosas de oxigênio e gás carbônico. Então, em casos de crises, oriente a pessoa a fazer uma respiração quadrada, ou seja, inspira, segura o ar, expira e aguarda para respirar novamente, contando de 1 a 4 em cada etapa. Concentrar-se na respiração é uma maneira de tirar o foco da crise.

2. Questione sobre medicamentos

Pode ser que a pessoa nunca tenha tido uma crise ou pode ser que ela já faça algum tratamento para síndrome do pânico ou algum outro transtorno psiquiátrico. Perguntar a ela se é a primeira vez ou se toma alguma medicação, pode ser muito útil. Talvez a pessoa esteja com o medicamento, mas no momento da crise, não se lembre.

Geralmente psiquiatras receitam para pacientes em tratamento de doenças que possam gerar crises de pânico, ansiolíticos a base de Benzodiazepina, que, segundo a psiquiatra Denise Gobo, médica voluntária no Protoc (Programa Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo) do IPq HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria de Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), funcionam como um balde de água fria em uma fogueira: o efeito é quase que imediato. Kanomata explica, porém, que esses medicamentos podem causar dependência e por isso devem ser utilizados somente em situações pontuais.

3. Mude o foco

Crises de pânico duram entre 15 e 30 minutos e quanto mais a pessoa tirar o foco da crise e dos sintomas que está sentindo, mais rápido a crise tende a acabar. Você pode chamar a atenção para objetos do lugar onde está, pedir para que a pessoa descreva o ambiente em voz alta ou até mesmo pedir para ela preste atenção na sua voz, no que você fala.

4. Acolha e converse positivamente

Lidar com alguém que está tendo um ataque de pânico requer muita calma e paciência. Ouvir com atenção, falar de forma calma e tranquila e sem desprezar o que o indivíduo está sentindo, é fundamental, afinal a pessoa, além de estar com medo, pode estar achando que vai morrer a qualquer momento. Falar que a crise irá passar logo, assim como as outras crises, caso ela já tenha tido outras antes e falar mensagens positivas, sempre respeitando o que a pessoa está sentindo, também pode ajudar.

5. Oriente a busca por ajuda médica

Caso seja a primeira vez que a pessoa esteja tendo uma crise, é indicado que ela seja encaminhada para auxílio médico imediatamente. É possível também que, mesmo com crises eventuais ou constantes, a pessoa não esteja fazendo algum tratamento médico para descobrir o que pode estar gerando as crises. Nestes casos, orientar a ida ao médico é fundamental, já que nem toda crise de pânico está relacionada com doenças psíquicas.

*Informações de matérias publicadas nos dias 19/03/18 e 03/10/19