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Estudo publicado na Science afirma como boa noite de sono previne Alzheimer

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

De Viva Bem, em São Paulo

01/11/2019 18h48

Em estudo publicado pela revista Science, cientistas confirmaram a tese de que uma boa noite de sono faz bem para a saúde, mas, ainda além, pode ser a chave para prevenir a doença de Alzheimer.

Os pesquisadores descobriram que nossos cérebros são enxaguados ritmicamente com um líquido todas as vezes em que dormimos à noite. A partir disso, foi constatado que esse processo desempenha um papel importante para manter as funções cognitivas nítidas, as quais em estado contrário podem ser associadas a distúrbios do sono e condições degenerativas.

Publicado ontem, o estudo foi baseado no comportamento de 11 voluntários adormecidos e monitorados por exames de ressonância magnética. Descobriu-se então que, para isso acontecer, tudo começa quando as células cerebrais reduzem sua atividade elétrica durante o sono e em seguida uma certa quantidade de sangue flui da cabeça para o corpo.

Esse fluxo de sangue abaixa a pressão permitindo que o líquido cefalorraquidiano (LCR) flua para dentro do cérebro em ondas rítmicas e pulsantes. Esse movimento revela a estreita associação, até então desconhecida, entre as atividades das ondas cerebrais e o fluxo sanguíneo.

"Sabemos há algum tempo que existem ondas elétricas de atividade nos neurônios. Mas, até agora, não percebemos que também existem ondas no líquido cefalorraquidiano", afirmou Laura Lewis, professora assistente de engenharia biomédica da Universidade de Boston e coautora do artigo.

As descobertas corroboram estudos anteriores, que sugeriram que o líquido cefalorraquidiano e a atividade das ondas cerebrais podem ajudar a liberar proteínas tóxicas que prejudicam a memória do cérebro.

À medida que as pessoas envelhecem, parece que seus cérebros tendem a gerar menos ondas cerebrais mais lentas. Por sua vez, isso pode afetar o fluxo sanguíneo no cérebro e reduzir a pulsação do líquido cefalorraquidiano durante o sono, levando a um acúmulo de proteínas tóxicas e a um declínio nas faculdades, como a memória.

A equipe responsável pela descoberta de ontem planeja agora explorar como o processo de lavagem cerebral é controlado: "A mudança neural sempre parece acontecer primeiro, e depois é seguida por um fluxo de sangue da cabeça e, em seguida, uma onda de LCR na cabeça", complementa.

Uma explicação pode ser que, quando as células do cérebro se tornam menos ativas, elas requerem menos oxigênio, de modo que o sangue sai da área. A pressão no cérebro diminui e o líquido cefalorraquidiano flui rapidamente para manter a pressão em um nível seguro.

"Mas essa é apenas uma possibilidade", disse Lewis. "Quais são os elos causais? Um desses processos está causando os outros? Ou existe alguma força oculta que está dirigindo todos eles?".

Estudos anteriores envolvendo animais indicaram que um dos resíduos retirados do cérebro durante o sono é a beta amiloide, uma proteína intimamente associada à doença de Alzheimer. A lavagem do cérebro ocorre durante o que é conhecido como sono não REM, logo após a pessoa repousar.